Filme sobre a famosa boneca da Mattel entrega uma brilhante comédia com ótimas performances realizadas por um excelente elenco e uma história que também aborda temas mais complexos


Criada em 1959 pela empresária Ruth Handler em homenagem a sua filha Barbara Handler, a linha Barbie da Mattel se tornou um fenômeno no mercado de brinquedos que com o passar dos anos rendeu diversos acessórios e variações diferentes da boneca. Em 2019 a atriz Margot Robbie (O Esquadrão Suicida, Babylon) foi escalada para produzir e estrelar um filme live-action da personagem cujos direitos haviam acabado de serem transferidos para Warner Bros, e em 2021, a aclamada diretora Greta Gerwig (Ladybird, Adoráveis Mulheres) foi contratada para dirigir e coescrever o longa que viria a chamar a atenção do grande público.

Na história de "Barbie", as Barbies e os Kens vivem na Barbielândia, um lugar tido como perfeito que conseguiu alcançar o ápice do feminismo e onde todas as mulheres possuem carreiras bem sucedidas como presidente, diplomata e médica. Mas quando a Barbie Estereotipada (Margot Robbie) começa a ter uma crise existencial, ela precisa ir ao mundo real junto com Ken (Ryan Gosling) para encontrar a pessoa que brincou com a sua boneca e a fez ter essas novas características. 


A principio, o filme possui um visual mais extravagante cujo a intenção é justamente parecer ridículo por satirizar as bonecas da Barbie, seus produtos mais obscuros e a forma como o público alvo da marca às utilizam quando brincam com elas, algo que Greta Gerwig consegue fazer de maneira muito criativa com a sua direção para render momentos cômicos, e o fato do elenco ter tantas celebridades famosas como Kate Mckinnon (Caça-Fantasmas), Simu Liu (Shang-Chi e a Lenda dos Dez Áneis) e Michael Cera (Scott Pilgrim contra o Mundo) também ajudam muito esse fator. Porém, o mundo real, embora tenha momentos de veracidade com críticas sobre como as mulheres são tratadas em relação aos homens, é bem mais caricato do que o esperado, mas não de uma forma tão exagerada quanto é na Barbielândia. 

Por mais que Barbie seja um filme que use um teor cômico para chamar atenção, ele também aborda de forma bastante inesperada e elaborada tópicos sérios e importantes como feminismo e crises existenciais. E a realizações que a protagonista tem durante o seu arco em relação aos seus medos de não ser perfeita, o apoio que ela recebe da funcionária da Mattel e sua filha que costumavam brincar com a boneca juntas e o pensamento de que ela poder ter uma vida no mundo real e ser mais do que apenas uma ideia ajudam Margot Robbie a entregar uma performance bastante emocional.


Outra performance que se destaca bastante é a de Ryan Gosling (Blade Runner 2049, Lalaland) como Ken. Além dessa provavelmente ser a atuação mais hilária e expressiva da carreira de Gosling, seu personagem começa com essa mentalidade que ele precisa girar em torno da própria Barbie para se destacar, e é possível perceber suas frustrações internas ao não ser notado pela mesma e quando sente inveja dos outros Kens. Por causa disso, ele também por um arco onde acredita que pode ser mais do que apenas sua função, mas não da mesma forma como ocorre com a protagonista. 


Com destaque para as performances incríveis de Margot Robbie e Ryan Gosling junto com a criatividade na direção de Greta Gerwig e o seu roteiro escrito ao lado de Noah Baumbach (História de um Casamento, Ruído Branco), "Barbie" é uma ótima comédia que sabe se divertir com sua proposta e utiliza bem as ideias apresentadas. Ao mesmo tempo, ela também não tem medo de fazer críticas sociais a favor do feminismo e abordar temas que possam vir a ser complexos demais para crianças. Assim entregando possivelmente um dos melhores e mais surpreendentes filmes do ano.



Nota: 9,0/10

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