Quarto ano prepara o terreno para o grande final da série, porém perde o charme de seus antecessores e entrega uma temporada com altos e baixos que demora muito para tomar riscos.


Desde o seu lançamento em 2019, "The Boys" se tornou possivelmente um dos maiores fenômenos modernos da cultura pop. Além apresentar uma quebra de perspectivas no subgênero de super-heróis que satiriza tanto as produções da Marvel quanto as da DC, as qualidades da série também incluem suas atuações incríveis, principalmente por parte de Anthony Starr como o Capitão Pátria e sua narrativa engajante que aborda temas relevantes enquanto se diverge dos quadrinhos mais pessimistas de mesmo nome escritos por Garth Ennis

Acredito que cada temporada de "The Boys" teve algo interessante a oferecer. A primeira obviamente foi o seu fator novidade de apresentar um mundo mais realista com super-heróis corruptos. A segunda também fez um ótimo trabalho em dar continuidade para a história colocando os seus protagonistas como fugitivos da lei e apresentando novos personagens, enquanto a terceira quis "nivelar o jogo" dando poderes à Billy Bruto ao mesmo tempo em que criava expectativas com a chegada de Soldier Boy vivido por Jensen Ackles. Até o derivado "GEN V" teve uma premissa chamativa focada no ponto de vista dos supers e como eles lidam com suas habilidades.

Em sua penúltima temporada, The Boys permanece com sua qualidade em relação a forma na qual o roteiro é executado pela direção e atuações de seu elenco. Porém, por mais que o futuro ainda pareça promissor para o final, a série acaba perdendo um pouco de seu charme em seu quarto ano devido a falta de riscos tomados, personagens deslocados e a sua narrativa desfocada que tenta contar uma história principal enquanto lida com outras tramas menos interessantes. 

Billy Bruto e Capitão Pátria

Estando com pouco tempo de vida, Billy Bruto (Karl Urban) tenta se reconciliar com o filho de sua falecida esposa Becca, mas agora sua equipe não sabe ao certo se ainda podem confiar nele. Com Victoria Neuman (Claudia Noumit), uma super tendo sido eleita a vice-presidente dos EUA, os The Boys se encontram em uma situação crítica quando Capitão Pátria (Anthony Starr) põe em prática o seu plano de tomar controle do país com a ajuda da Irmã Sábia (Susan Heyward) e seus leais seguidores dos Sete. 

Os Sete

Neste ano em que temos as eleições presidenciais dos EUA no mundo real, a série causou reações mais polarizantes devido as suas críticas à extrema direita terem se tornado mais óbvias do que de costume. Isso fica nítido logo nos três primeiros episódios  que realçam o fato de que o Capitão Pátria representa uma figura fascista e conservadora que ainda assim possui seguidores obcecados dispostos a fazer qualquer ato de ignorância em seu nome, vulgo Profundo (Chase Crawford), Black Noir (Nathan Michell) e a novata Espoleta (Valorie Curry).

The Boys

Mas o real problema com a narrativa nesta temporada foi o excesso de subenredos centralizados em personagens que não foram bem trabalhados na trama principal. Francamente, nem todos foram tão ruins assim, tais como o arco de redenção do Trem-Bala (Jessie Usher) que proporcionou um dos momentos mais meigos de toda a série. Até mesmo a história de Hughie (Jack Quaid), tendo um começo bem morno lidando com o AVC de seu pai e o retorno repentino de sua mãe, ao menos conseguiu terminar em uma nota alta. Quem realmente não trouxe nenhum grande proposito com os seus contos foram Frances (Tomer Capone) e Kimiko (Karen Fukuhara) basicamente fazendo uma repetição de suas jornadas de culpa. 

Joe Kessler e Billy Bruto

Também tem a questão de como certos personagens foram manuseados. Embora tenha seus momentos, Hughie é constantemente abusado de maneira bem remetente a sua contraparte dos quadrinhos. Ryan (Cameron Crovetti) passa a temporada inteira sem saber se esta do lado do pai ou do marido de sua mãe e é bem capaz que o jovem termine em um caminho insatisfatório. Irmã Sabia se destaca bastante nos três primeiros episódios só para a sua presença diminuir nos capítulos seguintes. Isso sem falar na participação de Joe Kessler (Jeffrey Dean Morgan) sendo prejudicada por uma reviravolta previsível e clichê que limita muito o seu papel na trama. 

Anthony Starr como Capitão Pátria

Apesar do excesso de violência e conteúdos gráficos que tornaram série tão popular, uma preocupação recorrente nas últimas temporadas foi a falta de riscos tomados com o bem estar de seus personagens mais relevantes. De fato, a temporada da indícios de que a história principal estará chegando ao fim com o decorrer de seus episódios, porém, eles demoram até o último capítulo para mostrar o quão realmente sério está ficando a situação deste mundo, fazendo esse ano letivo parecer um grande filler no geral mesmo realizando um ótimo trabalho em gerar expectativas para o próximo. 

Karl Urban como Billy Bruto

Muito se fala sobre a atuação de Anthony Starr como o Capitão Pátria, principalmente no quarto episódio desta temporada onde o personagem praticamente protagoniza o seu próprio filme de terror. Mas quem também merece elogios pela sua performance e não os recebe com tanta frequência é Karl Urban como Billy Bruto no último capitulo, fazendo um incrível trabalho em mostrar a desconstrução de homem genuinamente ruim lutando para permanecer bom pelas pessoas que mais importavam em sua vida.

Em resumo, "The Boys" em seu quarto e penúltimo ano, infelizmente não consegue causar o mesmo impacto que seus antecessores ou até mesmo o derivado "GEN V" geraram. Porém, apesar de algumas pontas soltas, a série ainda brilha onde ela mais se destaca e graças ao seu final chocante e espetacular, ainda tenho esperanças de que a próxima e última temporada que irá adaptar a saga "No Topo da Colina Com as Espadas de Mil Homens", poderá encerrar a história principal com chave de ouro e dar para cada um de seus personagens as conclusões que eles merecem.



Nota do autor: 7,5/10

Média do site: 7,0/10

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