Mesmo com algumas decisões questionáveis, Homem-Aranha: Sem Volta para Casa traz um filme sólido e bem escrito, conseguindo dar um ótimo encerramento a trilogia.
Após a Sony trazer as telas duas versões diferentes do amigão da vizinhança, a empresa decidiu se unir com a Marvel Studios e repaginar o herói mais amado das HQs. Essa união nos apresentou uma nova encarnação do Homem-Aranha diferente de tudo que havíamos visto antes, deixando alguns aspectos já conhecidos de lado e trazendo um novo foco ao Peter Parker, dando um olhar especial ao lado humano do personagem. Embora essa versão seja um divisor de águas e traga opiniões divergentes sobre o personagem vivido por Tom Holland, algo que não se pode negar é o sucesso estrondoso alcançado pelo homem aranha do UCM.
Se valendo disso, a Sony decidiu revisitar o seu passado e unir o homem aranha atual com os vilões de seus antecessores, algo que embora tenha deixado muitos fãs céticos acabou sendo uma ótima jogada da empresa. Como um grande fã do homem aranha e um fã maior ainda do conceito de Multiverso, logo que soube que esse embate herói vs vilões ocorreria eu fiquei eufórico, mas ainda assim um pouco cético quanto a qualidade dessa união, porém após ver o filme tive a certeza de que foi uma decisão acertada.
Logo de início é necessário falar sobre a construção do roteiro, pois embora Erik Sommers e Chris McKeena tenham cometido alguns erros durante os filmes anteriores é notável uma certa evolução quanto a forma como a história foi escrita. Aqui vemos de uma forma totalmente única o homem aranha das HQs que está sempre cheio de problemas, mas que ainda assim consegue deixar tudo para focar no bem maior daqueles que estão ao seu redor. Toda a construção do personagem feita aqui nos mostrou que embora o personagem tenha tido alguns problemas anteriormente, finalmente o homem aranha se tornou capaz de agir por conta própria e lutar suas próprias batalhas.
Toda essa evolução não seria capaz de ser feita sem um ator de qualidade, algo que Tom Holland mostrou ser mais uma vez. Sua performance como Peter Parker se mostra ainda mais profunda e verdadeira aqui. O mesmo é mostrado em relação a Benedict Cumberbatch, que mais uma vez desempenha seu papel de forma esplêndida e mostra que nasceu para o papel de Stephen Strange.
O elenco de apoio também cumpre seu papel, em especial Marisa Tomei que entrega aqui sua atuação mais emocionante durante toda a franquia e finalmente assume seu papel de protetora, algo que só havíamos visto em De Volta ao Lar e ainda assim de uma forma totalmente fraca e sem peso.
Mas claro, nem só de mocinhos vive Homem Aranha 3, por isso não podemos ignorar o papel empenhado pelos vilões. Embora conte com cinco antagonistas, apenas três deles tem um papel realmente crucial na trama, sendo Norman Osborn/Duende Verde (Willem Dafoe), Otto Octavius/Doutor Octopus (Alfred Molina) e Maxwell Dillon/Electro (Jamie Foxx), que conseguem revisitar seus personagens de uma forma especial. Embora os três últimos tenham entregado uma atuação excelente, o destaque em questão vai para Dafoe que aqui traz um retorno a altura de um personagem tão marcante quando Duende Verde. O vilão se mostra mais humano e deixa seu lado caricato mostrado anteriormente, porém sem abandonar o lado louco e indispensável do personagem.
Os efeitos especiais que são cruciais aqui não decepcionam, sendo superiores aos das franquias anteriores. A trilha também não decepciona, conseguindo passar a emoção necessária para a cena ao espectador, principalmente durante a batalha final e a uma cena em particular que demanda muita comoção do público. Outro ponto a se falar é a forma que o humor é construído, sendo utilizado na dosagem certa e sem parecer forçado ou caricato demais.
No entanto, todo filme conta com alguns problemas e Homem aranha sem volta pra casa não está livre disso, pois o filme apresenta algumas decisões questionáveis quanto a utilização de artifícios para fazer a trama andar corretamente, principalmente na forma que alguns personagens aparecem. Além disso, também há uma certa subutilização de personagens.
Por fim, quanto as cenas de ação é possível ver uma boa direção de Jon Watts, que consegue trazer ao filme cenas impressionantes e que prendem o espectador na cadeira.
Concluindo, Homem-Aranha: Sem Volta para Casa conserta as principais falhas dessa versão do personagem e traz um ótimo encerramento a franquia iniciada em 2016, conseguindo deixar os espectadores ansiosos para o que o futuro reserva para o Cabeça de Teia enquanto faz acenos incríveis a franquias anteriores, sendo assim um dos melhores filmes do Homem-Aranha.
NOTA: 8,5
Homem-Aranha: Sem Volta para Casa conta com retorno de Tom Holland como Peter Parker/Homem-Aranha, Benedict Cumberbatch como Stephen Strange/Doutor Estranho, Willem Dafoe como Norman Osborn/Duende Verde, Alfred Molina como Otto Octavius/Dr. Octopus, e Jamie Foxx como Maxwell Dillon/Electro. Zendaya, Marisa Tomei, Jon Favreau, Jacob Batalon, Benedict Wong, Tony Revolori e J. K. Simmons reprisam seus papéis como Michelle Jones, Tia May, Happy Hogan, Ned Leeds, Wong, Flash Thompson e J. J. Jamenson, respectivamente.
Depois que a identidade de Peter Parker como Homem-Aranha foi exposta por Mysterio no final de Homem-Aranha: Longe de Casa (2019), a vida e a reputação de Parker viram de cabeça para baixo. Ele pede ao Dr. Stephen Strange para ajudar a restaurar sua identidade secreta com magia, mas isso tem repercussões perigosas que forçam Parker a aprender o que realmente significa ser o Homem-Aranha.
Homem-Aranha: Sem Volta para Casa é dirigido por Jon Watts e roteirizado por Erik Sommers e Chris McKeena. O longa já está disponível na maioria dos cinemas brasileiros.
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