Após dois anos de espera, a segunda temporada de “The Witcher” chegou à Netflix. As filmagens tinham se iniciado em Londres já logo no começo de 2020, um pouco tempo depois da primeira temporada ter sido lançada no streaming em dezembro de 2019.

Porém, durante 2020 e 2021 as filmagens tiveram que ser interrompidas devido à pandemia do COVID-19 e a produção teve longos atrasos. Nesse meio tempo, a produção suspendeu e retomou suas atividades algumas vezes após alguns membros da produção terem testado positivo para COVID-19 e, também, devido a uma lesão de Henry Cavill no set de filmagens, que quase encerrou sua carreira de ator.

A segunda temporada de “The Witcher” começa logo após a Batalha de Sodden, invadida por Nilfgaard, evento final da primeira temporada. Convencido de que Yennefer de Vengerberg (Anya Chalotra) morreu na Batalha de Sodden, Geralt de Rívia (Henry Cavill, de “O Homem de Aço”, 2013) leva Cirilla (Freya Allan), sua protegida, para o lugar mais seguro que ele conhece: Kaer Morhen, o lar de sua infância e fortaleza onde ele cresceu e treinou com outros homens como ele.

Enquanto os reis do Continente, elfos, humanos e demônios lutam pela supremacia fora das muralhas, Geralt de Rívia precisa proteger Cirilla de algo muito mais perigoso: o misterioso poder dentro dela. Durante esse tempo, Cirilla entra em uma jornada de treinamento para compreender melhor seus próprios poderes e aprender a manejá-los.

Após a primeira temporada apresentar os principais personagens e estabelecer uma conexão temporal e geográfica entre eles e os acontecimentos finais no último episódio, “The Witcher” dá sequência em sua segunda temporada ao expandir seu universo, introduzindo novos personagens, se aprofundando em outros e fazendo algumas mudanças no formato da série, principalmente em relação à linha temporal.

Ao passo que a primeira temporada adapta nove contos dos dois primeiros livros da Saga, a segunda temporada se concentra no conto “A Grain of Truth”, do livro “O Último Desejo”, no terceiro livro da Saga, “O Sangue dos Elfos” e no começo do livro “Tempo do Desprezo”. Nessa esteira, enquanto a primeira temporada alterna três linhas do tempo entre os episódios de forma não linear, a segunda temporada muda o formato e passa a apresentar uma única linha do tempo em todos os seus oito episódios, de forma linear; o que é mais fácil e prático de compreender a história como um todo. Ponto positivo nesse quesito, que descomplicou a questão de flutuar de uma linha temporal para outra e resolveu construir uma narrativa (linear) mais simples, e isso possibilitou criar um ritmo mais dinâmico para a série acerca dos personagens e eventos, sem aquela quebra narrativa entre um evento e outro, tal como mostrado na primeira temporada.

Sobre a caracterização dos personagens, a segunda temporada explora com mais profundidade os principais personagens que nos foram apresentados na temporada anterior – o trio de ouro, Geralt, Cirilla e Yennefer. Fraca e vulnerável após a Batalha de Sodden, Yennefer passa por dificuldades que comprometem sua vida e seus poderes; enquanto isso, a feiticeira tem que lutar para sobreviver, lidar com as consequências de suas escolhas e fazer novas alianças em uma jornada para se fortalecer e reaver seus poderes novamente.

A segunda temporada explora um pouco mais o lado pessoal e sentimental de Geralt de Rívia, mostrando que o personagem não é um simples assassino sem emoções, ranzinza, rabugento e antissocial. Diferente da temporada anterior, desta vez o personagem de Henry Cavill cativa mais o público ao demonstrar seu lado mais afetivo, sentimental e possuir mais falas durante os episódios, além do ator estar mais confortável no papel também. O que é muito bom, haja vista que Cavill consegue transportar com maior facilidade o carisma na medida que seu personagem precisa passar ao público. Isso sem falar que o personagem teve uma significativa melhora em seu visual, mais precisamente sobre a peruca que Henry Cavill usou desta vez; muito melhor do que a anterior.

