O ano de 2023 finalmente chegou ao fim, e é com muito louvor (e cansaço) que eu deixo aqui a minha lista com os 30 filmes do ano que eu mais gostei (um pouco atrasado), fazendo breves comentários sobre cada um deles com o intuito de deixar a curiosidade de todos instigada.

OBS: Essa lista segue o gosto pessoal do redator, e não representa a opinião geral do site Fórum Nerd.

Gostaria de destacar também que obviamente não assisti todos os filmes do ano, e alguns lançamentos muito aguardados por mim e que poderiam estar nessa lista, como: Pobres CriaturasThe Boy and the HeronThe Iron ClawAmerican FictionPerfect DaysLa ChimeraZona de Interesse e All of Us Strangers, não foram disponibilizados para aluguel digital ou lançados nos cinemas brasileiros. Vamos então para a lista, passando rapidamente por algumas menções honrosas que não couberam na lista.

Menções Honrosas:

Passagens (Dir: Ira Sachs), O Homem dos Sonhos (Dir: Kristoffer Borgli), O Conde (Dir: Pablo Larraín), Skinamarink - Canção de Ninar (Dir: Kyle Edward Ball), Nimona (Dir: Nick Bruno e Troy Quane), The Caine Mutiny Court-Martial (Dir: William Friedkin), Acampamento de Teatro (Dir: Molly Gordon e Nick Lieberman), Peter Pan e Wendy (Dir: David Lowery) e Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes (Dir: Jonathan Goldstein e John Francis Daley).

30. Priscilla (Dir: Sofia Coppola)

Quando a adolescente Priscilla Beaulieu conhece Elvis Presley em uma festa, o homem que é uma estrela meteórica do rock se torna alguém totalmente inesperado em momentos íntimos.

Sou um grande fã da diretora Sofia Coppola (Encontros e Desencontros, As Virgens Suicidas), então fiquei muito intrigado por ver que ela ia comandar uma cinebiografia de Priscilla Presley, sendo que em 2022 tivemos o filme do rei do rock contando muito bem a vida dele.

Um interessantíssimo retrato tanto da vida de Priscilla quanto de Elvis, interpretados muito bem por Cailee Spaeny (Mare of Easttown, Suprema) e Jacob Elordi (Euphoria, Saltburn) mostrando como o relacionamento dos dois não era esse conto de fadas, e que decisões drásticas na juventude podem sim te assombrar pelo resto da vida. Não é o melhor filme da diretora, mas mostra que ela continua acertando e mantendo o seu estilo único.

Atualmente em cartaz nos cinemas, o filme chegará em breve ao catálogo da Mubi. Leia a nossa crítica completa aqui.

29. Nosso Sonho (Dir: Eduardo Albergaria)

“Nosso Sonho” é uma cinebiografia de “Claudinho e Buchecha”, dupla de maior sucesso do funk melody nacional de todos os tempos e ícone máximo do gênero na música brasileira. A história de uma amizade que se transforma em força de superação e conquista. Um filme que mostra como o ritmo e a poesia da periferia conquistaram o Brasil. Uma história real repleta de fantasia. Um musical, emocionante e divertido, feito de drama e tragédias, mas também de humor, surpresas e redenção.

2023 veio (mais uma vez) acabar com o mito de que a produção audiovisual brasileira é ruim ou não tem potencial algum. A cinebiografia da dupla Claudinho e Buchecha é uma das grandes surpresas do ano que vai arrebatar o seu coração, sendo uma das raras cinebiografias atuais que realmente vale assistir.

É curioso como o longa do diretor Eduardo Albergaria (Happy Hour: Verdades e Consequências, Paysandú - 100 anos de payxão) consegue dar uma aula para diversas cinebiografias atuais de como sair da caixinha e adaptar histórias reais saindo do molde hollywoodiano, mostrando a vida e grandes momentos da carreira da dupla, ao mesmo tempo em que traz uma emoção genuína e um diferencial visual. Toda a conquista do filme é mérito também da dupla brilhante de atores Juan Paiva (M-8: Quando a Morte Socorre a Vida, Totalmente Demais) e Lucas Penteado (Barba, Cabelo e Bigode), que dão um show de atuação.

Disponível no Telecine Play, você pode ler a nossa crítica completa do filme aqui.

28. Missão: Impossível - Acerto de Contas Parte 1 (Mission: Impossible - Dead Reckoning Part One, Dir: Christopher McQuarrie)

O agente Ethan Hunt vai se arriscar em mais uma aventura. O personagem é avisado que precisa escolher um lado. Assim como nos outros longas, para completar seus objetivos, o agente passa por muitos obstáculos e cenas alucinantes de ação: como correr em um trem em movimento, pular de um penhasco com uma moto, perseguições de carro e muito mais.

