O oitavo episódio de It: Bem-Vindos a Derry assume de vez o lado mais estranho e simbólico da série e isso joga totalmente a favor do capítulo. A abertura já deixa claro o tom: uma sequência bizarra na escola, com ecos diretos de Pennywise, que mistura desconforto, absurdo e aquela sensação de que Derry nunca foi um lugar “normal”. É um começo que prepara o espectador para um episódio mais psicológico do que explicativo.
O
arco de Dick
Hallorann é, sem dúvida, um dos mais pesados. O momento em que
ele considera tirar a própria vida
não é tratado como choque gratuito, mas como consequência direta do peso que
Derry impõe a quem enxerga demais. A decisão de levar Dick, ao final, rumo ao hotel Overlook do filme “O
Iluminado” é simbólica e
poderosa, conectando sua trajetória a um destino quase inevitável dentro do
universo King, como se alguns personagens estivessem fadados a cruzar esses
lugares amaldiçoados.
Visualmente,
o episódio entrega alguns dos momentos mais marcantes da temporada. O Pennywise
coberto de sangue do nariz para
baixo, inclusive sua roupa é uma imagem forte, quase
ritualística, que reforça o monstro como entidade ancestral, não apenas um
palhaço assassino. Já a transformação em um morcego gigante escancara o lado mais
monstruoso da Coisa, abandonando qualquer tentativa de sutileza e abraçando o
horror fantástico em sua forma mais grotesca.
O episódio também se destaca pelas conexões com os filmes. A revelação de Marge ser mãe do Richie dos filmes que é interpretado por Finn Wolfhard (Mike Wheeler em Stranger things), é um aceno direto aos fãs, e sabemos que o motivo do nome do filho dela ser esse é por conta da morte heróica do Richie da serie, que salvou a vida da mesma, no Black spot e ajudou de novo na hora de colocar a adaga na arvore e adormecer a coisa novamente, reafirmando que, mesmo em Derry, ainda existem fagulhas de coragem genuína. É um lembrete de que a luta contra Pennywise nunca foi apenas física, mas emocional e moral.
O grande fechamento fica por conta do Sra.
Kersh, em um surto perturbador em Juniper
Hill.
Essa sequência é essencial para amarrar pontas soltas: ela conecta a série diretamente ao
primeiro filme e, mais importante, explica a morte da mãe da Beverly, dando um
novo peso trágico à personagem e ao ciclo de violência silenciosa que Derry
insiste em repetir.
Como conclusão, o oitavo
episódio se firma como um dos pontos mais altos da temporada, A conexão com os filmes,
não só de saga, mas de todo “Kingverse” foram ótimas, a atuação de Bill Skarsgard foi exemplar,
compensando atuação abaixo do elenco mirim. Mesmo com pequenas fragilidades
narrativas, como o uso pouco impactante da adaga, o capítulo compensa com densidade emocional, horror
imagético e conexões essenciais com a mitologia de IT. Ele amplia o universo da série,
aprofunda personagens-chave e reforça que Derry é um lugar onde o mal não
apenas mata, mas corrompe,
enlouquece e deixa cicatrizes eternas. É um episódio que se
arrisca e acerta ao transformar o horror em tragédia, preparando o terreno para
um desfecho à altura da lenda de Pennywise.
NOTA: 9,5/10


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