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Com diálogos potentes, "Passagem" explora o estresse pós-traumático com o brilhantismo de Jennifer Lawrence e Brian Tyree Henry.
O estresse pós-traumático é um distúrbio recorrente quando se trata da história de militares que serviram na guerra. O filme da crítica de hoje explora todas as complexidades de se lidar com algo que extrapola os aspectos físicos e nem sempre é óbvio aos olhos dos outros.
Passagem (Causeway) é um drama psicológico estadunidense da produtora A24 dirigido por Lila Neugebauer e com um roteiro escrito por Elizabeth Sanders. O longa teve sua estreia mundial no Festival Internacional de Cinema de Toronto em 10 de setembro deste ano. Mais tarde foi lançado nos cinemas e chegou na Apple TV+ em 4 de novembro de 2022.
Na trama conhecemos Lynsey (Jennifer Lawrence), uma soldada americana que sofre uma grave lesão cerebral quando estava a serviço no Afeganistão. O trauma a obrigou a retornar pra casa e iniciar uma luta para se recuperar fisicamente e, sobretudo, psicologicamente. Ela luta para retornar à sua vida diária ao lado da mãe, enquanto espera sua alta e realocação no exército.
Lila Neugebauer usa de extrema sensibilidade pra conduzir essa película repleta de diálogos poderosos. Acompanhamos a evolução de Lynsey, ao mesmo tempo que temos contato com suas maiores vulnerabilidades. O filme não se apressa em construir sua protagonista, mostrando com toda simplicidade sua rotina, bem como suas relações sem medo de cair na morosidade.
Passagem é um filme onde pouca coisa acontece, de poucos personagens e cenários, contudo o texto é tão bem escrito que você se vê envolvido naquele cotidiano e se sente compelido a acompanhar a história daquelas pessoas. A melancolia é elemento permanente desse longa que é dramático como se propõe desde o início, mas que não peca pelo excesso.
A área vacilante da trama paira na falta de ousadia em se explorar a psiqué de seus personagens. Ainda que eles sejam repletos te camadas e nuances, a sensação às vezes é de que não se vai a fundo por completo. Você tem cortes e fragmentos de seus passados por meio de relatos, mas falta profundidade em alguns momentos.
Jennifer Lawrence desde O Lado Bom da Vida não entregava uma atuação tão poderosa. Ela traz uma personagem complexa e com uma intensa carga emocional e faz isso com excelência. Do outro lado temos a brilhante presença de Brian Tyree Henry, conhecido pela série Atlanta e por ser um dos protagonistas de Eternos. A dinâmica dos dois funciona com perfeição e é a mola propulsora da narrativa. Acompanhamos uma amizade improvável que se consolida de forma singela, enquanto ambos aos poucos compartilham suas experiências e revelam os seus medos e fragilidades.
O longametragem é sobre relações e recomeços, mas especialmente sobre como a solidão corrói. Fica evidente que não há fórmula ou fim perfeito, apenas uma página a mais virada e uma conquista que muito representa. Fica tangível o quanto a fala é o suporte emocional, que pode ser decisiva no processo de superação.
Com um elenco escolhido a dedo, Passagem conquista com sua sensibilidade e consegue comover, ainda que opte por não ir muito além. De um drama doloroso surge uma amizade sincera que se afaga na esperança. Vale a pena conferir.
Nota: 7,5
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