Se você é fã de filmes de ação e espionagem, não tem como não gostar da franquia Missão: Impossível (que inclusive comentamos todinha em um podcast). A saga de ação protagonizada por Tom Cruise  (De Olhos Bem Fechados, Top Gun: Maverick) chega ao seu ousado sétimo capítulo, que continua grandioso, cheio de reviravoltas, cenas de ação de tirar o fôlego, atuações a cima da média e um escopo enorme.

Christopher McQuarrie (Missão: Impossível: Efeito Fallout), que comandou os últimos dois filmes da franquia retorna para dirigir o sétimo (e oitavo) filme filme da franquia, provando mais uma vez que é um diretor pra lá de competente. Posso não ter morrido de amores e achar a ideia de dividir o filme em duas partes um pouco prepotente, mas ainda é um grande blockbuster de ação que merece ser visto.

O filme não está disponível em nenhum serviço de streaming no momento.

27. As Tartarugas Ninja: Caos Mutante (Teenage Mutant Ninja Turtles: Mutant Mayhem, Dir: Jeff Rowe)

Após anos se escondendo dos humanos, os irmãos mutantes decidem fazer atos heroicos para tentar conquistar os corações dos nova-iorquinos e serem aceitos como adolescentes normais. Com a ajuda de uma nova amiga, April O'Neil, eles enfrentarão um misterioso sindicato do crime, mas a situação logo se complica quando eles libertam um exército de mutantes.

Um dos queridinhos do ano no campo das animações, gosto muito do universo das Tartarugas mas infelizmente tenho que admitir que não amei tanto assim o longa como o resto das pessoas. Não me levem a mal, ainda acho um grande filme e uma das melhores animações do ano, cheio de personalidade e um traço único que mescla esse estilo atual criado por Aranhaverso com uma sujeira e rabiscos mais naturais.

Também é muito bom ver a dinâmica das tartarugas, com eles pela primeira vez agindo de fato como adolescentes modernos fazendo piadas a cada segundo e sabe, tendo preocupações genuínas e condizentes com o de pessoas de suas idades. Apesar dos vilões fracos, a caracterização de todos foi certeira e cria um futuro radiante para a franquia como a muito tempo não se via, e muito disso é mérito dos produtores e principalmente do diretor Jeff Rowe (Gravity Falls, A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas), que oficialmente voltará para trabalhar na sequência.

Embora não esteja disponível em nenhum serviço de streaming, você pode ler a nossa crítica do filme clicando aqui.

26. Flora e Filho - Música em Família (Flora and Son, Dir: John Carney)

Flora, uma mãe solo, não sabe o que fazer com Max, o filho adolescente rebelde. Quando a polícia sugere a Flora encontrar um hobby para Max, ela entrega a ele um violão surrado. Com a ajuda de um músico fracassado de LA, Flora e Max descobrem o poder de transformação da música.

Todos tem relacionamentos complicados com os pais por qualquer motivo que seja. E a música é algo que consegue quebrar todas as barreiras e unir todos (desculpa a frase clichê, mas bizarramente ela combina com o filme).

Essa linda história de mãe e filho que começam a se conectar mais através da música não é nada fora da caixinha ou revolucionário, mas o diretor John Carney (Sing Street: Música e Sonho, Apenas uma Vez), que eu gosto BASTANTE, sabe conduzir essa história no tempo certo e da forma certa. Como eu queria que outros diretores soubessem ter o controle desse cara e a mesma paixão que ele tem pela música.

O filme está disponível no catálogo da Apple TV+.

25. Ninguém Vai Te Salvar (No One Will Save You, Dir: Brian Duffield)

A trama segue Brynn Adams, uma jovem que trabalha como costureira e que ainda mora na casa de sua infância. Sem ninguém no mundo, ela sofre com a perda de sua mãe, Sarah, e de sua melhor amiga, Maude, levando um estilo de vida recluso. Para piorar a situação, a garota ainda sofre de transtorno de ansiedade, sendo alienada de sua comunidade. Certa noite, Brynn acorda por conta de ruídos estranhos dentro de sua casa e acaba descobrindo que intrusos estão presentes. Em meio a um confronto repleto de ação, a protagonista terá que lutar por sua sobrevivência, mesmo que isso signifique lidar com seu passado.

Se eu fosse fazer uma lista das maiores surpresas do ano, esse aqui estaria talvez em primeiro lugar. Não exatamente pela sua qualidade, mas por ser um filme direto para streaming (de um streaming nem tão popular) que veio do absoluto nada e entregou um filme bem intrigante com uma proposta muito legal: um filme inteiro sem qualquer fala ou linha de diálogo.

