Filme inova ao explorar elementos de horror e entrega ação do início ao fim.
Quando a Marvel anunciou a fase 4 do MCU, já era possível perceber que seu projeto se tornaria cada vez mais ambicioso. Se uma de suas marcas registradas é a conexão entre seus mais de vinte filmes, agora confirma-se também a importância de suas séries dentro do contexto do universo compartilhado.
Por isso, inicio a crítica afirmando que, conforme já se especulava, para se ter uma experiência mais completa ao assistir Doutor Estranho no Multiverso da Loucura é interessante assistir previamente algumas obras para TV, como WandaVision (essa mais que todos os outros, já que é peça chave para se compreender o arco de Wanda), What If (não é obrigatório para o entendimento, mas tem referências importantes, por isso veja ao menos os episódios 1 e 4), Loki (se estiver com tempo e empenho - a série aborda bastante o multiverso), além de filmes como Homem-Aranha: Sem Volta para Casa, Vingadores: Guerra Infinita e Ultimato, bem como o primeiro longa do Doutor Estranho.
O escolhido da vez para dirigir a tão aguardada continuação do filme focado no vingador Stephen Strange foi Sam Raimi, conhecido por dirigir a trilogia do Homem-Aranha protagonizada por Tobey Maguire. O roteiro é assinado por Michael Waldron, que escreveu e produziu a série sobre o Deus da Trapaça, Loki e Jade Bartlett.
A crítica a seguir NÃO contém spoilers.
Na premissa do novo longa da Marvel acompanhamos eventos posteriores ao filme Homem-Aranha: Sem Volta para Casa e WandaVision. Stephen Strange (Benedict Cumberbatch) se depara com uma criatura que parece perseguir uma jovem, America Chavez (Xochitl Gomez). Esta detém uma habilidade única que em mãos erradas pode colocar em risco inúmeros multiversos.
Sabendo dos riscos iminentes, ele procurará ajuda de uma poderosa vingadora, que está isolada desde o incidente em Westview e a perda dos filhos, Wanda Maximoff.
Quando saiu na imprensa qual seria a duração do filme (pouco mais de duas horas), isso logo gerou preocupação no público. Um filme curto e com a promessa de aparecimento de tantos novos personagens conseguiria contar sua história os desenvolvendo propriamente?
Alguns atos são um tanto quanto apressados. A começar pelo primeiro, no qual temos uma cena de reencontro que logo salta para outra já de conflito, sem uma preparação apropriada. Os diálogos não ousam e esbarram no convencionismo de roteiro. Como se na edição essa parte tivesse sido de fato sacrificada. É imposto um ritmo frenético de acontecimentos que nos entregam algumas explicações bem superficiais, como é o caso da temática das incursões.
As participações especiais do longa, mais esperadas do que nunca desde o último comercial vazado, como o próprio nome diz, são participações. São tão breves que oscilam entre deixar o agradável gostinho de quero mais com o desejo decepcionado de mais tempo de tela e exploração de alguns desses personagens que apresentam extremo potencial. É importante destacar que ainda assim as participações entregam a emoção que tanto os fãs curtem.
Não dá pra negar que Doutor Estranho no Multiverso da Loucura entrega uma incrível e inovadora experiência e sua curta duração faz com que o espectador não desgrude os olhos da tela um minuto sequer.
O filme é repleto de ação. MUITA ação mesmo. Não dá tempo nem de respirar direito. Temos desde de uso de poderes místicos, a lutas corporais e uso de artefatos.
Além da fórmula Marvel já conhecida, que mistura aventura, ação e comédia sob medida, dessa vez temos um lado mais raro e obscuro, que Raimi sabe trabalhar bem, já que tem experiência em produção de filmes de horror, como O Grito e A Morte do Demônio. Então aguarde momentos de tensão bem construídos e alguns jump scares, que têm surtindo efeito.
Cumberbatch capricha na interpretação das várias versões do Doutor Estranho e traz um Stephen Strange mais humano do que nunca, que inicia uma jornada de autoconhecimento na qual questiona se é realmente feliz. Assistimos o amadurecimento de suas relações e sua percepção do outro. Seu interesse amoroso, Christine (Rachel McAdams), retorna dessa vez com um papel mais importante na trama.
Quase seis anos após o primeiro filme do herói, muita gente apelidou Doutor Estranho no Multiverso da Loucura de "o filme da Wanda", antes mesmo de sua estreia. Realmente Wanda é o que tem de mais interessante e complexo na narrativa, porém isso não chega a ofuscar seu protagonista central, que tem relevância e especialmente carisma.
Elizabeth Olsen explora ainda mais as várias camadas de sua personagem e está sensacional. Prepare-se para ver uma Feiticeira Escalarte poderosíssima. Aproveito para dizer: como é bom assistir uma mulher sendo detentora de todo esse poder!
America Chavez é uma das novidades da história e tem merecido destaque. Além de um carisma genuíno, que faz com que queiramos conhecer mais sobre ela em outros trabalhos, ela é a representatividade em pessoa. Sua relação com o Doutor Estranho funciona muito bem e é um dos grandes acertos do longametragem.
Quanto a parte mais técnica, o CGI, que vem sendo alvo corriqueiro de críticas nas últimas obras da Marvel, dessa vez não decepciona. A pós-produção foi bem mais caprichada. O longa traz uma sequência de viagem entre multiversos que é absolutamente maravilhosa. Os multiversos em si abriram uma gama de possibilidades de cenários e cores no estilo que a Marvel sabe explorar. Temos ainda uma batalha no último terço do filme, que se utiliza dos sons em cadência com a luta propriamente dita de uma forma tão bem construída que impressiona. Criatividade e inovação do jeito que a gente gosta.
Temos conclusões contundentes para alguns arcos, no entanto como já é de se esperar abre-se um novo leque de possibilidades e mais complexidade para futuras tramas.
Vale salientar a existência de duas cenas pós-créditos, sendo que a primeira é de fato relevante, portanto não saia do cinema. A segunda é aquele alívio cômico clássico do qual tantos gostam.
Doutor Estranho no Multiverso da Loucura sai um pouco da caixa, com o toque de Raimi, e não decepciona. Ficamos na torcida para que Thor 4 siga esse fluxo e entregue mais um ótimo filme!
Saiba mais sobre os personagens da história AQUI. Não esqueça de deixar sua opinião sobre o filme nos comentários!
Nota: 8,5
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