Nova temporada começa a dar sinais de queda na qualidade, mas ainda assim consegue te entreter por algumas horas. 


Emily em Paris é um daqueles seriados absurdamente simples e descompromissados que você se pega maratonando sem nem perceber. Não é necessário nada mais do que afinidade pela trama clichê e uma boa dose de suspensão da descrença para o telespectador se divertir com a protagonista de Lily Collins enquanto ela se aventura em uma Paris extremamente romantizada. Logo, não espere críticas ácidas ou um desenvolvimento profundo de personagem - não é essa a intenção do show.


O fato é: Emily é uma personagem incrivelmente relacionável e, por isso, caiu fácil nas graças do público. Seu tom alegre, despojado, o seu engajamento nas redes sociais e a maneira como lida com as situações do dia a dia tornam tudo envolvente e contagiante. A construção da sua vida parisiense e a de seus amigos é a síntese do que o criador da série, Darren Star, consegue fazer de melhor desde a estreia de Barrados no Baile.



Na terceira temporada, Emily está no ápice de sua indecisão: ela tenta conciliar sua jornada dupla de trabalho entre Sylvie (Philippine Leroy-Beaulieu), que abandonou a Savoir na última temporada, e Madeline (Kate Walsh), que agora veio a Paris para ajudar na transição de gerência da empresa. Entra em foco, portanto, mais o lado profissional da personagem do que qualquer outro até então. A decisão é assertiva, com o roteiro extraindo desse plot seus melhores momentos. No entanto, não é o suficiente para segurar uma temporada inteira.


Para compensar essa falta de enredo, somos levados a acompanhar mais do romance sem química de Emily e Alfie (Lucien Laviscount), sobretudo nos cansativos primeiros episódios. A maneira como o roteiro simplesmente ignora toda a relação entre Emily e Gabriel (Lucas Bravo) na temporada anterior, com o cozinheiro ficando de escanteio por boa parte da primeira leva, é sem sentido. Outro personagem que sofre com uma carência de desenvolvimento é justamente Camille (Camille Rezat) que desde a segunda temporada é reduzida a uma pífia antagonista da mocinha da história. 


Por outro lado, os personagens que se destacam são as sempre divertidíssimas Mindy (Ashley Park) e Sylvie, além de Luc (Bruno Gouery) e Julian (Samuel Arnold), que ganham mais alguns minutos de tela essenciais. Mindy, em particular, é a que recebe a maior parte dos holofotes, fortalecendo sua amizade com Emily, é claro, mas recebendo mais espaço para seus próprios dramas.  



Assim, quando eles estabelecem o gancho para uma provável quarta temporada e a nova leva de episódios termina, o que nos resta é um sabor agridoce. A sensação que fica é a de que os elementos que te conquistaram quando a produção estreou ainda estão lá de certa forma, e provavelmente continuarão, mas parece não surtir mais o mesmo efeito de outrora.


Por fim, como era de se esperar, ainda existe um requinte nos visuais que remetem às marcas de luxos tão ostensivamente divulgadas na série e, embora não tenha nada de inovador, é agradável aos olhos. No entanto, a impressão que fica é a de que a Paris de Emily perde um pouco do seu brilho e acaba entrando em uma oscilação entre a excitação rara e o marasmo em excesso. Uma pena.


Nota: 6,5

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