A obra nos guia por duas tramas, a do Sargento Milton Warden (Burt Lancaster, Campo dos Sonhos), que inicia um caso com a esposa do major da base, e do Soldado Robert E. Lee Prewitt (Montgomery Clift, Um Lugar ao Sol), recém transferido para Pearl Harbor, um ex-boxeador que se recusa a voltar aos ringues, para o desgosto do Major Holmes que insiste que Prewitt lute no torneio entre campanhas para aumentar suas chances a ser promovido.
A história de Prewitt é sem dúvida o melhor que o filme tem a oferecer. A interpretação de Clift como um homem cheio de talentos e convicção sofrendo com o desprezo de seus colegas é a melhor do elenco, formando de longe o personagem mais interessante da obra. Clift consegue uma química natural com o coadjuvante Angelo Maggio (Frank Sinatra, Onze Homens e um Segredo), com quem tem o melhor arco no filme.
Com o infame Motion Picture Production Code (popularmente conhecido como Código Hays) ainda ativo em 1953, é impressionante o quanto o filme voa perto do sol no que se trata de respeitar valores da época. A trama por dois romances, um com uma prostituta e o outro com uma mulher casada. Por mais que não seja explicitado que Lorene (Donna Reed, A Felicidade Não se Compra) seja uma prostituta, o contexto de suas cenas e backstory deixa claro e não necessita verbalizar. Além do código, A Um Passo da Eternidade foi feito seguindo uma série de demandas do exército, fato que torna a moral flexível do filme mais impressionante.
Dentro de uma sociedade em que a Segunda Guerra Mundial era uma memória próxima e quando dificilmente se via filmes com ideias na contramão dos valores de seu tempo, é compreensível que A Um Passo da Eternidade tenha sido um dos filmes mais marcantes de sua época. Com um elenco de peso e personagens interessantes, o mérito da obra é inegável.
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