Terceiro episódio decepciona e mostra sinais de uma narrativa arrastada
A Ms. Marvel é uma das melhores criações recentes das histórias em quadrinhos. A Marvel conseguiu repetir seu sucesso anterior visto no Homem-Aranha, um personagem voltado pro público-alvo dessas histórias que tenha os mesmos problemas e dilemas que seus leitores. É algo que torna a personagem mais pessoal para muita gente e é por isso que em tão pouco tempo ela já tenha conseguido uma vasta fanbase. Kamala talvez seja uma personagem mais identificável pra adolescentes nerds dessa geração do que Peter Parker, com sua timidez, inabilidade social, uso de redes sociais, escrita de fanfics, interação com a cultura pop, etc., fazendo os fãs mais jovens se tocarem com a personagem.
E a Marvel Studios tinha uma mina de ouro em mãos, e é claro que sua adaptação live-action estaria próxima. Apesar de algumas mudanças que preocuparam alguns fãs, a série demonstrava, e talvez ainda demonstre, um potencial. O primeiro episódio iniciou bem a temporada e o segundo continuou a história de forma decente, mas é aqui no terceiro episódio que as coisas começam a ficar mais preocupantes. Apesar não ser um episódio horrível, ele demonstra uma "barriga" narrativa na série que poderia ser evitada.
Começando pelo melhor aspecto da série, Iman Vellani tem carisma de sobra e sabe dar vida a Kamala Khan, a protagonista da série e até agora a personagem mais interessante, por motivos óbvios. Apesar do tratamento da personagem estar sendo excelente, quanto a atuação é possível notar em algumas que ela é um atriz novata. Apesar de não ter nada de abismal de tão ruim em sua performance, é possível que sua atuação um pouco caricata em momentos possa tirar o espectador da imersão. A maioria das interpretações também são razoáveis com poucos destaques entre o elenco de atores.
Visualmente esse episódio não é tão energético quanto os anteriores, principalmente o primeiro, dirigido de forma impressionante por Adil El Arbi e Billal Fallah. A diretora desse episódio é Meera Menon, que também dirigiu o episódio anterior, e ela não tem o mesmo estilo da dupla, que combinou bastante com a personagem e a série. Transições, animações e title cards não estão mais tão presentes como estavam no primeiro episódio, e isso tirou um pouco da força criativa da série.
Mas ainda assim o maior defeito do episódio é o ritmo pouco convencional da narrativa, que atrapalha a temporada ao todo. Esse episódio possui bastante momentos humanos mais focados em personagens e suas relações, e com bastante diálogos. Personagens secundários como os pais da Kamala, seu amigo Bruno, seu irmão Aamir e outros têm cenas próprias para aprofundarem mais seus respectivos personagens, mas isso faz com que a narrativa se arraste mais do que deveria. Mesmo que isso traga alguns momentos bons aqui e ali, como as cenas no casamento, que em si são divertidas, mas que não adicionam muito para a trama geral e o conflito principal da temporada, que é o que importa no final das contas.
Com sua execução decepcionante da história, Destinada atrasa a temporada. Os próximos episódios precisam pegar fôlego e ter um ritmo mais dinâmico e que deixe tudo mais interessante, mas mesmo assim a simplicidade de uma história de origem parece ser perfeita para filmes e não para séries ou minisséries, mesmo que essa tenha apenas seis episódios.
Nota: 6
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