Com vários números musicais e excelente desempenho da brasileira Giovanna Grigio, "Rebelde" reacende a antiga paixão do público pelo fenômeno dos anos 2000.

Em 2004 foi ao ar um dos grandes fenômenos das telenovelas mexicanas: Rebelde. Produzida pela Televisa, Rebelde foi baseada em uma novela Argentina (Rebelde Way) lançada apenas alguns anos antes. Sete anos depois, o Brasil faria sua própria versão com artistas que hoje são conhecidos na mídia, como Chay Suede, Arthur Aguiar, Sophia Abrahão, entre outros. Mais de uma década se passou e, dessa vez, foi a Netflix que resolveu reascender essa antiga paixão do público.

Agora no formato série e novamente intitulada como Rebelde, o reboot do drama musical foi lançado em 5 de janeiro de 2022. O show conta com direção de Santiago Limón e Yibrán Asuad, e Natasha Ybarra-Klor, José Miguel Núñez, Pericles Sánchez e Ilse Apellaniz assinam o roteiro
Sua premissa gira em torno de uma sociedade secreta que retorna após quase duas décadas a fim de favorecer determinados estudantes da instituição e atrapalhar a participação dos novos alunos do colégio Elite Way na batalha das bandas, uma competição muito importante para aqueles que desejam seguir a carreira musical.

Entre os calouros da Elite Way School destacam-se o egocêntrico Luka Colucci (Franco Masini) parente de Mia Colucci, personagem da versão de Rebelde de 2004, Jana Cohen (Azul Guaita), que já tem uma carreira prévia, Esteban (Sérgio Mayer Mori), um jovem que guarda um segredo acerca de seu passado, a confiante baterista Andi (Lizeth Selene), de personalidade afiada, Dixon (Jeronimo Cantillo), um rapper que enfrentará dificuldades por conta de sua origem, e a ingênua M.J (Andrea Chaparro), que fará de tudo pra alcançar seu sonho. Entre os veteranos temos Sebastián Langarica (Alejandro Puente), namorado de Jana, e Emilia (Giovanna Grigio), uma estudante brasileira que não medirá esforços para chegar ao topo.

Pra começar, é relevante dizer que para acompanhar a série não é necessário ter assistido nenhuma das novelas. Por mais que a série não seja um remake e existam elementos e personagens que a conectem à novela mexicana de 2004, é fácil se situar com as próprias informações que a série nos entrega. Digo isso por experiência própria, já que não fiz parte da febre dos anos 2000 e, portanto, não assisti a nenhuma das novelas.

O motivo que me levou a acompanhar o reboot foi na verdade entender o porquê do fenômeno. Entender a razão pela qual em poucos dias a série já se encontraria no top 10 de inúmeros países. 

A narrativa em si é bem simples e nem um pouco desafiadora. À medida que os episódios avançam, você já consegue antecipar boa parte de seus eventos, dada a tamanha previsibilidade de seu roteiro e a surra de clichês. Os cenários são bastante limitados também. Boa parte das situações transcorrem no próprio território da escola, havendo poucas externas. E fora música, realmente não parece que os alunos estudam outra coisa a não ser isso, já que eles dedicam uma considerável parte do tempo para a competição ou para investigar as tretas da escola. No entanto, existe o elemento carisma e os números musicais que acabam te segurando à trama, como detalho a seguir. 
No elemento carisma, a brasileira que faz parte do elenco se sobressai. Giovanna Grigio, que já tinha confirmado seu talento na melhor temporada de Malhação dos últimos tempos (Viva a Diferença), mostra domínio do espanhol e que é extremamente versátil. Sua personagem tem uma personalidade a princípio oportunista e evolui bastante como pessoa no decorrrer da história. Sua relação com Andi também funciona muito bem e é, sem dúvida, uma das mais cativantes da série. 

Dixon é aquele personagem que dá vontade de guardar num potinho. Ainda que a série sustente um estereótipo preconceituoso com relação a nacionalidade do personagem e acabe instruindo o público de uma forma um tanto quanto rasa, o personagem é fácil de se relacionar e desconstruído o suficiente para ganhar o coração do público.

Um ponto alto de Rebelde é ainda o fato dela apresentar personagens homoafetivos e finalmente sua sexualidade não ser a característica a ser centrada na série. 

Enquanto alguns personagens são um poço de carisma, outros são extremamente chatos. Jana e Esteban, que são uma dupla de destaque, são sem graça e difíceis de se torcer. Falta química e "tempero".

Os números musicais trazem de volta os principais sucessos da história de 2004, além de algumas canções contemporâneas e não dá pra negar que são muito bem executados. Mas vale salientar que por vezes o roteiro foge do real. Em poucas horas, por exemplo, o grupo grava um clipe que deveria parecer amador e que mais parece uma super produção.

Entre erros e acertos, Rebelde consegue trazer novamente aquela fórmula que o público mais jovem adora e, por mais clichês que entregue, a trama de alguma forma faz com que você queira ver o episódio seguinte, em especial para saber do desfecho da batalha das bandas e de seus personagens favoritos.

A segunda temporada de Rebelde já foi confirmada pela Netflix e para esse ano ainda. 

Se você curte séries no perfil de Riverdale, certamente vai gostar da proposta de Rebelde. Se está em busca de uma história diferenciada e fora da caixa, essa talvez não seja a melhor pedida.

Nota: 6,5

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