Mesmo com começo bem morno, Kate Bishop tem uma ótima introdução na série do “Gavião Arqueiro”, que resgata o núcleo urbano abandonado da Marvel.

O ex-vingador Clint Barton tem uma missão aparentemente simples: reencontrar-se com sua família no Natal. Mas será que isso é possível? Talvez com a ajuda de Kate Bishop, uma arqueira de 22 anos que sonha em se tornar um super-herói.

O Gavião Arqueiro, interpretado pelo ator Jeremy Renner (Vingadores Ultimato, Guerra ao Terror), é um dos personagens mais subestimados dentro do MCU, e agora finalmente ganhou seu tão sonhado projeto solo, no formato de uma série de 6 episódios para o serviço de streaming Disney+. Com Jonathan Igla (Mad Men, Pitch) servindo como criador, showrunner e roteirista principal, a série terá novos episódios lançados todas às Quartas-Feiras.

A grande estrela dos episódios é Kate Bishop, vivida pela atriz Hailee Steinfeld (Bumblebee, Arcane). O episódio piloto abre com um flashback de Kate sendo salva pelo Gavião Arqueiro, construindo uma admiração do herói por ela. É interessante como essa admiração por Clint é vista de forma diferente ao longo dos episódios, com algumas pessoas reconhecendo ele, mas não exatamente tendo um grande afeto ou respeito. É simplesmente impossível não se apaixonar pela Kate Bishop, desde sua relação com o Gavião, habilidades e personalidade.

O Gavião Arqueiro está longe de ser um grande personagem dentro do MCU. Algumas pessoas podem até gostar do personagem, mas ele está longe de ser extremamente querido pelas pessoas como os outros heróis. A série no entanto tem uma abordagem bem curiosa sobre o personagem e a relação dele com a população do MCU.

Enquanto Clint tenta passar mais tempo com a família, existem cenas e sequências… intrigantes que exploram o psicológico do personagem, como toda a sequência do musical (que traz uma discussão interessante de como as pessoas se lembram dos eventos do primeiro “Vingadores”) em que ele se vê desconfortável por ver toda essa batalha ser transformada em uma piada, sendo que são memórias traumáticas. A cena do RPG (e todo o subplot do uniforme com o bombeiro) são completamente descartáveis e servem apenas para aumentar a duração do episódio, mas tenta trazer mais humanidade para a figura do Gavião Arqueiro e das pessoas ao seu redor (coisa que a fase de 2012 dos quadrinhos faz muito bem).

Já do elenco de apoio, os únicos destaques são Vera Farmiga (Invocação do Mal, Os Infiltrados) como Eleanor Bishop, mãe de Kate Bishop e Tony Dalton (Better Call Saul) como Jack Duquesne/Espadachim. Embora seja bem óbvio que os dois são os grandes vilões da série, Eleanor é uma mãe que se mostra preocupada com a filha, enquanto mantém segredos dela. Dalton se destaca como um homem misterioso e confiante (principalmente na cena em que ele duela com Kate).

A trama geral da série é bem simples, uma aventura repleta de ação com uma relação mentor-aluna (e um cachorro de rua) em que ele irá tentar ajudar ela a resolver o mistério no melhor estilo “Who Done It” (ou Quem Matou?). Essa proposta simples faz com que `Gavião Arqueiro" seja a série mais diferente da Marvel Studios para o Disney+, por ter um escopo bem menor e focar na parte urbana do MCU.

A decisão de fazer a série se passar durante o Natal foi muito acertada. O clima natalino combinou muito com a jornada do protagonista de tentar se reaproximar da família, enquanto precisa ajudar Kate. Será interessante ver como eles vão mesclar mais ainda esses elementos no desenrolar da trama.

Outro pequeno detalhe bem interessante é a intro animada do primeiro episódio e o encerramento (também animado) do segundo episódio que trazem um desenvolvimento e aprofundamento para Kate, mostrando a evolução e treinamento dela. A estética é totalmente chupinhada dos desenhos de David Aja, responsável pela arte da fase do Gavião Arqueiro nos quadrinhos que a série tanto se inspira (vale lembrar que o desenhista fez duras críticas a Disney recentemente por usar toda essa estética dele no material promocional da série, mas não pagar ou creditar ele).

A direção dos dois episódios é assinada por Rhys Thomas (Comrade Detective, Chad), que faz um trabalho bem qualquer coisa, sendo pouco inspirada. As cenas de ação (pelo menos por enquanto) são bem decepcionantes também, toda a movimentação das câmeras e cortes rápidos deixam elas bem desinteressantes. A sequência de luta na "adega" mesmo é cheia de cortes rápidos e uma coreografia truncada.

O segundo episódio acaba com Clint e Kate capturados pela Gangue do Agasalho, e a introdução de Eco/Maya Lopez (Alaqua Cox) que é a líder por trás do grupo de criminosos. A personagem muito provavelmente está atrás do homem que matou seu pai (se forem seguir os quadrinhos), e deve pensar que o Ronin é o responsável por isso. Devemos acompanhar no terceiro episódio a fuga de Clint e Kate, enquanto são perseguidos pela Gangue do Agasalho.

“Gavião Arqueiro” tem um começo bom, mas bem morno. Com uma ideia de humanizar e desenvolver o Gavião Arqueiro e introduzir Kate Bishop, ela finalmente começa a abordar todo o lado urbano do MCU que quase não era trabalhado pela Marvel Studios. Mesmo com uma direção pouco inspirada e cenas de ação genéricas, os personagens seguram bem os episódios e a trama é minimamente interessante, resta saber como eles irão conduzir ela pelos próximos 4 episódios.

Nota: 7

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