"Pai em Dobro" marca a estreia de Maisa em seu primeiro filme original Netflix.
Que
Maisa é um fenômeno brasileiro, todos sabemos. Seus números falam por si. Seu Instagram
atingiu a expressiva marca de 36,6 milhões de seguidores e hoje sua voz já ecoa
em públicos de diferentes faixas etárias. Apresentadora e atriz por 13 anos no
SBT, a jovem recentemente deixou a emissora e agora partiu para alçar voos mais
ousados e talvez até mais amadurecidos, entre eles um contrato com a Netflix.
Seu primeiro projeto como atriz já chegou à telinha do streaming e já está na segunda colocação dos Top 10 da Netflix Brasil, além de já aparecer na lista de vários países de língua espanhola. Pai em Dobro é uma comédia dramática nacional com roteiro da escritora Thalita Rebouças. Produzido pela Netflix, ele entrou no catálogo no dia 15 de janeiro deste ano. A direção do filme é assinada por Cris D’Amato, conhecida por seus trabalhos em S.O.S. Mulheres ao Mar (2014), É Fada (2016) e Os Parças 2 (2019). A produção ficou por conta de Luiz Noronha.
O
longa conta a história de Vicenza Shakti
Pravananda Oxalá Sarahara Zalala da Silva (Maisa), uma jovem que
vive em uma vila ecológica longe da modernidade e que preza pela espiritualidade.
Ao completar 18 anos, ela reafirma seu sonho de descobrir quem é o seu pai, segredo
esse que sua mãe, Raion (Laila Zaid), insiste em manter guardado. Quando a mãe
realiza uma viagem para Índia, onde permanecerá incomunicável, Vicenza acaba encontrando
uma pista e se vê na melhor oportunidade para investigar melhor essa história e
quem sabe finalmente conhecer o seu pai, bem como suas raízes.
Vicenza
vai para o Rio de Janeiro, a partir da pista encontrada, e conhece Paco (Eduardo
Moscovis), um pintor, solteirão, que não tem inspiração há muito tempo e que
não apresenta muito talento para a paternidade. Uma segunda pista surge
inadvertidamente e a leva até Giovanne (Marcelo Médici), um empresário,
separado e com dois enteados, que assim como Paco, também pode ser seu pai. A
medida que ela se aproxima dos dois, muita confusão rola, em especial porque
ela opta por não contar de um para o outro. Dessa forma, ficará cada vez mais difícil pra ela descobrir a verdade, já que o sentimento fraterno entre os envolvidos fica cada vez mais forte.
A
história em si é bonitinha e leve, mas é com tristeza que digo que poucas coisas convencem
nesse filme. A começar pela vila ecológica. Imagine uma comunidade hippie
perfeita, com roupas minuciosamente costuradas, uma natureza quase fantasiosa e
uma atmosfera quase débil. O tom nem mesmo conseguiu ficar satírico. Maisa é
uma fofa, isso é inegável, contudo devo dizer que assumir o posto de protagonista
talvez tenha sido um passo prematuro em sua carreira. Sua atuação não convence e é pouquíssimo
natural. A ingenuidade que a personagem exige, poderia ter sido o trampolim das
cenas de comédia, porém simplesmente não flui. A comédia mesmo fica a cargo dos
personagens de Raion, Paco e Giovanne, artistas mais experientes, ainda que não
sejam suficientes para tirar o longa da lista de filmes esquecíveis.
O
núcleo jovem da trama se concentra numa espécie de hostel adaptado da trama. O par
romântico de Vicenza, Cadu, interpretado por Pedro Ottoni, é aquele rapaz
ideal, que beira ao sem graça. Thaynara OG também participa do elenco. Esta mostra
ter um talento natural pra comédia e consegue ser marcante mesmo com poucas aparições.
A
mensagem do filme é importante, uma vez que mostra que laços afetivos estão
muito além da genética e podem ser construídos das formas mais improváveis.
Entretanto, essa mesma mensagem fica solta em um roteiro de conveniência, com diálogos
óbvios e atuações rasas. Aí você deve pensar: “Ah, mas é filme para jovem e
adolescente, não precisa ser tão bom assim”. Será?
Pensando
no público alvo jovens/adolescentes, que consome fielmente sucessos como A Barraca do Beijo (2018) e Para Todos os Garotos que Já Amei (2018), que
são bem roteirizados e esbanjam qualidade, será mesmo que dá pra dizer que esse
público é pouco exigente?
As boas marcas do filme são mais pela campanha bem sucedida de divulgação, que a própria Maisa encabeça por sinal, do que pela qualidade do filme em si. Dá pra dizer que o marketing vendeu mais expectativas do que de fato entregou. Para os próximos projetos, torço por uma melhora técnica, afinal Maisa é um patrimônio nacional que merece brilhar.
Nota:
4,5
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