Derivado de "Scooby Doo" para maiores de idade falha em contar uma boa história graças ao seu humor forçado e personagens desagradáveis.



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Há aqueles quem dizem que a maioria das produções recentes envolvendo a franquia "Scooby-Doo" não possui muita relevância por serem ultrapassadas e usarem sempre a mesma formula que muitos já conhecem desde a década de 60. Uma tomada mais madura da icônica IP destinada a um público mais velho provavelmente estava condenada ser uma decisão que dividiria opiniões em qualquer cenário, mesmo sendo uma ideia interessante para trazer algo novo.

Mas as decisões tomadas pelo criador Charlie Grandy (Quatro Casamentos e Um Funeral, A Vida Sexual das Universitárias) e a produtora Mindy Kaling (The Office, Divertidamente) em uma série animada para maiores de idade centralizada em uma versão antipática da personagem Velma que ainda por cima não tem a presença do famoso dogue alemão chegam a ser ofensivas por vários motivos, e nenhum deles envolve a mudança de etnia feita nos membros da Mistério S/A.

Nesta suposta "história de origem", onde um serial killer começa a assassinar garotas do ensino médio de Baía Cristal, a jovem Velma Dinkley (Mindy Kaling) tenta descobrir como este mistério esta relacionado com o desaparecimento de sua mãe tendo o apoio de seu melhor amigo Norville (Sam Richardson). Ao mesmo tempo, ela também tenta entender os seu sentimentos por sua ex-melhor amiga Dafne (Constance Wu), a filha adotiva de duas policiais lésbicas que procura encontrar os seus pais biológicos.

Uma das coisas mais notáveis neste desenho são justamente suas descaracterizações dos icônicos personagens da turma do Scooby Doo que são retratados como pessoas detestáveis. A própria Velma é uma protagonista extremamente desagradável, egoísta e pouco inteligente, e por algum motivo, a série age como se essas fossem suas melhores qualidades. Dafne é a típica garota popular clichê que faz coisas "extremas" para chamar atenção, mas a maior ofensa com certeza deve ser Fred Jones (Glen Howerton) que foi reduzido a um garoto rico e mimado que nem sequer sabe como usar talheres. O único que chega perto de ser um ser humano decente é Norville, mas ele é constantemente humilhado e sua personalidade não condiz em nada com a do Salsinha que todos conhecem. 

Para uma série que possui intenções feministas, é um tanto curioso entender por que eles sentem tanta necessidade em sexualizar mulheres, que supostamente são menores de idade, e lesbianismo com tanta frequência. A animação tenta desenvolver um relacionamento amoroso entre Velma e Dafne, mas ele é executado de maneira apressada logo no segundo episódio e é bastante mau desenvolvido com o decorrer da temporada. Eventualmente, todos os membros da Mistério S/A chegam a se apaixonar por Velma, coisa que é incompreensível considerando sua má personalidade.

Outro problema com a série é que ela se propõem a ser um comédia ácida quando na realidade não é uma muito engraçada. Com várias menções e referências a outras séries de TV, o humor parece ter sido escrito por pessoas que estavam bastante convencidas de que fizeram algo digno de tirar risadas quando na verdade está longe disso. E como se essas piadas já não fossem vergonhosas o bastante, há momentos onde eles ainda zombam de vários elementos clássicos do Scooby-Doo, como transformar as frases de efeito dos personagens em nomes para drogas e dizer que os costumes do desenho antigo não fazem sentido, como se os deles fizessem. 

O único mérito da série é sua animação que é visualmente decente o suficiente para desenhos do seu gênero, principalmente quando Velma tem seus episódios alucinógenos que são resultado de um estresse causado pelo desaparecimento de sua mãe.  Mas momentos como esses não são nem um pouco realistas e a forma como eles são solucionados chega até a ser extremamente desrespeitoso com pessoas que já foram vítimas de transtornos de pânico.

Velma é um produto feito de maneira egocêntrica que pensa que será visto com bons olhos por incluir representatividade e criticar o privilégio branco mesmo tendo seus momentos sexistas. Com personagens que desrespeitam o material original devido as suas personalidades nada carismáticas e o seu humor forçado e de mau gosto que as vezes é tão confuso e sem sentido quanto as decisões tomadas na história, o maior problema desta animação não é a ausência de Scooby-Doo, mas sim a de um bom roteiro.


Nota: 3/10

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