Um filme de et bem dirigido por Brian Duffield, com uma ótima atuação de Kaitlyn Dever (Fora de Série, Dopesick), bons efeitos e sem qualquer diálogo é o que eu chamaria de um bom filme de terror. As vezes esse recurso de não ter diálogos priva o filme de um desenvolvimento maior da história e parece ser só uma muleta pra justificar coisas, mas não deixa de ser um longa bem legal.

Disponível no catálogo do Star+, leia a nossa crítica completa do filme clicando aqui.

24. Gridman Universe (Dir: Akira Amemiya)

Um ano se passou desde os eventos do SSSS.Gridman. O mundo está em paz e ninguém, exceto Rikka e Utsumi, se lembra do kaiju, Gridman ou Akane Shinjou. Isso inclui Yuuta, que apesar de servir como anfitrião de Gridman, não se lembra dos momentos mais importantes de sua vida. Então, quando um novo Kaiju aparece, ele aproveita a chance de provar a si mesmo que ele também pode ser o herói, fundindo-se com Gridman mais uma vez.

​Não suporto tokusatsus e nem sou o maior entusiastas em animes e mangás de mecha, mas quando um anime de "SSSS. Gridman", que reinventa um não tão popular tokusatsu estreou em 2018, fiquei apaixonado pelo universo, muito por conta da ótima direção de Akira Amemiya e do nome do estúdio TRIGGER por trás.

Amemiya então retorna com o filme que dá conclusão a saga de Gridman e "SSSS. Dynazenon", com um final satisfatório recheado de personagens carismáticos e momentos empolgantes. Tirando o vilão do filme que só existe para criar o conflito, diria que é uma recomendação maior para quem assistiu as séries animadas, que recomendo bastante.

O filme não está disponível em nenhum serviço de streaming no momento.

23. A Thousand and One (Dir: A.V. Rockwell)

Depois que Inez sai da cadeia e sequestra seu filho Terry do sistema de adoção, mãe e filho partem para recuperar seu senso de lar, identidade e estabilidade numa cidade de Nova York em processo de rápida mudança.

Existem dois filmes que vieram quase que do nada e acertaram como uma facada no peito, e "A Thousand and One", da diretora estreante A.V. Rockwell é um deles, não estando nos radares de muitos, mas que merecia estar.

Se houver justiça Teyana Taylor (Um Príncipe em Nova York 2) será indicada ao Oscar pela sua brilhante performance, que do começo ao fim é carregada de sentimento e tragédia. Um filme que parece ser só um "drama trágico qualquer" como já vimos dezenas de vezes, mas trás consigo uma das maiores reviravoltas do ano que vai com toda a certeza te quebrar.

O filme não está disponível em nenhum serviço de streaming no momento.

22. A Morte do Demônio: A Ascensão (Evil Dead Rise, Dir: Lee Cronin)

Um conto distorcido de duas irmãs distantes cujo reencontro é interrompido pela ascensão de demônios possuidores de carne, empurrando-os em uma batalha primária pela sobrevivência enquanto enfrentam a versão mais terrível de família que se possa imaginar.

A essa altura do campeonato podemos condecorar a franquia Evil Dead como a melhor do gênero do horror, com todos os filmes sendo incríveis (e isso não está aberto a debates). Essa retomada da franquia (que estava 10 anos sem um filme novo) conseguiu ser o mais brutal e sangrento capítulo da saga,   

Toda a criatividade visual, humor, brincadeiras e loucuras foram mantidas pelo diretor Lee Cronin  (The Hole in the Ground, Ghost Train), com uma história bem interessante que te faz ficar apegado pela família principal. Um dos grandes filmes de terror do ano.

Disponível no catálogo da HBO Max, leia a nossa crítica do filme aqui.

21. Clonaram Tyrone! (They Clone Tyrone, Dir: Juel Taylor)

Uma série de eventos misteriosos coloca um trio improvável na trilha de uma conspiração nefasta do governo.

Um longa que brinca com o gênero blaxploitation que se popularizou nos anos 70, aqui temos uma intrigante trama protagonizada pelo trio John Boyega (Star Wars: Os Últimos Jedi, Ataque ao Prédio), Jamie Foxx (Django: Livre, Em Ritmo de Fuga) e Teyonah Parris (WandaVision, Se a Rua Beale Falasse) que me deixou curioso do começo ao fim.

O estreante Juel Taylor faz um filme visualmente deslumbrante que tem uma trama que parece simples de começo mas vai se transformando em algo sombrio e repleto de críticas sociais. O trio principal é a definição de carisma e tem uma dinâmica única, que destoa do tom sombrio da história de forma proposital.

