Remake de Robert Zemeckis é medíocre, apressado e desperdiça bons atores, mas ainda sim diverte.

Sinopse: Um garoto de sete anos se depara com uma conferência de bruxas em um hotel. Lá, ele acaba descobrindo que um grupo de bruxas está fazendo uma convenção, pretendendo transformar todas as crianças do mundo em ratos, comprometendo sua existência. Baseado no livro infantil homônimo de Roald Dahl.

Robert Zemeckis é um diretor que deixou sua marca no mundo cinéfilo por dirigir vários clássicos como a trilogia De Volta para o Futuro, Forrest Gump, Uma Cilada para Roger Rabbit e O Expresso Polar.  No entanto, nos últimos anos, seus projetos não tem alcançado o mesmo sucesso de outrora e esse remake de 'Convenção das Bruxas' é um dos pontos mais baixos da carreira dele.

O longa é a segunda adaptação do livro homônimo de Roald Dahl e tem ótimos nomes tanto no elenco quanto na produção, mas nenhum deles conseguiu salvar esse filme de um tremendo marasmo. A direção e o roteiro são pouquíssimos inspirados e funcionam à base de clichês ordinários e efeitos digitais muito artificiais. Os personagens são bem carismáticos com os atores esforçando-se ao máximo para extrair o melhor desse texto ruim, mas nem sempre é possível.

Quem mais sofre com a pobreza do texto é Anne Hathaway, a atriz interpreta A Grande Bruxa, líder de todas as bruxas do mundo. Hathaway passa a maior parte do tempo fazendo caras e bocas enquanto fala diálogos extremamente preguiçosos, além de ser levitada por cabos ao redor do set. O visual dela é bem chamativo, não chega a ser tão aterrorizante quanto o da versão dos 90, mas tem suficiente charme para dar alguns leves momentos macabros.

O elenco infantil não diz a que veio, as participações deles na trama são muito curtas e francamente não achei nada de excepcional nas performances. Jahzir Kadeem Bruno interpreta o protagonista da história e apesar de alguns bons momentos no início, com o passar da trama, tanto ele quanto os demais personagens do elenco são deixados de lado em nome da comédia escrachada.

A melhor personagem da narrativa é a Avó, a atriz Octavia Spencer usa todo seu carisma para fazer dela uma pessoa caridosa, forte e vulnerável. Não é muito diferente de outros trabalhos que ela já fez, mas a conexão de empatia com o espectador funciona melhor quando ela está em cena. Stanley Tucci está no filme fazendo um papel de figurante de luxo, pois o Gerente Stringer é tão qualquer coisa que até a palavra genérico soa pouco para descrever esse personagem.

Como mencionado anteriormente, o roteiro escrito por Robert Zemeckis, Guilhermo Del Toro e Kenya Barris é pouco assertivo e não sabe explorar as sutilezas da trama e apressam todo o suposto desenvolvimento de personagem. Toda a ameaça das bruxas não concretiza-se em nenhum momento, os protagonistas sempre conseguem fazer o que querem e seus planos funcionam sem erros. Até os momentos em que alguma tensão é adicionada sofrem com resoluções clichês e muita conveniência.

Os personagens são apresentados de maneira apressada e todas as informações da trama são jogadas cedo demais para o espectador. Perde-se o elemento surpresa e os demais são muito fáceis de prever. Uma coisa que incomodou bastante na narrativa foi o uso da tosse da Avó para fazer uma manipulação barata, esse elemento é tratado como algo grave por toda a história, mas no fim é completamente esquecido.

Lições importantes como luto, abuso infantil  e questões de família são deixadas de lado para dar espaço para piadas óbvias e sem o impacto cômico desejado. A questão da comunicação das bruxas é usada várias vezes para tentar fazer graça, mas além de não conseguir, faz o espectador imaginar como alguém em sã consciência teria medo de algo tão ridículo.

No quesito técnico, a obra tem um capricho maior, todos os figurinos e cenários tem um bom design que chama a atenção e preenche bem as cenas. A maquiagem para o visual das bruxas é feita com próteses e com alguns retoques de CGI para dar a sensação de expansão da boca e nariz. Os efeitos visuais são bem feitos em alguns momentos, mas no que tange à criação de animais em computação gráfica, falha miseravelmente. Tanto o gato quanto os ratos são muito artificiais e não passam a sensação de realidade nem por um instante.

Vamos falar do final, o terceiro ato é sem dúvida o mais apressado dentre todos e é lotado de facilitações narrativas e mensagens pouco edificantes. Parando para pensar é até cruel, mas os roteiristas não sabem o que fazer e apelam para os clichês vergonhosos. Lendo até o momento, dá a impressão de que eu odiei o filme, mas não, ele é divertido e tem seus momentos, apesar dos vários problemas citados. É aquele tipo de produção para ver uma vez na vida e esquecer logo em seguida. Não ofende, mas também não compromete.

'Convenção das Bruxas' é fraco, clichê e batido, mas prende o suficiente o público em sua trama.

Nota: 4,5

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