Penúltimo episódio da temporada avança a trama e desenvolve seus personagens em quarenta minutos que passam voando

A primeira temporada de Pacificador está finalmente chegando ao seu final, com todos os setes episódios lançados até agora sendo importantes, não há nenhum filler como se vê em algumas séries de super-heróis recentes, e a quantidade de episódios escolhidas foi acertada. Um dos pontos positivos que a série possui é seu equilíbrio entre o avanço da trama e o desenvolvimento de seus personagens. Mesmo que não seja regra que ambos os aspectos anulem um ao outro, na verdade isso é o contrário em grandes obras da literatura ou do cinema, onde a trama surge e avança dos personagens e seus conflitos, noto que em filmes e séries recentes de super-heróis há sempre cenas de ação ou exposição e então as cenas de respiro, onde vemos os dilema dos personagens, e nunca há uma interseção de ambos. Em Pacificador, e nesse episódio em específico, isso não ocorre.

Isso é visível principalmente na conclusão de uma subtrama em específica: a do Dragão Branco, que é o pai do Pacificador, e sua caça para matar seu filho. Sendo um dos vilões da temporada, ao lado das Borboletas é claro, é preciso que ele traga o conflito necessário para que a história continue viva. Mas não só avançando a história, a luta entre o Dragão Branco e o Pacificador, já esperada faz dois episódios, traz um dos melhores momentos da temporada até então que termina com uma cena emocionante, e nela vemos o Pacificador ficar hesitante em lutar e finalizar seu pai. 


A série fez bem em sua divisão de tempo entre vilões e na diversidade que isso trouxe pra história. De um lado temos as Borboletas, uma ameaça cósmica de outra galáxia que promete trazer o fim da raça humana se eles forem sucedidos em sua invasão. Isso traz a urgência necessária para a trama já que nossos heróis tem tudo a perder: se eles falharem o mundo acaba. Mas do outro lado temos o Dragão Branco e seu proto-KKK, um vilão que vem do núcleo familiar do protagonista. Com essa escolha de vilão, é possível trazer um risco mais pessoal para seus personagens, desenvolvendo o Pacificador, além disso tornar possível a exploração de sua história de origem e motivação. 

Um dos destaques do episódio é obviamente o Murn, ainda mais com a ótima atuação de Chuk Iwuji. Não é uma tarefa fácil fazer uma interpretação convincente de uma borboleta alienígena rebelde controlando o corpo de um ex-mercenário sem fazer isso tudo parecer ridículo e bobo, até mesmo pros padrões de uma obra de super-heróis, mas Iwuji entrega o máximo que pode e o resultado não poderia ficar melhor, apesar de algumas falhas no roteiro como o uso de piadas após um momento dramático, emocionante ou impactante, mas isso claramente não é culpa do ator, que faz o melhor com o material que tem em mãos. 


Falando em atuação, quem diria que John Cena, ex-astro da WWE, poderia entregar uma performance surpreendentemente boa. Ele sabe capturar as diferentes facetas do Pacificador, seja a do cara descontraído e louco que escuta rock n' roll, mas isso é fácil de interpretar o suficiente para apenas o carisma ser o necessário, mas Cena sabe também interpretar um Pacificador triste e deprimido, ou um completamente enfurecido, ou um assustado e perdido. Depois desse episódio vai ser difícil negar o talento de Cena.

No fim, o roteiro de James Gunn é bom o suficiente e sua estrutura narrativas da temporada até então foi ótima, com minhas expectativas para o episódio final sendo bastante positivas, e a direção de Brad Anderson é dinâmica nas cenas de ação e estável nas cenas onde o diálogo é o principal fator. Claro, o episódio tem algumas falhas como o humor fora de hora. A comédia exagerada e xucra é uma marca registrada, uma idiossincrasia até, do Gunn, e eu perdoo seus excessos recorrentes, mas quando o humor mina o drama, ele se torna algo negativo. Bem, que o próximo episódio seja tão bom como esse ou melhor!

Nota: 8,5

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