A Guerra do Amanhã”, o mais novo filme exclusivo da Amazon Prime Video, chegou arrasando e é um sucesso certeiro de ação sobre invasão alienígena e viagem no tempo.

O filme em tela é uma produção da Paramount Pictures, que estava previsto para ser exibido nos cinemas em dezembro de 2020. Mas, devido à recente pandemia e isolamento social, a data de lançamento foi alterada e, posteriormente, cancelada. A Amazon Prime Video aproveitou a oportunidade, comprou o filme por US$ 200 milhões (cerca de R$ 1 bilhão) e lançou direto em sua plataforma no último dia 2 de julho.

Não é o primeiro caso em que uma produção é comprada por uma plataforma de streaming após o respectivo lançamento ser cancelado nos cinemas por causa da pandemia. Após os cinemas paralisarem suas atividades, muitos filmes tiveram seus lançamentos adiados ou cancelados. Com isso, os canais de streaming começaram a comprar os direitos de exibição de alguns filmes com lançamentos cancelados, para colocá-los diretamente em seus catálogos. Outros exemplos de filmes que também tiveram suas exibições nos cinemas cancelados e foram comprados pela Amazon Prime Video foram Borat: Fita de Cinema Seguinte (produzido pela Four by Two Films) e Um Príncipe em Nova York 2 (produzido pela Paramount Pictures). Outras plataformas de streaming também não perderam tempo e seguiram a mesma estratégia: a Netflix adquiriu Enola Holmes (produzido pela Warner) e Os 7 de Chicago (produzido pela Paramount Pictures).

Na trama, uma espécie alienígena ameaça a humanidade em 2051, que está perdendo a batalha global e a maior parte do mundo foi dizimada; restando somente 500 mil pessoas no planeta nessa época. Sem pessoas suficientes para lutar na guerra e para evitar a extinção da humanidade, os cientistas criam uma máquina do tempo e o exército envia uma tropa de 2051 para a nossa época atual (final de 2022). O portal interdimensional da tropa militar se abre no meio do campo de futebol durante uma partida da Copa do Mundo em Catar (vale destacar que um dos times é a seleção brasileira, só por curiosidade) e, com o jogo interrompido, os soldados do futuro solicitam a convocação de soldados e civis desta nossa época para serem transportados para 2051 com a finalidade de lutarem contra os alienígenas para garantir a sobrevivência dos seres humanos. Dan Forester (Chris Pratt, de Guardiões da Galáxia), um professor de biologia do ensino médio com formação militar, é um dos convocados para viajar para o futuro e lutar contra os alienígenas. Com apenas uma semana de chance em 2051, Dan precisa usar seu conhecimento em Biologia para criar uma toxina forte o suficiente capaz de exterminar os invasores e salvar a humanidade antes de voltar para 2022.

Embora a premissa sobre invasão alienígena não seja original (só reparar quantos filmes com esse tema estreiam por ano), A Guerra do Amanhã surpreende ao abordar o tema sob uma nova perspectiva (a viagem no tempo é necessária para a vitória da raça humana contra os alienígenas), com uma incrível dinâmica. Há quem compare este filme com Exterminador do Futuro pelo motivo de que ambos abordam guerra no futuro e viagem no tempo. Mas, não tem como comparar; são propostas diferentes. Se começarmos a apontar similaridades entre todos os filmes com a mesma temática, chegaremos à conclusão de que todos os filmes do mundo são iguais e a lista será infinita.

O filme em questão toma bastante cuidado ao explicar de forma rápida e simples sobre os aspectos da viagem no tempo e o paradoxo temporal, sem confundir o espectador com explicações confusas e complexas acerca destes temas, tal como ocorreu em Vingadores Ultimato. A única ponta solta sobre a questão do paradoxo temporal que o filme não conseguiu responder foi justamente sobre o último paradoxo, que confundiu o público: se a trama central em volta do personagem principal (Dan) é ele ir para o futuro, em 2051, encontrar uma toxina forte o suficiente para matar os alienígenas e trazê-la de volta ao presente, 2022, para produzir em massa e impedir o extermínio da humanidade pelos alienígenas, então, consequentemente, após ele voltar com a toxina, a humanidade já estará preparada com a toxina (estocada em massa), a população não será dizimada tal como ocorreu no começo do filme, a tropa militar não virá de 2051 para 2022 e não terá como ele viajar ao futuro para obter a toxina e voltar no tempo em 2022. O final do filme deixou essa confusão gigante na cabeça do público. Após passar algum tempo pensando sobre esse problema do paradoxo temporal confuso, a única explicação plausível (para mim, pelo menos) é a exposta por Doc Brown em De Volta Para o Futuro 2: Dan, ao voltar de 2051 para 2022 com a toxina e produzi-la em massa, abriu-se uma tangente na linha do tempo e criou-se um 2022 alternativo, possibilitando que a humanidade sobreviva aos alienígenas sem precisar da viagem no tempo.

Outro ponto do filme que me incomodou é que a tropa vinda de 2051 explica aos convocados de 2022 que estes viajarão ao futuro e ficarão em 2051 pelo período de uma semana para lutar contra os alienígenas. O problema é que, na vez da convocação de Dan, não parece que se passam sete dias inteiros. A impressão que temos é que ele fica apenas um ou dois dias. Fora isso, somente senti falta do uso de metralhadoras gatling M134 Minigun (aquela usada nos filmes O Predador, de 1987, e O Exterminador do Futuro 2, de 1991) pelas tropas militares; ora, se os alienígenas são grandes, numerosos e com poucos pontos fracos, então se faz extremamente necessário que o exército vá lutar com equipamento militar de alto calibre e alta potência, e não com armas automáticas pequenas igual às usadas pelas tropas de Dan. Por fim, uma coisa que me irrita profundamente em filmes são as tais “conveniências”; determinado personagem precisa de alguém expert em computadores, aí pronto, na equipe sempre vai ter alguém com esta especialidade, que sabe todos os códigos e consegue acessar a rede em questão de minutos. A equipe precisa de um avião e piloto para chegarem a determinado local, sem problema, o parente de alguém sabe pilotar. Tudo que for preciso para facilitar o desfecho do enredo.

Grande destaque vai para o ator principal, Chris Pratt. Apesar de já ter participado de algumas produções cinematográficas em papeis secundários, foi em Guardiões da Galáxia” (2014) que a carreira de Pratt em filmes de ação deslanchou e, a partir de então, a galáxia (desculpe o trocadilho, não aguentei) o colocou no pódio como um dos mais novos astros de filmes de herói de ação. Com um carisma enorme, o ator conquistou espaço em Hollywood e caiu no gosto do público – mesmo com algumas piadinhas fora de hora. Nessa esteira, já era de se esperar que o “Senhor das Estrelas” (outro trocadilho – codinome de seu personagem em Guardiões da Galáxia) brilhe cada vez mais em filmes de ação.

A Guerra do Amanhã é um prato cheio para quem procura ação na medida certa, com uma pequena pitada de drama familiar, além de ser dinâmico e criativo em sua narrativa. Embora se esforce, e muito, para não ser apenas mais um filme clichê de invasão alienígena, a trama consegue satisfazer o suficiente o espectador com bastante diversão.

A Guerra do Amanhã” está disponível na Amazon Prime Video.

Nota: 8.0

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