Nova aposta do Disney tem começo promissor apesar de ritmo acelerado e falta de desenvolvimento de personagens.

Percy Jackson e os Olimpianos narra a vida do adolescente Percy Jackson que descobre ser um semideus, filho de Poseidon com uma humana. Percy e seus amigos vão a uma missão para evitar uma guerra entre os deuses Zeus, Poseidon e Hades.

Acho que é bem preciso falar que Percy Jackson é uma das maiores obras literárias voltadas para o público infantojuvenil já escritas em todos os tempos, rivalizando em popularidade com Harry Potter. Apesar da saga de livros de extremo sucesso de Rick Riordan terem conquistado tantos corações, ela chegou a receber uma adaptação em 2 filmes live-actions produzidos pela FOX que não agradaram nem um pouco as pessoas, pela sua falta de qualidade e fidelidade aos livros.

Com isso, a Disney se viu com uma nova galinha dos ovos de ouro na mão. Uma adaptação em formato de série para o serviço de streaming Disney+ logo recebeu sinal verde, com Jonathan E. Steinberg (Black Sails, The Old Man) e Riordan atuando como criadores, showrunners e principais roteiristas. Esse envolvimento forte de Riordan inclusive tranquilizou muito os fãs, já que ele esteve pouco envolvido nos filmes.

Eu obviamente era muito fã do primeiro filme quando era criança por ser um aficcionado em mitologia grega, e cheguei a ler parte do segundo livro e infelizmente assistir a abominação que é o segundo filme nos cinemas, e quando anunciaram a série fiquei otimista por gostar desse universo que é riquíssimo e cheio de personagens e elementos únicos.

Logo de cara o maior problema que serve como o maior empecilho para esse começo de Percy Jackson é o ritmo extremamente acelerado e falta de aprofundamento nos personagens. Por algum motivo misterioso, as séries da Disney+ tem uma duração muito curta, com o piloto que facilmente teria uma duração de 1 hora tem apenas 39 minutos (e com créditos gigantes, por sinal). Isso deita a narrativa acelerada num ponto em que muita informação e desenvolvimento natural de personagens é perdido, deixando tudo muito superficial.

Chegamos então ao grande protagonista dessa história: Percy Jackson, que é vivido pelo ator mirim Walker Scobell (O Projeto Adam, Esquadrão Secreto). Scobell se tornou um queridinho do fandom e do público rapidamente, mas sinto em dizer que ainda não estou vendido com sua atuação como Percy Jackson. Ele não é exatamente ruim, mas a falta de carisma e talento me incomoda um pouco, e não sei exatamente se é culpa dele ou do roteiro que não consegue desenvolvê-lo de forma adequada.

Seu relacionamento com a mãe, interpretada pela atriz Virginia Kull (Big Little Lies, Twin Peaks: O Retorno) é talvez a única coisa que faça com que a gente se apegue um pouco com Percy, já que ela é a única pessoa que ele tinha realmente em sua vida. 

Outros destaques até que positivos são Groover e Annabeth, interpretados por Aryan Simhadri (Doze é Demais, Spin) e Leah Sava Jeffries (Empire: Fama e Poder, Rel). Eles são os amigos que irão seguir a jornada junto de Percy, e ambos se mostraram personagens carismáticos e com seus atores fazendo um trabalho bem competente (e até melhor que o protagonista). É claro que não tiveram tanto tempo de tela para serem desenvolvidos (principalmente Annabeth), mas do pouco que apareceram conseguiram deixar uma boa impressão.

Dá pra notar o alto valor de produção que a Disney colocou na série, mostrando que eles realmente querem que Percy Jackson seja um dos carros chefes do seu principal streaming. Não só o elenco está cheio de atores e atrizes famosos da televisão que farão pontas em episódios futuros, mas o trabalho de maquiagem e figurino estão bem fortes, com sets grandes e cenários práticos muito bem produzidos.

Enquanto James Bobin (Os Muppets, Dora e a Cidade Perdida) faz um trabalho razoável e competente no geral, as cenas de ação são deploráveis e vergonhosas. A luta contra o Minotauro na chuva ficou bem produzida e até que bem coreografada, mas todas as cenas de ação no acampamento com cortes a cada três segundos além de causar dor de cabeça se tornam vergonhosas.

Falando de outros aspectos técnicos ruins, aqui é onde a série tem uma enfraquecida. O trabalho do diretor de fotografia Pierre Gill (Mundos Opostos) é nada inspirado dando um visual geral bem qualquer coisa pra série, que fica dependendo mesmo dos efeitos especiais, cenários e figurinos. O mesmo se aplica para o trabalho dos compositores Bear McCreary (God of War: Ragnarök, Godzilla II: Rei dos Monstros) e Sparks & Shadows (Fundação) que parece que nem tentaram fazer um tema ou trilha marcantes e que trouxesse algum tempero para a série.

Terminamos sentando a jornada de Percy e seus amigos para o inferno atrás de Hades, que é o suspeito de roubar o relâmpago de Zeus, colocar a culpa em Percy e roubar a alma da mãe dele. Tudo é feito de uma forma muito rápida e mal estabeleceu todos os protagonistas e principalmente o acampamento meio sangue, mas vamos ver o que aguarda eles nessa longa jornada.

Para quem esperava o pior, os dois primeiros episódios de “Percy Jackson e os Olimpianos” são surpreendentemente sólidos e entregam uma série que tem potencial para ser (até que enfim) uma nova franquia boa da Disney. O elenco às vezes parece deslocado, a direção não é tão competente e o ritmo é bem acelerado, mas o universo é tão rico e o investimento (em partes) parece bem aplicado, que não se tornou uma experiência torturante de se acompanhar como outras produções do streaming. Tomara que eu não queime a língua (ou no caso, dedos) com os próximos episódios.

Nota: 6.5

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