O filme está disponível no catálogo da Netflix.

20. Wonka (Dir: Paul King)

Um jovem Willy Wonka cheio de ideias está determinado a mudar o mundo a cada deliciosa mordida de seu chocolate, uma atrás da outra, provando que as melhores coisas da vida sempre começam com um sonho.

O diretor Paul King (As Aventuras de Paddington, Paddington 2) é um rei (sinto muito mas tinha que tirar esse trocadilho horrível do meu peito). Ele já se provou como um grande cineasta com os impressionantes filmes de Paddington, e agora faz o que seria um filme sem qualquer interesse 9sério, quem diabos queria um filme de origem do Willy Wonka???) em um dos filmes mais doces e divertidos do ano.

Não é perfeito, mas o visual, músicas legais e o carisma de Timothée Chalamet (Duna, Adoráveis Mulheres) fazem tudo valer a pena. Por ser um filme infantil, me faz relevar alguns problemas e exageros, e o final emocionante realmente me pegou.

Atualmente em cartaz nos cinemas, você pode ler a nossa crítica do filme aqui.

19. Fale Comigo (Talk To Me, Dir: Danny e Michael Phillipou)

Quando um grupo de amigos descobre como conjurar espíritos usando uma mão embalsamada, eles ficam viciados na nova emoção, até que um deles vai longe demais e libera terríveis forças sobrenaturais.

O meu filme de terror favorito do ano, ele é aterrorizante e sabe brincar com um novo conceito sendo inventivo na hora de filmar e tratar de cenas envolvendo possessão. Não só é uma história sobre luto, mas como o uso de drogas pode destruir você e aqueles que te cercam (sem ser uma propaganda careta contra drogas).

Quem diria que a dupla de youtubers Danny Philippou e Michael Philippou do canal RackaRacka  iriam entregar um trabalho tão interessante na suas estreias como diretores, dois nomes que irei colocar no meu caderninho e ficar de olho em possíveis futuros trabalhos. Ah, destaque também para Sophie Wilde (Vocês Não Me Conhecem, Tudo Para Ontem) que entregou uma grande interpretação.

O filme não está disponível em nenhum serviço de streamings no momento. Leia a nossa crítica do filme aqui.

18. Rye Lane: Um Amor Inesperado (Rye Lane, Dir: Raine Allen-Miller)

Dois jovens se recuperando de separações ruins que se conectam durante um dia agitado no sul de Londres.

Uma comédia romântica de alto nível que é uma das melhores e mais criativas que eu vi nos últimos anos. A dupla de protagonistas David Jonsson (Industry) e Vivian Oparah (I May Destroy You) são carismáticos demais e juntos tem uma química impecável que te faz torcer por eles.

A fotografia é belíssima, as roupas, cores e iluminação fazem dele um dos filmes visualmente mais agradáveis do ano. Fiquei com um sorriso no rosto o tempo todo, e um ótimo trabalho de estreia da diretora Raine Allen-Miller (olha só, mais uma estreante a marcar presença aqui).

O filme está disponível no catálogo do Star+

17. Vidas Passadas (Past Lives, Dir: Celine Song)

Nora e Hae Sung, dois amigos de infância profundamente conectados, se separam depois que a família de Nora decide sair da Coreia do Sul. Vinte anos depois, eles se reencontram em Nova York para uma semana fatídica.

Um lindo estudo de personagens e da nossa vida humana, mostrando como o tempo pode apagar feridas mas mesmo assim reabrir elas a qualquer momento. Um belo trabalho da roteirista Celine Song (A Roda do Tempo) que estreia aqui como diretora acompanhado de uma das melhores atuações do ano, que é da atriz Greta Lee (Boneca Russa, The Morning Show).

Esse talvez seja o filme indie mais aclamado do ano, e mesmo não tendo batido forte comigo da mesma forma que bateu com as pessoas, é uma experiência única que me deixou reflexivo por semanas. Absolutamente tudo nele é belo, a direção, atuações, fotografia... Enfim, um grande filme que merece todo o amor que vêm recebendo.

O filme não está disponível em nenhum serviço de streamings no momento.

16. Segredos de um Escândalo (May December, Dir: Todd Haynes)

20 anos após um grande romance midiático, um casal enfrenta a pressão quando uma atriz viaja até seu lar para se preparar para um filme sobre o passado deles.

Sabendo quase nada do filme, fui surpreendido de uma forma gigante ao ver sobre o que de fato esse filme se tratava. Uma história bem intimista e real de como nos utilizamos e transformamos a vida pessoal das pessoas em um grande circo para entreter a nossa vida, sem se preocupar nos traumas e problemas que os outros passam.

