Filmes
de terror sempre foram muito populares desde sempre. Pegaram fôlego na década
de 1970, fazendo bastante sucesso até hoje. Mas, atualmente, esse gênero se
tornou tão repetitivo, que vários desses longas caíram na mesmice e se tornaram
banalizados com sua narrativa extremamente sanguinária e com uma chocante
violência gratuita que chega a ser desnecessária. A qualidade dos efeitos
especiais e visuais melhoraram absurdamente ao longo dos anos, mas a criatividade
para se criar novas histórias começou a ser linear.
Porém,
em meio a tantas produções assim, alguns se destacam por serem originais e
criativos. “A Hora da Sua Morte” é um filme que chama a atenção justamente por
sua criatividade e originalidade. O filme em tela se aproveita da atual
tecnologia para explorar o quão dependente estamos do celular e sobre o abuso
dos mais variados e absurdos aplicativos tecnológicos que são criados
constantemente.
Na trama, um novo aplicativo de celular, chamado Countdown, está virando uma febre entre os jovens, prometendo prever o momento exato da morte de cada pessoa. Mesmo a contragosto, a enfermeira Quinn Harris decide baixá-lo, a convite de uma amiga. Quando o aplicativo indica que ela tem três dias de vida restantes, ela precisará lutar contra o tempo para sobreviver. Enquanto tenta entender o que está acontecendo, ela precisará escapar de uma entidade maligna muito pior do que tudo que já viu, e que está relacionado ao aplicativo Countdown.
“A
Hora da Sua Morte” é o primeiro longa do diretor Justin Dec no cinema, que
também é o responsável pelo roteiro. Com um orçamento de apenas US$ 3 milhões,
Dec apresenta uma premissa interessante, usando a tecnologia de aplicativos
suspeitos no celular a seu favor para desenvolver uma história sobrenatural de
terror.
Em meio a tantos aplicativos de celular existentes hoje em dia, que prometem ensinar as pessoas sobre tudo, desde emagrecer a apender a tocar instrumentos musicais, o diretor surfou nessa onda de aplicativos sobrenaturais, que também não são poucos, para narrar uma história que até foge um pouco do bom senso narrativo, mas que explora a metáfora da tamanha credulidade e dependência que a sociedade tem em relação com tais aplicativos. É só perceber quantos aplicativos sobre Fenômeno de Voz Eletrônica (FVE) – ou, EVP (Electronic Voice Phenomena) – existem para serem baixados no celular e que alegam possibilitar as comunicações paranormais com espíritos.
Nessa
esteira, o que Dec apenas fez foi criar um novo tipo de aplicativo sobrenatural
e desenvolveu uma narrativa em volta dessa premissa, com elementos sobrenaturais que sejam
condizentes com a proposta que ele deseja transmitir. Estamos vivendo o auge da
super tecnologia, onde (quase) tudo é possível com nossos celulares. Já era de
se esperar que o cinema explorasse esse campo nos mais diversos temas e gêneros
cinematográficos.
Para fazer dar certo – e, obviamente, que não poderia faltar –, o longa está recheado de clichês. Tais elementos são os gatilhos narrativos que a produção necessita para conseguir se desenvolver e chegar até o desfecho. Sem isso, o filme não funcionaria. De certa forma, até funciona, pois “A Hora da Sua Morte” cumpre seu papel ao ter boas cenas de suspense, sustos jump scare e uma ambientação condizente com tais filmes.
Outro
diferencial da película é que esta não faz tanto uso de violência e de cenas
muito sangrentas, propriamente ditas. Ocorrem mortes por causa do contador
zerado que o aplicativo mostra, mas o foco da trama é o suspense ao redor da
morte provocada pelo aplicativo, e não a própria morte, em si. Tal abordagem é
condizente com a proposta que o filme deseja contar.
“A Hora da Sua Morte” é um filme que não fica perdendo tempo em dar muitas explicações e não enrola com narrativas muito mirabolantes. O caso é que a produção apresenta um aplicativo de software amaldiçoado que mata as pessoas que o instalam em seus smartphones. A protagonista tem que se virar para burlar o sistema e quebrar a maldição para sobreviver depois de 3 dias. Em meio a tudo isso, o longa mostra cenas sobrenaturais tensas e algumas até assustadoras. Simples, assim.
O
problema da narrativa, talvez, seja os subtramas. Além de ter que lutar por sua
vida e quebrar a maldição, Quinn também precisa lidar com um médico assediador
no hospital e com o luto pelo recente falecimento da mãe. São subtramas
desnecessárias, que não acrescentam praticamente em nada na trama. Mas,
aparentemente, o filme precisa disso para se inflar o tempo suficiente em sua duração de tela.
O uso de tecnologia como elemento narrativo para se criar filmes de terror não é uma premissa nova na indústria cinematográfica. Existem vários filmes de terror que se valem de tecnologia como premissa para narrar as tramas. Justin Dec aproveitou isso para explorar uma ideia nova e atual, de forma criativa e condizente com uma proposta adequada para o gênero – mesmo que seja previsível e recheado de clichês.
“A
Hora da Sua Morte” sugere uma ideia aparentemente desprovida de qualquer
credibilidade. No entanto, o filme em tela se mostra original e criativo ao
brincar com um elemento tecnológico para criar tensão e mostrar o quão
banalizado o uso dessas tecnologias está em meio a uma sociedade que virou
refém dos smartphones. Soma-se a isso a tremenda quantidade de aplicativos de
celular que prometem qualquer coisa. No caso do longa em questão, um aplicativo
que sugere a data da morte de uma pessoa beira o absurdo, mas é um elemento
narrativo que funcionou para apresentar uma trama sobrenatural de terror, que
nada tem a oferecer senão um pouco de divertimento e sustos, mesmo com uma
certa previsibilidade.
“A Hora da Sua Morte” está disponível na Amazon Prime Video e na HBO Max.
Nota: 7.5
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