Sequência de "Homem-Aranha no Aranhaverso" acerta em explorar corretamente o conceito de multiverso e repete a proeza de seu antecessor de ser um dos melhores filmes baseados em quadrinhos já feitos.


Lançado em 2018, "Homem Aranha no Aranhaverso" foi um projeto que desde o início passou muita confiança por causa do envolvimento dos cineastas Phil Lord e Chris Miller (Uma Aventura Lego, Anjos da Lei) na produção e no roteiro. O longa acabou sendo aclamado pela crítica e é considerado como o melhor filme do Homem-Aranha. Tendo rendido um Oscar de melhor filme animado, ele também ajudou a alavancar a popularidade do personagem Miles Morales e seu estilo artístico também influenciou vários projetos animados recentes, como "Entergalactic" da Netflix e "Gato de Botas 2: O Último Desejo" da Dreamworks". 

A Sony Pictures já planejava continuações dessa franquia multidimensional do Homem-Aranha antes mesmo do lançamento do primeiro filme. Porém a sequência "Através do Aranhaverso" só foi anunciada mesmo em novembro de 2019, com uma equipe de diretores que podem ser considerados como veteranos no ramo da animação, dentre eles: Joaquim dos Santos (Avatar: A Lenda de Aang), Kemp Powers (Soul) e Justin K. Thompson (Tá Chovendo Hambúrguer). Originalmente, o filme estava previsto para estrear nos cinemas em outubro de 2022, mas acabou sendo adiado por quase um ano devido a pandemia do COVID-19.

Em "Homem-Aranha Através do Aranhaverso", o jovem Miles Morales (Shameik Moore) já está ativo como o Homem-Aranha de seu universo a mais de um ano e entra em conflito sobre contar a verdade para os seus pais, mas ao se reencontrar com a sua amiga Gwen Stacy (Haille Steinfeld), ele acaba sendo transportado através do multiverso e une forças com um novo time de Pessoas-Aranha, que são liderados por Miguel O´Hara (Oscar Issac), para enfrentar o seu novo maior inimigo, O Mancha (Jason Schwartzman). 


Assim como o seu antecessor, o filme parece uma história em quadrinhos ganhando vida de maneira bastante literal com diversas influência do movimento Pop Art em seu estilo artístico. Há vários momentos onde o longa consegue impressionar ainda mais com a sua animação que faz uso de estilos variados dependendo o universo que é visitado. Por exemplo, a terra de Gwen Stacy faz bastante uso de cores frias que remetem ao estilo da personagem e a sua série em quadrinhos. 


Ultimamente, o conceito de multiverso tem feito vários expectadores criarem expectativas altas para as produções de super-heróis, seja pelo fan-service ou pelas infinitas possibilidades do que se pode fazer com ele. "Através do Aranhaverso" consegue achar um equilíbrio perfeito entre essas duas coisas ao apresentar propostas surpreendentes e ser uma celebração da história do Homem-Aranha através de várias mídias de uma forma que ajuda no desenvolvimento de Miles ao em vez de tirar o foco na sua história. 


O que realmente faz do filme uma experiência cativante é justamente a jornada de Miles Morales e todo o seu desenvolvimento desde o primeiro longa. Além de acrescentar vários elementos que dão ainda mais profundidade para o longa anterior, a dinâmica de Miles com os seus pais é um fator muito importante que acaba sendo ainda mais explorado a favor dos momentos emocionantes e relacionáveis. Outra que também recebe bastante destaque é Gwen Stacy que passa por todo um arco de querer fazer parte de um grupo mesmo tendo dificuldade para fazer amizades desde a morte de seu Peter Parker e sentir falta de Miles e de seus amigos dos outros universos, sem falar da sua relação complicada com seu pai.


Em relação aos antagonistas, temos dois personagens que assumem esse papel apesar de não interagirem um com o outro. O primeiro deles é O Macha, um personagem de baixo escalão dos quadrinhos, e pelo filme conseguir reconhecer isso, eles conseguem trabalha-lo muito bem com o uso das vertentes cômicas, trágicas e patéticas. O outro seria Miguel O´Hara, vulgo o Homem-Aranha de 2099, que não assume exatamente um papel de vilão, mas se mostra muito rigoroso a favor de manter os cânones das Pessoas-Aranha intactos, por mais trágicos que eles sejam, pelo bem do multiverso.


O primeiro "Homem-Aranha no Aranhaverso" fez o inimaginável para o gênero de animação, e agora sua sequência consegue realizar os mesmo feitos, não por fazer uso de mais do que já foi feito antes, mas sim por justamente expandir os seus horizontes ao colocar os seus personagens em situações ainda mais criativas, divertidas e emocionantes com várias reviravoltas e surpresas que incluem um final tão impactante quanto o de filmes como "Star Wars: O Império Contra-Ataca" e "Vingadores: Guerra Infinita" que trazem uma pequena sensação de esperança e que ainda lembram a audiência de que qualquer um pode ser um herói e fazer a coisa certa.  




Nota:10/10

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