Esse drama fortíssimo do diretor Todd Haynes (Carol, Velvet Goldmine) conta com interpretações magnificas do trio Natalie Portman (Cisne Negro, V de Vingança), Julianne Moore (Longe do Paraíso, Para Sempre Alice) e Charles Melton (Riverdale, Poker Face), e é um filme bem difícil de se assistir em momentos por tudo que ele aborda.

O filme chega aos cinemas brasileiros no dia 18 de Janeiro deste ano.

15. The Teachers' Lounge (Das Lehrerzimmer, Dir: Ilker Çatak)

Carla é professora de matemática e nova em sua escola. Assim que ela chega, ela percebe que há roubo acontecendo lá. Agora ela poderia aceitar essa situação, mas é exatamente isso que ela não quer fazer. Ela começa a investigar e se depara com a falta de compreensão, principalmente entre seus colegas, pais e alunos. Além disso, a principal suspeita é a mãe de seu aluno Oskar.

O filme alemão que é um dos favoritos do ano para representar o país nas premiações apresenta uma história bem complexa sobre a natureza da verdade e até que ponto devemos julgar as pessoas. É um filme que me deixou aflito por ser uma situação bem delicada e não ter uma forma fácil de se resolver, com o problema escalando e virando uma grande bola de neve.

Embora tenha uma conclusão aberta com um final ambíguo mal resolvido, a trama é muito bem comandada pelo diretor Ilker Çatak (I Was, I Am, I Will Be), que tem uma grande atuação de Leonie Benesch (A Fita Branca, The Crown).

O filme não está disponível em nenhum serviço de streaming no momento.

14. Os Rejeitados (The Holdovers, Dir: Alexander Payne)

O odiado professor da Deerfield Academy, Paul Hunham, é encarregado de supervisionar Angus, um aluno inteligente e rebelde incapaz de voltar para casa no Natal. Juntando-se a eles está Mary, a cozinheira-chefe da escola.

Já dá pra dizer que esse será um futuro clássico filme que as pessoas vão assistir no Natal. Todo o clima e as mensagens revigorantes que o filme espalha são bem óbvias e batem bem no espectador quando querem, sem falar na parte cômica que também é bem efetiva.

Uma história bem emocionante e doce que é carregada pelo forte roteiro e atuações soberbas do trio principal Paul Giamatti (O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro, 12 Anos de Escravidão), Da'Vine Joy Randolph (Meu Nome é Dolemite, Cidade Perdida) e Dominic Sessa, que com toda a certeza serão indicados a prêmios e pelo menos um deles vai levar uma estatueta do Oscar para casa.

O filme chega aos cinemas brasileiros no dia 11 de Janeiro deste ano.

13. O Assassino (The Killer, Dir: David Fincher)

Na trama, acompanhamos um assassino solitário, calculista e impiedoso que é forçado a lidar com as consequências de um erro catastrófico cometido por ele durante um de seus serviços. Ele sempre conseguiu se manter livre de arrependimentos e com uma postura totalmente fria e metódica, mas agora que o incidente o colocou exatamente no centro de uma caçada internacional por sua cabeça, o assassino começa a desconfiar de todos aqueles que estão ao seu redor - incluindo até mesmo os que o procuram para contratá-lo.

David Fincher (Garota Exemplar, Clube da Luta) é um grande cineasta que dispensa comentários.  Aqui vemos ele voltando ao gênero que domina e explorando a mente deste assassino impiedoso que visa atingir os seus objetivos seguindo a risca o seu código moral.

Michael Fassbender (X-Men: Primeira Classe, Bastardos Inglórios) está muito bem no papel do assassino sem nome, mas o que eu mais gosto neste longa de Fincher (que é inclusive uma adaptação de quadrinhos) é como ele mostra como o trabalho de um assassino pode ser chato, abordando toda a parte em que ele fica de tocaia horas esperando a vítima, ou seus deslizes e falhas. Não é o melhor filme do cineasta, mas é mais um trabalho bem a cima da média dele.

Disponível no catálogo da Netflix, leia a nossa crítica completa do filme clicando aqui.

12. Anatomia de uma Queda (Anatomy of a Fall, Dir: Justine Triet)

Sandra, Samuel e seu filho deficiente visual Daniel, moram em um local remoto nas montanhas há um ano. Quando Samuel é encontrado morto fora de casa, inicia-se uma investigação de morte em circunstâncias suspeitas. Em meio à incerteza, Sandra é indiciada: foi suicídio ou homicídio? Um ano depois, Daniel assiste ao julgamento de sua mãe, uma verdadeira dissecação do relacionamento de seus pais.

