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Muitos
filmes de terror abordam sobre traumas, seguindo o gênero de correntes
amaldiçoadas. Alguns tentam se reciclar, mas poucos o exploram de forma
habilidosa. Os filmes “O Chamado” (2002) e “O
Grito” (2004) são ótimos exemplos, onde uma maldição aparentemente imparável é transmitida
de uma pessoa amaldiçoada para outra.
“Sorria”
se encaixa nesse conceito. A diferença é que o demônio, espírito maligno ou o
que quer que seja (o filme é vago nesse ponto) literalmente se alimenta e se
espalha pelo trauma. Embora a premissa já tenha uma fórmula batida nesse tema e
com vários clichês, esse tipo de força maligna apresentada no enredo
pode ser um elemento narrativo suficiente para deixar o público ansioso e envolvido
pela tensão da história.
Na trama, tudo na vida da Dra. Rose Cotter (Sosie Bacon) muda após uma paciente morrer de forma brutal e ela testemunhar o incidente traumático em seu consultório. A partir daí, a médica começa a experimentar ocorrências assustadoras que não consegue explicar, mas que, de alguma forma, se relacionam com a morte que ela presenciou.
Para
entender o estranho fenômeno, Rose deve ir atrás de respostas. Para sobreviver, ela precisará confrontar seu
passado e tomar decisões difíceis que a salvarão. Com isso, Rose corre contra o tempo,
com o objetivo de desvendar e combater o mal desconhecido, assustador e
perturbador, que começou a afetar sua vida e de todos ao seu redor.
“Sorria” é uma produção original da Paramount Pictures e é o primeiro longa-metragem roteirizado e dirigido por Parker Finn, baseado em seu próprio curta-metragem (“Laura Hasn't Slept”) que ganhou o prêmio do júri pela categoria Midnight Short do South by Southwest em março de 2020. Originalmente, a Paramount Players e a Temple Hill Entertainment co-produziram o filme planejando lançá-lo apenas no Paramount+. Contudo, o longa foi exibido para o público de teste e as pontuações foram ainda mais altas do que o previsto, levando a Paramount Pictures a colocar o filme como lançamento nos cinemas.
Apesar
de não apresentar nenhum conceito novo em sua narrativa, transformar “Sorria”
em um filme de grande lançamento, é um fator positivo
impressionante. Mas, ao expandir o conceito de um curta de 11 minutos para um
filme de quase duas horas, “Sorria” se apoia muito não apenas na trama de
mistério estereotipada, mas, também, em temas perturbadores de terror sobrenatural.
A trama não é exatamente sobre assassinatos ou perseguições. Trata-se mais sobre a linha tênue entre sanidade e insanidade, como isso se desenvolve através dos traumas e de certos elementos narrativos usados durante o filme. A principal, talvez, seja o sorriso nas vítimas. Existem outros fatores que a maldição usa para assustar Rose (e o público), como, por exemplo, usar ângulos de câmera invertidos, principalmente para estabelecer fotos.
E,
surpreendentemente, são elementos eficazes. Usar todos esses elementos
narrativos de terror perturbadores e sombrios, sem dúvida, é um dos maiores
trunfos da produção; mesmo que não seja uma ideia tão original assim.
A jornada que Rose tem que percorrer para descobrir uma maneira de sobreviver à maldição é, até certo ponto, angustiante e induz o público à extrema ansiedade. Sua tentativa de desvendar o mistério e entender a mecânica da maldição – bem como para pará-la – são necessárias para o desenrolar da trama. A melhor forma para isso ser abordada é a maneira como Finn insere consistentemente o público na mentalidade nebulosa de Rose; com isso, o público testemunha os mesmos eventos e alucinações aterrorizantes de Rose, conforme a maldição age gradualmente nela.
A
atuação do elenco é ótima. Sosie Bacon (filha de Kevin Bacon e Kyra Sedgewick) acertou
em cheio em sua interpretação, principalmente na parte de perder o controle
sobre a realidade. Ela consegue tornar a jornada de Rose de conselheira de
traumas até pessoa traumatizada de uma forma totalmente convincente. Bacon
entende a força necessária para conviver com a fragilidade e ela equilibra
esses aspectos de sua personagem com uma habilidade incrível. Todos os outros
personagens funcionam como gatilho narrativo para estabelecer o enredo e fazer a
trama se desenrolar.
“Sorria” tem muito a dizer sobre sanidade e traumas. Sorrisos assustadores têm sido um elemento básico do cinema assustador, haja vista que a expressão infundida do mal pode ser particularmente eficaz mesmo à distância, como ocasionalmente acontece no filme. Isso ajuda a definir o clima tenso que a trama quer transmitir. E o diretor Parker Finn sabe usar esse elemento narrativo de forma perspicaz. Além disso, ele entrega um ótimo trabalho visual, inclinando e girando a câmera, usando sombras e efeitos de distorção para gerar uma atmosfera potente e tensa.
Sem
ficar preso a regras, a produção segue a tradição de maldições terríveis, não
muito diferente das que já vimos anteriormente. O filme em tela não guarda muitas surpresas, não tem grandes reviravoltas e, também, não tem muitos sustos –
chegando a ser relativamente previsível em muitos momentos. Por outro lado, “Sorria”
mostra todo o seu potencial com uma ótima técnica visual e temática. Com isso, o
longa é assustador, satisfatório e se mostra eficaz o suficiente como um terror
psicológico.
“Sorria” está disponível, para alugar, na Amazon Prime Video.
Nota: 7.0
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