Mesmo com grande potencial, M.O.D.O.K (Hulu, 2021) se perde em uma superlotação de tramas e acaba se esquecendo de trazer um bom roteiro com estórias cativantes.

Durante os últimos anos a cultura pop acabou descobrindo que não são apenas os mocinhos que sustentam aventuras solos, mas que os vilões também conseguem ter suas próprias estórias e atrair a atenção do público, como vimos com Coringa, Malévola, Cruella, O Esquadrão Suicida e diversas outras. Agora finalmente a Marvel embarcou nesse meio com M.O.D.O.K., mas será que deu certo? É o que você descobrirá aqui.

Uma série da Marvel, porém não canônica ao universo da Marvel Studios, M.O.D.O.K. é uma animação que mistura animação em stop-motion com efeitos computadorizados, onde acompanhamos o vilão que dá nome a série vivendo no subúrbio e tentando equilibrar sua vida como vilão megalomaníaco dono da IMA (Ideias Mecânicas Avançadas) com ser um pai e um marido, porém ainda assim falhando miseravelmente em ambos. 

De início a série se mostra divertida, porém conforme os episódios vão passando logo vemos que acaba se tornando maçante, de forma que o público tenda a demorar e ter cada vez uma vontade menor de terminar de ver a série, pois embora os personagens possam ser divertidos eles não conseguem sustentar a trama de forma atrativa.

E ainda falando da trama, é notável a falta de preocupação em trazer uma estória bem amarrada, pois conforme os episódios vão passando o roteiro vai ficando cada vez mais fraco e sem sentido, de forma que ideias anteriormente apresentadas sejam esquecidas ao logo da temporada e que diversos elementos sejam adicionados ao enredo sem propósito algum. Esse problema se torna ainda mais gritante no último episódio da série, que simplesmente esquece o conflito principal que vem sendo desenvolvido desde o primeiro episódio e que com certeza tem um potencial gigantesco e adicionaria em muito a série se fosse bem explorado, porém é completamente ignorado e acaba servindo apenas pra mostrar a falta de atenção e de preocupação em trazer uma boa estória.

Porém é claro que nem só de problemas vive M.O.D.O.K., pois a série ainda tem alguns pontos positivos, como por exemplo a ótima dublagem que faz com que os personagens sejam ainda mais divertidos e carismáticos, com destaque para a estrela da série, o comediante Patton Oswald (The Goldbergs) que empresta sua voz ao vilão M.O.D.O.K. e com isso consegue dar personalidade ao personagem com suas tiradas sarcásticas.

Outro ponto que vale ressaltar é a animação da série, pois a mistura de animação stop-motion (animação através do movimento quadro à quadro de bonecos confeccionados) com efeitos em CGI consegue não apenas  tornar a série diferente das demais como também consegue dar um carisma a mais a produção, além de ser notável a preocupação com a moldagem e a movimentação correta e precisa dos bonecos, fazendo com que tudo seja muito bem executado e que não pareça caricato ou infantil.

E claro, não podemos esquecer que se trata de uma série da Marvel, então obviamente está lotada de referências a personagens da Marvel Comics, como o dragão Fin Fang Foom, a raça alienígena Ninhada, ao super-herói Magnum e à diversos outros.

Por fim, o último ponto que merece atenção (mas não deixa de ser um dos mais importantes) é o humor instável da série, pois embora seja bem construído e divertido em diversos momentos, em outros simplesmente acaba caindo drasticamente, de forma que pareça forçado e caricato, havendo assim uma "oscilação" entre boas e más piadas.

Concluindo, M.O.D.O.K. apresenta um potencial extremamente gigantesco, trazendo personagens carismáticos e uma ótima trama principal, porém acaba se perdendo no meio do caminho e apresentando uma execução de roteiro falha e sem coordenação, de forma que acabe tornando algo que poderia ser incrível e divertido em algo entediante.

Nota: 5

M.O.D.O.K conta com 10 episódios e está disponível no Star+.

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