Forte candidato do Oscar 2021 e com excelentes atuações, o filme conta a trágica história do assassinato de Fred Hempton, um dos líderes dos Panteras Negras.


A história de ascensão e queda de Fred Hampton (Daniel Kaluuya), o ativista dos direitos dos negros e revolucionário líder do partido dos Panteras Negras. Um jovem proeminente na política, ele atrai a atenção do FBI, que com a ajuda de William O'Neal (LaKeith Stanfield) acaba infiltrando os Panteras Negras e causando o assassinato de Hampton. Com direção e roteiros de Shaka King (Newlyweeds) e produção de Ryan Coogler (Pantera Negra), o filme se baseia na história real do assassinato de Hempton baseado em livros e documentos históricos sobre o caso, tendo o apoio da família dele e utilizando alguns imagens reais em determinado momento. O longa foi o segundo filme da Warner Bros. a participar da estratégia de lançamento de filmes do estúdio no ano de 2021, chegando simultaneamente aos cinemas e ao serviço de streaming HBO Max. O primeiro ponto a se destacar são as atuações de LaKeith Stanfield (Jóias Brutas, Atlanta) e Daniel Kaluuya (Corra !, As Viúvas). Stanfield tem um ótimo desenvolvimento e arco, agindo apenas por dinheiro e outras recompensas do FBI, ao mesmo tempo em que começa a construir laços com Fred e os outros membros dos Panteras, criando dúvidas se deve ou não continuar sua missão. Já Kaluuya é o grande astro do filme, sua interpretação de Fred Hampton é marcante e poderosa, sendo quase uma força da natureza. Todos os monólogos e aparições do personagem em tela fazem com que ele roube a cena.


Já o lado do FBI é representado principalmente pelo agente Roy Mitchell, interpretado por Jesse Plemons (O Irlândes, Breaking Bad) e o diretor polêmico do FBI, Edgar Hoover, interpretado por Martin Sheen (Os Infiltrados, Apocalypse Now). Com um maior destaque para Roy, o personagem que encabeça uma operação e embora boletim parece ser convicto e até mesmo uma boa pessoa, se revela apenas um manipulador que tem segundas intenções. O filme possui uma cena forte que revela como reais intenções de Hoover com uma “investigação”, mostrando o viés totalmente racista e de segregação que motivava as ações do FBI contra Panteras Negras e Hempton. Outro aspecto interessante é uma maneira que eles mostram as lutas dos Panteras Negras, que eram vistos de maneiras distintas por outros grupos ativistas, já que eles tinham uma forte política racial e eram considerados “extremistas”, chegando a revidar determinada da polícia. Em determinado ponto do filme, existe uma cena que mostra um confronto direto e armado entre a polícia e o grupo, que é sangrenta e forte, mostrando o quão forte e obstinado são os Panteras. O filme obviamente acaba gerando um grande impacto político, por mostrar os conflitos raciais e a luta travada pelo grupo. Um detalhe interessante que o diretor seleciona fazer é a forma que ele retrata os Panteras Negras. A postura dos membros, a frieza no olhar, a forma de falar, etc. Embora ele mostra esse lado deles, ele opta por humanizá-los e mostrar que eles têm sentimentos, falhas e personalidade.

Eu Sou um Revolucionário”. Essa é uma frase marcante que Hempton diz enquanto discursa na frente de diversos espectadores. O filme desde a primeira cena mostra o motivo de Hampton ser tão temido pela polícia e o FBI. Carismático, eloquente e com coragem, os discursos de Fred são fortes e prendem a atenção de todos, fazendo com que ele consiga recrutar cada vez mais pessoas para ajudá-lo em sua luta, mesmo tendo apenas 20-21 anos. O ponto mais “fraco” do filme são como cenas da vida pessoal de Fred, que envolve sua família e seu relacionamento com sua namorada Deborah Johnson, interpretado por atriz Dominique Fishback (Power, O Ódio que Você Semeia). A atriz faz um excelente trabalho de construção da personagem, e consegue dar mais profundidade a Fred. Entretanto, algumas cenas do casal acabam sendo maçantes e repetitivas, tirando um pouco o foco do filme.


Embora não seja totalmente fiel aos acontecimentos históricos, o filme serve como uma denúncia ao crime covarde que foi feito com Fred Hampton, cometido pelo FBI. Críticas negativas surgiram em volta do fato de Fred ter apenas 21 anos na história e o ator Daniel não aparentar ter essa idade. Embora as críticas sejam compreensivas, é difícil de se imaginar outro ator dando vida a essa figura histórica no contexto desse filme, embora curiosamente o personagem foi incluído em “Os 7 de Chicago”, outro filme indicado ao Oscar desse ano e que foca bastante nos Panteras Negras. “Judas e o Messias Negro” é sem sombra de dúvidas um dos melhores filmes indicados ao Oscar desse ano. Forte, provocativo e mostrando uma história trágica que ocorreu (e que poucos comentam ou sabem), o filme é marcado pela excelentes interpretações da dupla principal (Stanfield e Kaluuya) e será lembrado para sempre. Nota: 9

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