Um suspense e filme de tribunal francês (inclusive não sabia que os julgamentos franceses eram tão selvagens e insanos assim) muito bem trabalhado pela diretora e roteirista Justine Triet (Sibyl) que expõe o pior de um relacionamento de pessoas que vivem o pior de uma relação mutualmente abusiva.

Acho que o mais impressionante desse filme, além da atuação magnífica de Sandra Hüller (Zona de Interesse, As Faces de Toni Erdmann), e do cachorro, é a forma como a narrativa e o mistério são conduzidos pela diretora, e o final ambíguo aberto a várias interpretações que é feito da forma correta que não te deixa extremamente bravo.

O filme não está disponível em nenhum serviço de streaming no momento.

11. Retratos Fantasmas (Dir: Kleber Mendonça Filho)

O filme se passa no centro de Recife, no passado e agora, entre o Cinema Veneza, em duas pontes e o Cinema São Luiz.

Depois desse lindo documentário brasileiro do excelente diretor Kleber Mendonça Filho (Bacurau, Aquarius) me fez ver que realmente no fim tudo está destinado a virar uma farmácia, e que eu também odeio farmácias. 

Não tem como não se emocionar, principalmente se você gosta de cinema. Uma aula de história, de cinema e humanidade (aquela parte falando de como os cinemas serviam como abrigo de nazistas...). É realmente uma pena que esse filme acabou não chegando a pré-lista do Oscar, mas não dá pra esperar muito de norte-americano quando se trata dessas coisas mesmo. Ah, e viva seu Alexandre, por mais pessoas como ele.

O filme está atualmente disponível no catálogo da Netflix.

10. Barbie (Dir: Greta Gerwig)

Viver na Terra da Barbie é ser um ser perfeito em um lugar perfeito. A menos que você tenha uma crise existencial completa. Ou que você seja um Ken.

Todos já sabemos que o maior fenômeno do ano nos cinemas tem nome: Barbie. O longa da ótima diretora, roteirista e atriz Greta Gerwig (Adoráveis Mulheres, Lady Bird) gerou... muita discussão e comentários opostos, principalmente por ter abrangido um público tão largo e diverso.

Com um elenco estelar, Margot Robbie (Era Uma Vez em... Hollywood, O Esquadrão Suicida) e Ryan Gosling (Blade Runner 2049, La La Land: Cantando Estações) roubam cada cena. Absolutamente tudo nesse filme é interessante, desde os cenários criativos, comentários provocativos, interpretações, momentos emocionantes e arcos de personagens. Enfim, é um filme que pode ser resumido com a frase: "Grande bobajada criativa e com pitadas de genialidade". Merece todo o sucesso e clamor que recebeu.

Disponível no catálogo da HBO Max/Max, você pode ler a nossa crítica do filme clicando aqui.

9. Homem-Aranha: Através do Aranhaverso (Spider-Man: Across the Spider-Verse, Dir: Joaquim Dos Santos, Justin K. Thompson e Kemp Powers)

Viajando pelo multiverso, Miles Morales conhece um novo time de Pessoas-Aranha, formado por heróis de diversas dimensões. Mas quando os heróis entram em conflito sobre como lidar com uma nova ameaça, Miles se vê em um impasse.

"Homem-Aranha: No Aranhaverso" é uma obra-prima do cinema e da animação, sendo sem sacanagem um dos melhores filmes da década passada. Dito isso, a sequência ficou um pouco a baixo do original, mas ainda mantem muitas das qualidades de seu antecessor.

A jornada de Miles se intensifica ainda mais, com várias reviravoltas surgindo e novos dramas que deixam esse universo ainda mais interessante. A animação e direção de arte continuam um desbunde, cada frame é uma obra de arte e poderia ser exibida em um museu. É um dos poucos filmes que sabe abraçar e trabalhar o multiverso de forma série trazendo tanto fanservice como um desenvolvimento sério para a história, e que história incrível por sinal. Mal posso esperar para ver a continuação que vai encerrar essa saga, mas tomara que dessa vez os animadores sejam tratados de uma forma melhor.

Disponível no catálogo da HBO Max/Max, leia a nossa crítica do filme clicando aqui.

8. John Wick 4 - Baba Yaga (John Wick: Chapter 4, Dir: Chad Stahelski)

John Wick descobre um modo para derrotar a Alta Cúpula. Mas, antes que possa conquistar a sua liberdade, Wick deve enfrentar um novo inimigo com alianças poderosas no mundo todo e forças que transformam velhos amigos em inimigos.

Hoje a melhor franquia de ação de Hollywood tem nome: John Wick. Esses filmes de ação estrelado por Keanu Reeves (Matrix, Velocidade Máxima) e comandados pelo ótimo diretor Chad Stahelski  sempre inovam na ação e criaram um universo original bem consolidado. Esse (que tudo indica ser o capítulo final da saga principal) não só encerra tudo com chave de ouro mas com um dos blockbusters mais bonitos que eu já vi nos últimos anos, sério o que esse filme é visualmente lindo é sacanagem.

