Antes de comentarmos sobre o resto, acho melhor então começar tirando o elefante da sala… A maioria das pessoas já vinham apontando isso no material promocional, mas havia uma grande escassez da presença da Treinadora e do rosto da atriz. Isso no filme é obviamente justificado com a morte estupidamente precoce da personagem. Não é como se eu realmente gostasse dela, adaptação ou qualquer coisa assim (Como eu disse acima, nem Viúva Negra eu assisti), mas o tratamento dado para este “problema”, é o mais covarde, especialmente levando em conta que a personagem poderia só não estar presente.
O tratamento de seus "protagonistas" na verdade é um ponto muito importante que me fez ver Thunderbolts* como uma simples colcha de retalho de pontas soltas, o que faz ele ser bem medíocre como um filme de equipe. Walker é bem representativo disso. No começo, vemos um pouco da dinâmica conturbada entre ele e Yelena (e Bob), e até uma tentativa de explorar um pouco da vida do personagem desde a sua última aparição. Já a presença de Ava é quase nula, pois sua importância tange apenas os momentos em que suas habilidades são necessárias. Servindo como o alívio cômico bem escrachado, eu gosto do David Harbour como Guardião Vermelho, mas é difícil ver sua presença como algo diferente de uma simples extensão do arco de Belova. E o Bucky é mais uma credencial para o time, com o bônus de um ator sempre disposto à voltar. Num filme que tem como clímax os personagens num momento de união emocional não conseguiu convencer que esses personagens realmente estariam conectados.
A verdade é que o filme fica agudamente focado na relação de Yelena com Bob, entretanto nisso ele trabalha muito bem. Vivido por Lewis Pullman, o personagem é introduzido logo após a morte de Treinadora, "caindo de paraquedas", na dinâmica daqueles "super-agentes", mas Pullman faz um ótimo trabalho na persona vulnerável de Bob, também possuindo ótimo timing cômico, conseguindo contrastar com a arrogância posterior do Sentinela, e finalmente na apatia e presunção do Vácuo, presente como o real antagonista, sendo uma a personificação perfeita dos temas do filme sobre solidão e trauma, especialmente quando levamos em conta o visual simples mais eficaz.
Tecnicamente, a direção de Jason Scheier segue naquele padrão do MCU, não muito animadora. Parece que o filme compromete-se demais em seguir uma linha regulamentar em seu estilo, e perde um pouco a chance de ter uma personalidade, especialmente quando você tem ideias visuais que poderiam ser mais exploradas, como as Sombras do Vácuo. . Esse combo direção com a fotografia pálida, bem notável durante as cenas em Nova York, acaba por tirar um pouco do peso das cenas presentes nos momentos de maior clímax devido a esterilidade visual.
Mesmo que eu ache, Thunderbolts* substancialmente melhor que certas das últimas produções da Marvel e conseguia construir uma história emocional minimamente envolvente (entre Yelena e Bob), ele peca em ser um filme de time, e escanteia um pouco seus outros personagens dentro de uma narrativa que tinha todo um direcionamento para explorar mais afundo traumas e inseguranças, além de esteticamente limitar-se muito, mantendo uma palidez comum dos filmes feitos para o MCU.
NOTA: 6.5
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