Apesar da produção de alto nível, o primeiro episódio da série é morno, desinteressante e sem qualquer motivação.

O lendário caçador de recompensas Boba Fett e a mercenária Fennec Shand navegando pelo submundo da galáxia quando retornam às areias de Tatooine para reivindicar o território outrora governado por Jabba the Hutt e seu sindicato do crime.

Boba Fett é um dos personagens mais curiosos da saga Star Wars. Ele é um dos personagem da trilogia original com menos desenvolvimento ou personalidade, mas uma boa parte da fanbase se apegou a ele por conta de seu visual e armadura chamativos. Com essa expansão de universo que a Disney está fazendo com Star Wars através das séries e filmes, o personagem ressurgiu dos mortos na 2ª Temporada de “The Mandalorian”, e logo antes de sermos reintroduzidos a ele uma série solo do personagem já estava sendo desenvolvida para o serviço de streaming Disney+, servindo mais como um derivado.

O episódio se inicia dando um contexto maior de como o Boba Fett escapou do estômago do Sarlacc, perdendo sua armadura e se tornando um escravo. A narrativa intercala entre cenas dele como um escravo, até o momento atual onde matou Bib Fortuna e ocupou o lugar de Jaba como o grande senhor do Crime de Tatooine, e precisa arrumar uma forma de manter sua posição.

 Assim como todas essas produções de alto investimento do Disney+, fica bem nítido que “O Livro de Boba Fett” é uma série que tem um orçamento bem alto e um cuidado grande em criar grandes sets com criaturas e seres visualmente distintos, com um misto de cgi e efeitos práticos. Os designes de tudo na série é belo, mas toda essa temática de Tatooine e de deserto na franquia Star Wars já está se tornando maçante e enjoativo.

O elenco também não tem muito o que fazer. É bom ver o ator Temura Morrison (Aquaman, Star Wars: O Ataque dos Clones) como Boba Fett, solto e voltando a fazer papéis de maior destaque. Já a atriz e dubladora Ming-Na Wen (Mulan, Agentes da Shield) como a mercenária Fennec não tem muito o que agregar, sendo apenas uma personagem com um baita visual, presença e cenas de ação legais.

Existe no entanto uma certa tentativa de humanizar o Boba Fett, pois enquanto acompanhamos a sua jornada nos dias atuais para se tornar o “Poderoso Chefão” do crime, vemos ele sendo “gentil” e preferindo não machucar ou matar seus adversários, sendo até contraditório com o personagem (que veja só, é um vilão). Ao menos eles mantêm a grande piada de que seu personagem é um completo inútil, já que ele apanha de todos os seus adversários. 

A direção do episódio fica nas mãos de Robert Rodriguez (Pequenos Espiões, Um Drink no Inferno), que dirigiu o excelente episódio da 2ª Temporada de “the Mandalorian” que reintroduziu Boba Fett ao universo de Star Wars, fazendo com que a futura série do personagem parecesse bem promissora. Infelizmente, a direção de Rodriguez (que é um diretor bem competente) simplesmente não tem emoção ou qualquer charme, deixando o episódio blasé. As cenas de ação do episódio também não apresentam nenhuma originalidade ou algo empolgante, no máximo uma rápida sequência de perseguição bem ágil e movimentada.

Já o roteiro do episódio é assinado por Jon Favreau (Homem de Ferro, O Rei Leão) também é superficial e se apoia em cenas e momentos apenas para deixar os fãs de Star Wars “vibrando” com referências e momentos da saga. A trama deve seguir com essa narrativa, intercalando cenas do passado com cenas do presente onde ele deve continuar sua jornada para se tornar o novo Rei do Crime de Tatooine.

A trilha sonora do premiado compositor Ludwig Göransson (Pantera Negra, Tenet) é no entanto o que faz esse episódio quase valer a pena. Conhecido pelos fãs de Star Wars por seu também excelente trabalho em “The Mandalorian”, a trilha da série composta por Ludwig é charmosa e muito empolgante. O grande ponto alto do primeiro episódio.

O piloto de “O Livro de Boba Fett” é completamente vazio, fraco e serve apenas como um caça-níquel. A série deve seguir o caminho de todas as produções de Star Wars e da Marvel para o Disney+: apresentar ou reintroduzir personagens queridos da franquia nos próximos episódios, para tentar fisgar o público e gerar o tão famoso “hype” e possíveis derivados, mascarando a sua artificialidade e história pobre. O começo infelizmente não foi nada animador, mas como todo verme fã de Star Wars, continuarei acompanhando. 

Nota: 5.5

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