O maior problema de John Wick é que a cada filme as cenas de ação vão ficando melhores, ao ponto de virar um grande desafio superar o anterior. Esse aqui consegue se superar na ação, mas um de seus maiores defeitos é ficar refém disso e fazer infinitas sequências de ação que não terminam e se estendem mais do que deviam. Pelo menos encerra muito bem a história do protagonista com um filme repleto de personagens incríveis.

Disponível no catálogo da Amazon Prime Vídeo, leia a nossa crítica do filme clicando aqui.

7. Asteroid City (Dir: Wes Anderson)

Uma família, após o carro quebrar, fica "presa" em Asteroid City, cidade norte-americana onde se comemora o Dia do Asteroide e onde aspectos relacionados ao espaço sideral são levados muito a sério.

Amo o cinema de Wes Anderson (Ilha de Cachorros, O Grande Hotel Budapeste), que até hoje fez apenas um filme que me decepcionou. Mas tenho que admitir que estava um pouco saturado de suas obras e sentia que ele estava ficando preguiçoso e quase virando uma caricatura de si próprio. Então o homem lançou "Asteroid City" e calou completamente a minha boca.

Sei que é um de seus filmes mais divisivos e tem um ritmo arrastado que dói, mas a execução dessa história bizarra tem todo o puro suco de seus filmes (pro bem ou pro mal) elevado a décima potência, trazendo um dos filmes mais fascinantes de sua carreira que tem toda a bizarrice e elementos que ele é conhecido, sendo um grande estudo da sociedade americana e do mundo do cinema/teatro. Ah, e o visual é simplesmente único, como de costume em suas obras.

O filme não está disponível em nenhum serviço de streaming no momento.

6. Guardiões da Galáxia Vol. 3 (Guardians of the Galaxy Vol. 3, Dir: James Gunn)

Após a perda de Gamora, Peter Quill ainda está chateado e deve reunir os Guardiões da Galáxia em uma missão para defender o universo e proteger Rocket.

Os Guardiões da Galáxia tem uma das trajetórias mais incrivelmente casadas com o cerne de uma equipe que eu já vi. São um grupo de personagens outsiders que do nada foram juntados em uma formação dos quadrinhos antigos da Marvel que ninguém liga, em uma revista que não fez tanto sucesso, anos depois foi misteriosamente escolhida pra ser adaptada nos cinemas dentro do MCU, e se tornou um sucesso e conquistou o coração de todo mundo. Bizarro né?

James Gunn (O Esquadrão Suicida, Pacificador) comanda muito bem essa trilogia, e encerra com chave de ouro essa emocional jornada desses personagens tão amados. Por horas o roteiro de Gunn é covarde e tenta te fazer chorar a força, mas na maioria das vezes tem êxito de forma natural. Enfim, acho que é um dos grandes blockbusters do ano e o último grande filme filme da Marvel por um bom tempo.

Disponível no catálogo do Disney+, leia a nossa crítica do filme clicando aqui.

5. Godzilla Minus One (Dir: Takashi Yamazaki)

Em um Japão social e economicamente devastado após o término da Segunda Guerra Mundial, a situação chega a um nível ainda mais crítico quando uma gigantesca e misteriosa criatura surge do mar para assolar o país.

A surpresa definitiva do ano, é um filme incrível sobre o Godzilla (com efeitos e uma produção de primeira) que serve como pano de fundo para abordar a crise de Japão e as consequências brutais da guerra.

O filme comandado pelo diretor Takashi Yamazaki (Lupin III: O Primeiro, Kiseijuu) é uma aula de como fazer um filme do Godzilla (alô Estados Unidos cof cof), e é um dos meus filmes favoritos do lagartão, onde veja só, o núcleo humano é uma das coisas mais interessantes por terem dramas sensíveis e palpáveis.

O filme não está disponível em nenhum serviço de streaming no momento, mas você pode ler a nossa crítica clicando aqui.

4. Crescendo Juntas (Are You There God? It's Me, Margaret., Dir: Kelly Fremon Craig)

Filha de pais de diferentes religiões (sua mãe é cristã e o pai judeu), Margaret é uma garota que nunca recebeu ensinamentos religiosos, e parte em busca de uma religião para seguir. Ao mesmo tempo, precisa lidar com os típicos problemas de uma adolescente no início da puberdade, com as mudanças em seu corpo e a atração por garotos da escola.