Já Cirilla de Cintra é uma personagem que conseguiu ter um desenvolvimento grande nesta segunda temporada, ganhando um bom destaque. Ela se empenha bastante para sair debaixo das asas de proteção de Geralt de Rívia, descobrir mais sobre seus poderes e aprender a lidar com eles, além de se esforçar para mostrar que não é uma moça frágil delicada e indefesa; com isso, ela treina arduamente e mostrar seu valor. É um ótimo amadurecimento para a personagem, que pode render frutos positivos para o futuro da série.

Outro personagem que evoluiu nesta temporada e conseguiu se desvincular dos demais personagens é o bardo Jaskier. Mesmo aparecendo por menos tempo em tela, Jaskier continua a servir como alívio cômico e mostra que consegue andar com as próprias pernas, trabalhando secretamente nos bastidores durante a guerra política de Nilfgaard contra os elfos, além de apresentar uma nova música. Um passo grande e promissor para este protagonista, que, embora não tenha um destaque maior e, mesmo não desempenhando nenhum papel fundamental e importante para a temporada, ainda conquista por sua simpatia e amadurecimento; o que pode ser útil no futuro.

Em relação aos novos personagens introduzidos na segunda temporada, foi apresentado ao público mais sobre a história do bruxo Geralt de Rívia, bem como sua família e sobre a fortaleza de Kaer Morhen, Escola dos Lobos e lar dos Witchers, sendo que cada um tem uma habilidade específica, e todos ajudam, de alguma forma, no treinamento de Ciri. Vesemir (Kim Bodnia), por exemplo, é o mais velho e o mais experiente Witcher de Kaer Morhen, exercendo a função de uma figura paterna e mentor de Geralt de Rívia. Entre os guerreiros Witchers de Kaer Morhen, estão Lambert (Paul Bullion), Eskel (Basil Eidenbenz) e Coën (Yasen Atour).

Outros personagens que tiveram maior destaque na segunda temporada foram os elfos, que estão sofrendo com a opressão e com o avanço militar de Nilfgaard. Não é um arco muito interessante, mas é até importante, por mostrar as consequências da invasão de Nilfgaard e como os elfos estão reagindo com essas ações.

Em relação aos monstros, pode-se perceber uma significativa melhora, visualmente falando, em relação à temporada anterior. Com isso, fica claro o quanto os efeitos visuais dos monstros ficaram bem melhores, além de mais ameaçadores – embora o número de monstros seja menor nesta temporada; o que trouxe um ponto positivo para a série, pois abriu espaço para se aprofundar melhor nos personagens, expandir o universo da saga e discutir pontos mais importantes. Além do mais, a atual temporada faz uma reflexão filosófica sobre a questão conceitual de ‘monstro’, mostrando que nem todas as criaturas assustadoras são ruins e, a contraponto, nem todos os humanos são os bonzinhos.

Em geral, a segunda temporada de “The Witcher” mantém o mesmo padrão que a primeira, sendo que a adaptação da série continua fiel ao material base (livros e jogos). Porém, a temporada em tela se certificou de melhorar vários pontos e elementos de sua narrativa em relação à primeira, começando por apresentar uma única linha temporal de forma linear em todos os oito episódios. Com isso, a segunda temporada conseguiu expandir seu universo, mostrando diversas ramificações e desenvolvendo melhor, de forma mais profunda, os seus personagens – não se esquecendo de avançar com sua história. Além do mais, a série continua dinâmica, empolgante e divertida. É uma incrível sequência, que mostra o quanto amadureceu e que se mostra segura explorando o universo em terreno firme; até porque que venha a terceira temporada para trazer algumas respostas e abrir ainda mais o leque desse universo que conquistou e surpreendeu uma legião de fãs.

The Witcher” foi renovada para a Terceira Temporada em 25 de setembro de 2021.

A Segunda Temporada de “The Witcher” já está disponível na Netflix desde o dia 17 de dezembro.

Entre aqui para ler a Crítica da Primeira Temporada de “The Witcher”.

Nota: 8.5

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