Drama escrito e dirigido por Chloé Zhao fala sobre perdas, mas não como elas acontecem, e sim como as pessoas que passam por isso lidam com elas.
Fern(Frances McDormand) é uma viúva que após uma crise financeira em sua cidade, decidi abrir mão da vida que levava, e vai viajar e morar dentro de seu trailer.
De maneira cadenciada, o roteiro escrito pela diretora é sem dúvidas o ponto mais alto do filme. Sem nenhuma reviravolta, ou qualquer outro fator que possa ser usado como recurso para prender o espectador na trama, ele tem em seus diálogos profundos e tocantes sua maior virtude: enriquecer uma história simples, com personagens(em sua maioria reais, já que a diretora optou por contar histórias verídicas de quase todos os coadjuvantes, interpretador por eles mesmos).
Ao longo da trajetória de Fern, vamos conhecendo outras histórias sobre como as pessoas lidam com as perdas que tiveram. Para mim, a história mais tocante é do Bob Wells, que perdeu seu filho, que suicidou-se. Durante anos ele não conseguia superar a imensa perda, e depois de 5 anos descobriu que a melhor maneira de honrar o legado do jovem, era ajudando outras pessoas que passavam pela mesma situação.
Ainda durante a trajetória citada no parágrafo anterior, conhecemos Dave(David Strathairn), um senhor que tem muito carinho pela protagonista, e que na reta final do filme a convida para morar com ele e sua família, mudando radicalmente todo o seu cotidiano. Após o nascimento de seu neto, Dave toma essa decisão e aparentemente quase convence Fern a seguir seu caminho.
Frances McDormand entrega uma poderosa atuação, contida, expressiva e sensível. Indicada ao Oscar de melhor atriz, certamente sua interpretação é uma das mais difíceis, já que ela precisa nos passar seu sofrimento com olhares, expressões corporais e diálogos, quase não tendo nenhum momento onde possa externalizar todo o seu sofrimento, como teve Adam Driver em História de Um Casamento, filme também premiado nos Oscar de 2020. Ver a personagem sozinha durante tantos momentos no longa, nos faz imaginar o quanto a vida que ela tem é difícil.
Com 6 indicações para a maior premiação do cinema em 2021, este drama é favorito em sua maioria, e merecidamente deve colecionar algumas estatuetas douradas.
Nomadland é um incrível filme que merece ser assistido por todos, mas pode “pegar na ferida” daquele, que assim como eu, já teve uma grande perda na vida. Doce, sincero, emocionante, é um ótimo exemplar de como com poucos recursos e sem um elenco estelar, é possível fazer um filme marcante.
Nota: 10
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