A terceira temporada da série antológica Love, Death & Robots foi lançada em 20 de maio e deu aos assinantes da Netflix nove novos curtas animadas.  A série, que é de criação de David Fincher e Tim Miller, possui o calibre que vem com os nomes responsáveis com sua produção. Cada curta tem um estilo de animação diferente, com diretores diferentes, diferentes técnicas e diferentes temas, alguns são melhores que outros obviamente, mas todos foram feitos por equipes de estúdios de animação consagrados e possuem um alto valor artístico. Abaixo irei ranquear todos os curtas da nova temporada, do pior ao melhor.

9º Lugar: Kill Team Kill


Talvez um dos piores curtas que a série proporcionou, isso contando as três temporadas. Kill Team Kill é basicamente a concepção de um garoto de 14 anos sobre o que é maneiro, e nada mais é do que uma sucessão de momentos totalmente massaveio, algo que parece ter vindo de uma HQ da Image Comics dos anos 90. O curta tem uma sensibilidade infanto-juvenil e utiliza da violência exagerada e dos momentos "insanos" (Meu Deus, um urso robô que decepa tudo que vê pela frente!) para tentar deixar o espectador cativado e interessado naquele mundinho criado pelo curta, mas todos os shenanigans cansam depois das trezentas vezes em que seu uso é repetido. A torrente de palavrões pra mostrar o quão adulto a animação é, isso também contando o gore e o sangue, não passa de uma tentativa fútil de fazer com que a animação pareça algo que não é, mas mesmo assim esses artifícios acabam que revelando a superficialidade que permeia toda o episódio, de sua concepção até seu roteiro. Ele não funciona como uma paródia dos filmes de brucutus dos anos 80, não importa o quanto tenha um atitude irônica "America Fuck Yeah", algo que parece barato, e um humor crasso totalmente forçado. Não seria exagero dizer que o curta é uma perca de tempo.

8º Lugar: Swarm


Curta dirigido por Tim Miller tinha um conceito promissor e poderia ser bem melhor. A trama segue o pesquisador Afriel aprendendo sobre uma raça alienígena insectoide, com uma intenção bem mais perigosa por trás. O aspecto visual do curta não deixa muito a desejar tirando algumas partes, e o universo da história parece ser bem interessante, apesar de não ser nada muito diferente do que já vimos em outras histórias de ficção cientifica. O curta se perde realmente quando diálogos expositivos tomam controle da trama e tudo fica didático demais, perdendo toda a aura que o episódio tinha construído. A história também progride pra um final decepcionante que ao fim não entrega nada mais que um curta morno que não se destaca.

 7º Lugar: In Vaulted Halls Entombed


É uma façanha e tanto a grande maioria dos curtas dessa série possuírem uma animação impecável, apesar de algumas em que esse não é o caso. Mas também isso pode trazer alguns prejuízos pra qualidade narrativa da série. Parece que há uma preocupação maior em surpreender o espectador com o nível avançado da animação do que em contar uma boa história. In Vaulted Halls Entombed não apresenta nada de novo. Começa sendo um procedural militar atrativo e termina querendo ser uma história de horror cósmico com clara influência de H. P. Lovecraft, mas nenhum dos dois tons conflitantes são bem explorados pro curta, e ele acaba sendo um Frankestein, com retalhos de vários ideias aqui e ali, e nenhuma sendo realmente explorada a fundo. Se apropriar dos elementos de Lovecraft sem trazer nenhum frescor e sem traduzir pra mídia audiovisual o terror de suas histórias faz com que esse curta não seja tão bom quanto deveria ser, apesar da animação magnífica.

 6º Lugar: Three Robots: Exit Strategies


Three Robots não é sutil em seus comentários políticos — há críticas ao capitalismo e as elites, milionários do Silicon Valley, cultura armamentista dos EUA e outras problemáticas. Mas isso acaba por não ser tanto uma falha por causa do tom cômico que o curta propõe, por vezes minado com algumas piadas vergonha alheia que tentam a todo custo apelar para o público mais jovem ou parecer contemporâneo, mostrando do ponto de vista dos robôs que é distanciado da humanidade como nós conseguimos acabar com nosso planeta. A animação é excelente, como de costume, e o episódio que é mais de comédia consegue divertir a audiência. Sendo uma continuação de um curta da primeira temporada, esse seguir os mesmos passos do seu antecessor, sendo até idênticos. Ambos são bons, mesmo com algumas falhas, mas não são exatamente memoráveis. 

