Em um apelo ao público teen feminino, Marvel Studios entrega Ms. Marvel, uma produção despretensiosa e pouco memorável.


🚨 Atenção, essa crítica possui spoilers! 🚨

Uma das heroínas mais aclamadas da nova geração de quadrinhos, Ms. Marvel acabou de encerrar sua série solo do Disney+, assim trazendo a primeira heroína de origem paquistanesa ao Universo Cinematográfico Marvel e também a primeira "mutante" do universo 616 (ou 19999, ninguém sabe ao certo). Coberta de expectativas, a série sempre foi uma das mais esperadas pelos fãs, tanto por se tratar de uma personagem extremamente amada pelo leitores de HQs quanto por ser a possível responsável pelo surgimento da raça dos Inumanos no UCM, porém embora tenha tido diversos pontos positivos, não parece que agradou tanto aos fãs quando deveria.

A começar por sua atriz principal, é inegável o talento de Iman Vellani (que fez sua estreia em Hollywood com a série) como Kamala Khan. A atriz esbanja carisma a todos os momentos e interpreta sua personagem com maestria, fazendo com que seja possível se apaixonar por Kamala logo em sua estreia. Não é falha ou pretensão alguma dizer que ela foi uma das responsáveis pela recepção positiva que obteve por grande parte dos fãs, conseguindo até mesmo sustentar momentos totalmente caricatos e sem sentido em meio a trama da série. 

Claro que os familiares de Kamala não ficam atrás, já que eles também possuem uma interpretação digna de uma verdadeira família. Zenobia Shroff (Doentes de amor) e Mohan Kapoor (Squad) se mostram imersos em seus personagens quando trazem a vida a mãe e o pai de Kamala, o que torna toda a temática da série mais leve e amável, ao menos o lado adolescente da heroína. Quanto aos demais do elenco, por terem papéis pouco memoráveis, personagens esquecíveis e até desinteressantes, não conseguem se destacar em meio a sequência de luzes neon do show do Disney+. Isso faz com que toda a trama familiar seja interessante de se ver, fazendo com que os espectadores possam entender os dilemas enfrentados pela personagem e até mesmo se sensibilizar algumas vezes.

É interessante a forma como a série obtém performances totalmente diferentes quando comparamos o núcleo adolescente e o núcleo heroico, já que enquanto no primeiro consegue entregar um show cativante e interessante de se ver, no segundo perde sua mão e nos faz esquecer que realmente se trata de um pedaço do UCM. Dando destaque ao lado mais ativo da série, é nítido a falta de capacidade dos roteiristas e diretores de trazerem uma história realmente interessante as telas, já que se contenta em trazer nada além de poderes mal-explicados, vilões medíocres e tramas desconexas.

A começar pelos poderes da personagem que não se decidem em ser parte de uma origem djinn ou uma mutação genética (vide cenas finais), a forma pouco interessante como eles são utilizados mostra uma clara ausência de ideias. O que mais decepciona é que os poderes novos são extremamente mais versáteis que os originais, porém ainda assim ficam limitados a plataformas de energia, escudos e construtos de partes do corpo. Quanto aos vilões do longa, tanto o Controle de Danos quanto Os Clandestinos (ótimo nome para uma novela das 21h) não conseguem ser capazes de trazer qualquer sentimento ao espectador além de sono e vergonha alheia. É impressionante como a série desperdiça coisas que poderiam ter sido incríveis, como uma aparição dos Djinns em sua forma azul ou o Controle de Danos mostrando tecnologias realmente avançadas. 

Tudo isso mostra o quanto o roteiro da série foi defeituoso em trazer o núcleo de ação do UCM para um universo teen, já que a única coisa que se pode imaginar é que ficaram com medo de pesar a mão nos vilões por se tratar de uma heroína ainda adolescente. Além disso, algo que ilustra extremamente bem como a série não se preocupou em trazer coesão ou organicidade a sua trama é o jeito que diversos elementos são jogados dentro da narrativa sem qualquer preparação, como os Adagas Vermelhas (que sequer teve sua origem explicada ou demais membros mostrados) e a própria dimensão Nur. A própria forma como os personagens secundários são escritos se mostra totalmente sem explicação, como as súbitas mudanças de humor de Kanran (Rish Shah) no episódio final, seu surgimento repentino de poderes e até mesmo a existência de personagens claramente desnecessários para a trama como Zoe (Lauren Marsden) e Nakia (Yasmeen Fletcher), que se fossem excluídas da trama não tratiram lesão alguma à história.

.Quanto aos aspectos mais técnicos da série, não há muito o que se dizer. Tanto o CGI quanto a trilha sonora não apresentam defeitos, inclusive combinando bem com a estética adolescente da série, pois as cores vibrantes e a música pop/paquistanesa é um dos toques que a série precisava. A fotografia entretanto é espetacular. A paleta de cores fortes, neon e vibrantes faz com que os fãs realmente estejam imersos dentro daquele pequeno mundo de colegial, mesmo que na menor parte da produção. 

Concluindo, Ms. Marvel entrega uma série fiel as origens étnicas da personagem e interessante no quesito teen, porém fraca e deficiente quanto aos "aspectos UCM". Embora não chegue a configurar um desperdício de tempo e dinheiro, a série se esgueira pelas bordas para tentar conseguir ter a atenção do público, assim utilizando de artifícios como participações especiais e revelações bombásticas em seus últimos minutos de exibição. Esperamos que a personagem possa receber o devido tratamento em The Marvels e que possa finalmente ser uma heroína tão boa quanto é uma adolescente.

NOTA: 5

MÉDIA DOS EPISÓDIOS: 7


Não deixe de conferir nossas críticas de cada episódio da série clicando abaixo:

Episódio 1

Episódio 2

Episódio 3

Episódio 4

Episódio 5

Episódio 6

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