Aterrorizante, criativo e instigante, o sucesso do festival de Sundance deste ano já é o melhor terror de 2023.
Gostaria de agradecer a Diamond Films por não só convidar a gente para assistir o filme na cabine de imprensa, como de lançar o filme em uma data razoável e perto do lançamento original nos EUA. O filme estará em cartaz nos cinemas a partir do dia 17 de Agosto.
Quando um grupo de amigos descobre como conjurar espíritos usando uma mão embalsamada, eles ficam viciados na nova emoção, até que um deles vai longe demais e libera terríveis forças sobrenaturais.
"Fale Comigo" (ou "Talk to Me", como é no original) é um caso extremamente raro de um filme de terror que foi exibido no Festival de Cinema de Sundance de 2023 e foi extremamente aclamado pela crítica e jornalistas presentes no evento, tendo uma repercussão muito positiva. Isso fez com que a conhecida e querida produtora e distribuidora A24 logo comprasse os direitos de distribuição para os EUA e alguns outros países, fazendo o interesse e curiosidade das pessoas crescerem ainda mais.
Outra peculiaridade que torna “Fale Comigo” ainda mais interessante é o fato dele marcar a estreia dos youtubers Danny Philippou e Michael Philippou do canal RackaRacka como diretores de cinema. A dupla de irmãos ficaram muito conhecidos na internet durante a década passada por produzir vários vídeos curtos de comédia/terror para a plataforma, principalmente seus vídeos onde fazem paródia com o palhaço do McDonald 's, o transformando em um cômico palhaço assassino.
Fazer terror é algo extremamente difícil, justamente por conta de que o público é muito fragmentado no quesito o que cada um procura em um filme de terror. Tem aqueles que querem um “terror mais sofisticado” com nuances, camadas, história complexa, subtextos e um “visual mais cult”, aqueles que querem só ver uma trama mais simples com vários sustos, e aqueles que querem ver violência e morte.
Dito isto, o filme é executado de uma forma tão boa que vai conseguir agradar a maioria das pessoas que buscam por qualquer uma dessas características. Ele é aterrorizante e convencional contando com os tradicionais jumpscares ao mesmo tempo que é bem violento e tem uma boa história muito bem dirigida que aborda luto, superação e apego.
A direção dos irmãos Philippou é surpreendentemente boa considerando que essa é a estreia deles como diretores de cinema. Eles sabem muito bem conduzir a câmera e o elenco, sendo um filme de terror muito bem produzido com maquiagens bem convincentes que agregam muito na hora de trazer os sustos e choques. Ponto bem positivo para a produção também, principalmente por ser um filme de “baixo orçamento (US $4.5 Milhões de dólares).
Já o elenco, todos os atores e atrizes aqui são relativamente desconhecidos e/ou novatos, com exceção da atriz já veterana Miranda Otto (O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei, Guerra dos Mundos). Todos eles desempenham muito bem os seus papéis, o que é um alívio considerando que em filmes de terror é sempre difícil encontrar atores adolescentes que saibam convencer que são adolescentes e atuar bem. E de destaque mesmo, só Sophie Wilde (Vocês Não Me Conhecem, Eden) que encarna muito bem a protagonista.
A premissa criativa do filme é interessante de se acompanhar pois eles deixam um pouco ambíguo o que realmente é a origem da mão misteriosa e quais são as suas regras, deixando várias interpretações sobre determinados acontecimentos.
Um dos únicos problemas é como os diretores lidam com o terror em si, apelando muito a jumpscares safados e sem fim. A maioria funciona, mas é algo que eles precisam evoluir e encontrar outra forma de construir esses momentos de sustos sem esse artifício.
A direção é bem feliz também ao mesclar o horror com romance, comédia, drama, suspense e até ação. Toda a parte dramática envolvendo a relação de Mia com a sua falecida mãe, o ex-namorado e amigos são muito bem trabalhados, assim como o timing cômico que funciona e é surpreendentemente preciso ao encarnar a personalidade dos jovens de hoje em dia.
O terceiro ato do filme é onde o filme se embanana um pouco ao tentar fazer diversos plot twists por minuto que se tornam bem óbvios. A conclusão se torna bem previsível, mas não deixa de ser um bom final condizente ao que a trama estava construindo, e onde os diretores se esforçaram para criar um visual mais distinto. Embora não tenha nenhum gancho, já foi oficializado que uma prequel já foi filmada se passando inteiramente através de telas de celulares e computadores, e uma sequência também está oficializada com o retorno dos diretores no comando.
“Fale Comigo” surgiu gerando muita curiosidade e entregando um excelente filme de terror, repleto de momentos assustadores e que realmente conseguiram me marcar. É o grande filme de terror do ano e prova como o gênero continua sendo um dos mais interessantes a ser explorado. Fica a expectativa então para o prequel e sequência que podem muito bem expandir esse universo em uma franquia, e espero que continuem mantendo a qualidade.
Nota: 8
Postar um comentário