Admito que em comparação com os outros filmes, esse ficaria bem mais a baixo se dependesse da qualidade geral. Mas é de longe um dos filmes mais doces e que conversou muito comigo, se tornando um dos meus queridinhos do ano que com toda a certeza irei rever sempre que estiver me sentindo mal.

Quem nunca passou pelos mesmos problemas de Margaret? É muito fácil se apegar a ela e os dramas de sua família, em um filme recheado de grandes atores e atuações de primeira. Uma grata surpresa da diretora Kelly Fremon Craig (Quase 18), a quem eu nunca liguei muito mas agora irei com toda a certeza acompanhar a sua carreira.

Disponível no catálogo da HBO Max/Max, leia a nossa crítica do filme clicando aqui.

3. Oppenheimer (Dir: Christopher Nolan)

A história do cientista americano J. Robert Oppenheimer e o seu papel no desenvolvimento da bomba atômica.

Christopher Nolan (A Origem, Batman: O Cavaleiro das Trevas) apesar dos pesares é sim um grande diretor. Quando ele anunciou que estava fazendo uma cinebiografia do criador da bomba atômica, tive minhas dúvidas se ele conseguiria abordar bem essa história. Ele não só acerou na mosca, como fez uma das grandes experiências cinematográficas do ano, com um elenco sem fim protagonizado pelo excelente, e futuro vencedor do Oscar, Cillian Murphy (Batman: Begins, Peaky Blinders).

É claro que o lançamento deste filme junto de "Barbie" tomou todas as conversas da cultura pop no ano, mas a potência que é contada essa história de um dos homens mais importantes da humanidade é sem escala, e Nolan aborda tudo isso de diferentes ângulos. A principal é a perspectiva de Oppenheimer enquanto um homem da ciência, e logo se torna em um julgamento de suas ações, com um dos finais mais devastadores do ano. Arrisco a dizer que esse pode ser o melhor (ou pelo menos segundo melhor) filme da carreira do cineasta.

O filme não está disponível em nenhum serviço de streaming no momento, mas você pode ler a nossa crítica clicando aqui.

2. Monstro (Kaibutsu, Dir: Hirokazu Koreeda)

Depois de descobrir que um professor é responsável pela súbita mudança de comportamento de seu filho, uma mãe invade a escola exigindo saber o que está acontecendo. À medida que a história se desenrola através dos olhos da mãe, do professor e da criança, a verdade surge gradualmente.

Um dos meus diretores favoritos da vida é Hirokazu Kore-eda (Assunto de Família, Ninguém Pode Saber), um diretor japonês que conta as histórias mais humanas e sensíveis que eu já vi. Seu novo filme já é um dos meus favoritos de sua carreira, e é um caso curioso de quanto menos você souber, melhor será a experiência.

Ele mostra a mesma história por três perspectivas diferentes, e usando muito bem o termo "monstro" e a falta de humanidade, sendo sempre aplicada para pessoas que são tudo menos monstros. Quando o filme revela sobre o que realmente é, te pega no contra pulo e chega a ser bem difícil não se emocionar. Uma das melhores experiências que eu tive no cinema em 2023.

O filme não está disponível em nenhum serviço de streaming no momento.

1. Assassinos da Lua das Flores (Killers of the Flower Moon, Dir: Martin Scorsese)

Na virada do século XX, o petróleo tornou a nação Osage a mais rica do mundo do dia para a noite. Tanta riqueza atraiu intrusos brancos, que manipularam, extorquiram e roubaram o dinheiro do povo Osage antes de assassinar a população.

Não tinha como ser diferente disso, já que Martin Scorsese (Taxi Driver, Os Bons Companheiros) é CINEMA. Aos 80 anos de sua vida, o cineasta tem fôlego para entregar um épico sobre o massacre do povo indígena americano em uma trama forte e cheia de discussões pertinentes, mostrando bem a maldade humana que reside dentro de nós, e principalmente os lobos sob pele de cordeiros.

Tudo nesse filme é absolutamente lindo, e mesmo com atores de primeira linha que são frequentes colaboradores de Scorsese, a atriz Lily Gladstone (First Cow, Billions) engole todos com uma aula de atuação. Tá longe de ser o melhor filme de Scorsese, mas é um soco no estômago mais do que necessário.

O filme chegará em breve ao catálogo da Apple TV+, mas você pode ler a nossa crítica clicando aqui.

Bom é isso, agradeço profundamente a todos que leram o texto, e se possível sigam o Fórum Nerd nas nossas redes sociais. Gostaram do texto? Concordam com a lista? Qual a lista de vocês? Algum filme que merecia ficar na lista acabou ficando de fora? Deixa um comentário aqui embaixo!

E que 2024 tenha tantos filmes bons e memoráveis quanto 2023!

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