 5º Lugar: Night of the Mini Dead


 O grande destaque do curta é sua animação stop motion, técnica usada apenas em outro curta da série chamado "All Through the House". É inegável a criatividade na qual o stop motion é utilizado nesse curta que praticamente não tem trama. É um episódio também cômico que foi feito pro espectador admirar a animação e o conceito louco que o curta propôs. O gênero de zumbis parece ser um já saturado, com poucas possibilidades e surpresas sendo possíveis, mas Night of the Mini Dead consegue dá uma virada necessária pro gênero com seu humor que pode parecer infantil, mas que cabe bem com a proposta do episódio. O curta tem uma perspectiva isométrica e vemos todos os personagens minúsculos, algo que o título já denuncia. E a partir desse esboço os realizadores criam um curta caótico e divertido que consegue se diferenciar dos outros curtas da temporada.

 4º Lugar: The Very Pulse of the Machine


Apesar de algumas falhas em relação a história, The Very Pulse of the Machine é um curta com muitas qualidades e que consegue se destacar. Começando pela trilha sonora soberba que consegue elevar as cenas e momentos mais emblemáticas do curto. E não falta cenas emblemáticas, pois o episódio é bastante centrado em visuais psicodélicos que são um primor para os olhos, com explosão de cores e outras escolhas estéticas que lembram de uma capa de um álbum prog rock até Duna do Jodorowsky. Mas o episódio não é toda hora algo psicodélico, e começa com visuais sóbrios até seu clímax surpreendente. O curta apresenta uma ficção científica de exploração espacial que apresenta alguns conceitos novos, nos quais não darei spoiler, o que dá um ar de novidade para a história. O curta consegue calcar ainda mais seu posto como um dos melhores episódios por causa de sua mensagem filosófica transcendental que cai como uma luva com a proposta geral do episódio.

 3º Lugar: Mason's Rats


Em alguns casos fica claro que animação cartunesca é melhor que uma que mire em ser realista. Love, Death & Robots tem alguns curtas impressionantes que seguem o caminho realista, mas nenhum consegue chegar perto dos melhores com o traço cartunesco. É dessa forma que a mídia pode ser melhor utilizada, sem se preocupar com leis da física ou proporções humanas, onde o animador pode deixar sua animação correr solta e animar quase tudo que consiga imaginar. Mason's Rats é um desses ótimos curtas com animação realista, que vem junto de uma história tão boa quanta, que não tem nenhuma pretensão mas mesmo assim consegue surpreender o espectador. É divertido e cumpre função como curta, apresentando uma trama bem humorada com um protagonista curioso, mesmo que em algumas partes suas motivações não sejam esclarecidas

 2º Lugar: Bad Travelling


O curta dirigido por David Fincher não tinha como ser ruim. Em uma história que mistura Melville e Lovecraft, um navio de pescadores é invadido por um crustáceo gigantesco - uma aberração Lovecraftiana - e sua tripulação se vê em um espiral de decisões ruins na esperança de sobreviver. A animação do curta é magnífica e consegue elevar a atmosfera do episódio da melhor maneira possível. O roteiro do curta sabe muito bem usar o horror, com partes sendo um horror corporal (gore) e outras sendo mais psicológica, dando um tom opressivo para a trama que deixa o espectador desconfortável e se perguntando o que acontecerá em seguida. Mas o trunfo do episódio é seu protagonista, Torrin, que apresenta sua tridimensionalidade nessa história de 15 minutos. A maioria de histórias curtas não conseguem criar personagens cativantes o suficiente por causa de sua duração, tendo que focar na trama ao invés disso, mas Bad Travelling consegue a façanha de construir um personagem interessante, algo potencializado pela ótima dublagem de Troy Baker.

 1º Lugar: Jibaro


Alberto Mielgo não tem como errar. O diretor desse curta, que também dirigiu o episódio "The Witness" da primeira temporada e foi o responsável pela direção de arte de Homem-Aranha no Aranhaverso, tem uma assinatura artística própria que conta com uma sublime animação estilizada que aqui é elevada á décima potência. Seus visuais lindos proporcionam ao curta um espetáculo visual na qual cada frame pode muito bem ser uma pintura. O design dos personagens e das ambientações são perfeitos demais para serem reais, e só um time de mestres poderia ter feito algo tão incrível. Mas não é só a parte visual que impressiona, mas também o design de som, que é usado de forma esplêndida e sinceramente é uma experiência sensorial por si própria, se eu fechasse os olhos e tivesse apenas escutado o episódio, Jibaro ainda estaria em primeiro lugar. A narrativa é contada de forma visual, sem diálogos, que eleva o curta á um nível que nenhum episódio da série chegou anteriormente. A história cativante com raízes na mitologia tem um final trágico e pode ser interpretado de várias maneiras. Jibaro é um prato cheio para fãs de animações.

❤️❌🤖

E quais foram seus curtas favoritos? Concorda com o ranking ou não? Não deixe de comentar 

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