Filmes de espionagem sempre chamam a atenção e instigam por mostrarem espiões incrivelmente habilidosos para se infiltrarem nos lugares e resolverem problemas. Porém, na vida real, à época da Guerra Fria, houveram inúmeros espiões durante aquele tenso período tanto quanto os vários filmes que os retratam.
“O
Espião Inglês” é justamente um destes casos que relata, de forma bem
satisfatória, o caso real de um britânico simples que nada tinha a ver com a
Guerra Fria, mas que foi escolhido pelo governo britânico, juntamente com a
CIA, para integrar a equipe de espiões e conseguir informações que pudessem ajudar
a resolver um perigoso conflito entre duas enormes potências, que quase
desencadeou uma nova guerra.
Durante a Guerra Fria, em 1962, os Estados Unidos e a União Soviética se enfrentam na Crise dos Mísseis em Cuba. Greville Wynne (Benedict Cumberbatch, de “Doutor Estranho”, 2016), um carismático e dinâmico engenheiro e empresário de patentes em Londres, é recrutado pelo Serviço de Inteligência Militar Britânico, MI6, juntamente com a CIA, para se tornar um espião e recebe a missão de se infiltrar na Rússia e obter informações.
Pelo
fato de ser um empresário e estar viajando para vários países de forma
constante para realizar negócios e vendas de patentes, Wynne recebeu a tarefa
de ir à Moscou e formalizar uma discreta parceria com Ironbark, codinome de
Oleg Penkovsky (Merab Ninidze, de “Ponte dos Espiões”, 2015), um coronel
soviético que, discretamente, aceita passar informações e dados militares, pelo
fato de estar insatisfeito com as decisões que seu país está tomando naquele
período tenso. Eles precisam agir rápido para frear uma crise nuclear entre
países anglo-saxões e a Rússia. A jornada vai se tornando mais arriscada e Wynne
se vê cada vez mais envolvido em uma trama de paranoia e ameaças.
No período da Guerra Fria, diversos civis foram contratados como espiões para impedir o avanço soviético no mundo. Greville Wynne foi um desses homens comuns, que foi recrutado pelo governo britânico para se infiltrar no Programa Nuclear Soviético. Enquanto os Estados Unidos correm perigo pela sua proximidade com Cuba, o esforço de Wynne é crucial para ajudar a colocar fim na crise.
A
Crise dos Mísseis durou 13 dias e aconteceu após a instalação de mísseis nucleares
soviéticos em Cuba. A proximidade com o território americano aumentou a tensão
entre os Estados Unidos e a União Soviética. “O Espião Inglês” mostra como
Wynne conseguiu obter informações valiosas que contribuíram para o fim da Crise
dos Mísseis de Cuba, em 1962, através de informações cruciais obtidas com
Ironbark.
“O Espião Inglês” não é um filme que fala de um agente do governo altamente treinado durante anos em espionagem, capaz de se infiltrar em território inimigo para obter informações e sair sem ser notado. Ou, então, escapar ileso (talvez com alguns arranhões) em meio a tiroteios e fugas de carros, aviões, trens para ajudar seu país e, finalmente, sendo condecorado com medalha ao mérito por patriotismo. Filmes assim, recheados de tais clichês (e, talvez, mais alguns), já estão cheios nas prateleiras, a perder de vista, para serem assistidos.
Baseado
em fatos reais, o filme em tela é sobre um homem comum, empresário e pai de
família, que tem sua rotina drasticamente mudada quando o governo britânico,
juntamente com uma diplomata da CIA, decidem recrutá-lo, devido à sua
habilidade profissional em interagir e negociar com pessoas, para que este
sujeito simples, discreto e sem ligação alguma com o governo, realize uma
missão: intervir na União Soviética em meio a um dos maiores conflitos da
História e ajudar seu país a impedir uma guerra nuclear em larga escala.
Lançado no Brasil em março de 2021, “O Espião Inglês” não só é baseado em fatos reais, como também utilizou dois livros de autoria de Greville Wynne como base para o roteiro, assinado por Tom O`Connor: “The Man From Moscow” (1967) e “The Man From Odessa” (1981). Isso solidificou o filme em tela em um drama histórico mais concreto sobre os fatos ocorridos naquele tenso período em questão, além da riqueza de certos detalhes que só ambos os protagonistas principais – Wynne e Oleg, o espião russo – poderiam passar.
Com
isso, o diretor Dominic Cooke conseguiu transpor para as telas uma história
sucinta e real, de forma impressionante, porém verdadeira. Tal característica
positiva possibilitou “O Espião Inglês” tornar-se em um excelente filme de
espionagem e sobre a Crise dos Mísseis durante a Guerra Fria; talvez até um dos
melhores desde “Ponte dos Espiões” (2015).
O elenco de “O Espião Inglês” está excelente. Em destaque para Benedict Cumberbatch e Merab Ninidze, nos papeis principais dos protagonistas espiões, cuja interpretação de ambos são brilhantes e totalmente convincentes. Cumberbatch se destacou nos últimos anos interpretando personagens em filmes baseados em casos reais. A carreira do ator conseguiu deslanchar de uma forma rápida, prometendo-lhe um futuro promissor.
“O
Espião Inglês” é um excelente filme de espionagem que retrata eventos reais em
um período tenso, delicado e complicado durante um conflito político mundial,
que quase desencadeou uma guerra nuclear. Mas, graças à coragem de dois homens
de diferentes nações, conseguiram mudar o curso da História. Com isso, o longa
em questão conseguiu sair do estereótipo daqueles filmes clássicos do agente de
espionagem que impressionam o público por suas habilidades de “espionar” o inimigo
(óbvio), descarregar inúmeros pentes de sua arma (que não sei de onde sai tanta
bala assim em tais filmes) contra os bandidos altamente armados e, no final,
salvar a nação.
O filme em tela pode ser um pouco parado e lento demais para algumas pessoas, por não apresentar cenas de ação. Mas, como o longa é baseado em fatos reais e não em filmes estilo James Bond e Missão Impossível, nem todo evento real da História envolvendo espionagem tem, precisamente, cenas de ação. Porém, isso não desqualifica o longa em absolutamente nada, haja vista que, como drama histórico, “O Espião Inglês” é um filme impressionante e convincente em sua narrativa, além de apresentar uma proposta pouco explorada: os bastidores e negociações entre espiões durante a época sombria da Guerra Fria.
Visto
por este prisma, “O Espião Inglês” é um excelente filme histórico sobre
investigações profundas ocorridas durante a Guerra Fria, que contribuíram para
o fim da Crise dos Mísseis de Cuba, em 1962, e que fizeram toda a diferença para
o rumo da História mundial.
“O Espião Inglês” está disponível na Amazon Prime Video e HBO Max.
Nota: 8.5
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