O Forúm Nerd foi convidado para assistir o filme em uma cabine de imprensa á convite da Synapse Distribution.

O cinema é uma mídia multifacetada, muitas vezes utilizada como veículo propagandístico para mercadorias ou ideias além do escopo da ficção. O fenômeno de influenciadores digitais adentrando o cenário cinematográfico não é novo, sendo Cristiano Souza, conhecido como Gato Galáctico, um recente exemplo dessa incursão com o filme Acampamento Intergaláctico. No entanto, sua tentativa subsequente, "Gato Galáctico e o Feitiço do Tempo," levanta questionamentos sobre a eficácia da transição desses influenciadores para a tela grande.

A narrativa do filme segue Roni um jovem curioso em busca dos segredos de um relógio misterioso herdado de seu avô. Desde os primeiros momentos, a tentativa de conquistar uma audiência mais ampla e pouco familiar com o canal do YouTube do influenciador é palpável; mas ultimamente a tentativa é falha. A aparente desconexão entre a personalidade inquieta de Roni e suas motivações, apresentadas sem uma justificativa convincente, contribui para um desalinhamento que prejudica a imersão na narrativa infatiloide. A falta de coesão estilística e a transição abrupta entre tons narrativos fazem perder-se a tentativa de alcançar novos espectadores e manter os já familiarizados.

A interpretação de Ronaldo Souza como Roni (o personagem não possui um motivo claro para seu comportamento rebelde, que se desfaz mediante presentes, fazendo o protagonista parece mais um estereótipo do que um personagem real) é marcada por um amadorismo irrisório e digno de pena; se o filme não passe de uma masturbação de ego do próprio, é fácil imaginá-lo se sentindo orgulhoso após assistir os cortes bruscos e então o corte final, satisfeito com a performance nula, filme nulo, o que deixa todo o projeto mais patético do que já é. Narrativamente não há razão para eu gastar meu tempo tentando numerar todas as falhas quando isso claramente seria uma tarefa eterna e eu gastaria todos os adjetivos negativos que existem para descrever a ruindade desse troço. Se eu fui assistir ao filme sem pretensão de dá-lo uma chance, não me julguem. Não há razão para dar esse filme uma chance. 


Os coadjuvantes, como Pepe e Lisa, enfrentam o desafio de absorver tons narrativos rapidamente cambiantes, uma tarefa para a qual parecem subdimensionados. A falta de coerência nos desenvolvimentos dos personagens, particularmente no antagonista Perpétuo, resulta em uma representação plana e sem nuances, com sua maldade existindo sem uma fundamentação substancial. Desenhos animados feitos para serem assistidos em uma manhã de domingo possuem mais nuance. Este é um equívoco recorrente em produções infantis, mas que, não obstante, prejudica a qualidade do filme.

Faltam causas e progressos, deixando-nos desejando ardentemente que o relógio misterioso pudesse nos transportar para um momento mais empolgante. Lucas Salles, interpretando um jornaleiro que prometia ser o alívio cômico, apenas reforça a sensação de que até mesmo a escapadela do tédio é desperdiçada neste conto de fadas moderno.

Gato Galáctico e o Feitiço do Tempo é uma obra que se contenta em satisfazer os já familiarizados, pois quem mais teria paciência para suportar essa narrativa cansativa? Não tinha muito o que se esperar de um Youtuber fazendo mais um filme voltado para o público infantil, que sempre serve como desculpa para a preguiça e um roteiro mal pensado e mal executado, crianças não tem pensamento crítico, logo as deem qualquer coisa e está ótimo. Talvez o único feitiço que este filme realiza é o de fazer uma hora e meia parecer uma eternidade.

Nota: 1

Post a Comment

Postagem Anterior Próxima Postagem