Sequência de Os Incríveis de 2004, também dirigido e escritor por Brad Bird, aqui o filme começa logo de onde o primeiro terminou, com o ataque do Escavador a Metroville, e a família de heróis indo impedir ele. Depois de serem hostilizados pela polícia, por causa da ilegalidade de suas ações, a família Pêra volta à realidade, uma em que a sociedade ainda rejeita super-heróis. Quando então eles, junto com Gelado, conhecem o multimilionário Winston Deavor e sua irmã Evelyn, ambos com o objetivo de tornar a opinião pública favorável aos heróis e assim torná-los legítimos de novo. Durante o filme vemos uma troca de papéis, enquanto a Mulher-Elástica está trabalhando como uma vigilante, Roberto está em casa cuidando da família, em contraposto ao primeiro filme onde o contrário acontece, e durante tudo isso, um novo vilão surge, o Hipnotizador.
A direção de Brad Bird é dinâmica e cheia de energia. Dá pra ver que esse é um projeto que ele queria fazer e não algo forçado pela Pixar/Disney, a história é convincente, mas é na direção que está a magia. A sequência inicial dos Incríveis contra o Escavador, a perseguição de moto com a Mulher-Elástica, a luta de Flecha e Violet contra os heróis hipnotizadas, a sequência final no barco Everjust, a ação aqui é espetacular e até prazerosa de se assistir, o longo parece uma HQ do Mark Waid em sua melhor fase. Os ângulos, movimentos de câmera, tudo é bastante cinematográfico, mas isso já e padrão Pixar, a diferença é que Bird torna a norma algo mais especial.
A direção de arte aqui é umas das melhores da Pixar. Os cenários, uniformes, toda a criatividade envolvida aqui é fascinante. Sem falar nas cores. O filme é bastante colorido, com cores vivas que dá ao filme essa assinatura artística única, ainda mais com a vibe cartunesca, diferente das outras animações cartunescas da Pixar, do longa. Por ser uma animação a manipulação de cores deve ser mais fácil do que em filmes, mas isso não diminui o feito. O trabalho de animação aqui está exemplar, eu sempre procurava por mais detalhes nas cenas, as expressões faciais, o 'tecido' dos uniformes, os prédios, as partículas, os efeitos dos poderes, tudo beirava à perfeição. Mesmo com o estilo cartunesco, tudo sentia bem real.
Todos os dubladores fazem um bom trabalho (me refiro aos originais, já que assisti em inglês), mas Holly Hunter é a melhor. A voz dela encaixa tanto na personagem da Helena, ela é a voz definitiva da personagem, e como aqui ela tem mais tempo de tela no que no filme anterior, vemos mais de seu ótimo trabalho. Bob Odenkirk também foi um destaque como Winston, mesmo não tendo tantas falas, a maioria de exposição ou frases curtas, mas fez um ótimo trabalho e espero ver ele fazendo outros papeis além de Saul Goodman.
A premissa é boa, os personagens são bem escritos, todos distintos com personalidades diferentes, cativantes, os já estabelecidos e os novos, e temos um roteiro redondo, coeso, não esperava menos do cara que fez Gigante de Ferro e Ratatouille, as interações entre os membros da família Pera são certamente um dos pontos altos do filme, ver a Mulher-Elástico lutar é tão divertido quanto ver Roberto, Flecha e Violeta discutindo. Quanto ao vilão, achei a motivação legal, mas não senti que Bird estava tão inspirado nesse aspecto. Você pode ver o plot twist chegando à quilômetros de distância, sem surpresa nenhuma, bastante previsível
Os Incríveis 2 é um ótimo filme, faz um bom trabalho como um filme isolado e como uma sequência, mesmo sua existência não sendo necessária. O primeiro filme tem uma construção de mundo melhor, um tom mais sério, e uma história melhor no geral. Mas Brad Bird faz um bom trabalho aqui, com uma direção inspirada e um roteiro bem redondinho, uma ótima direção de arte, com um ótimo tom cartunesco e aquele ar retrofuturista que faz desse filme, e de seu universo, bastante ímpar e interessante.
Nota: 8,5
Publicado por: Sam.
Postar um comentário