Irregular, Esquadrão Trovão (Netflix, 2021) visa uma comédia descompromissada, mas não vai muito além do ridículo. 


Após uma década repleta de produções focadas em super-heróis ocupando posições invejáveis no ranking de maiores arrecadações do cinema, sem contar o engajamento nas redes sociais, era de se esperar que cada vez mais estúdios manifestassem interesse no subgênero. A aposta da Netflix, no entanto, pode causar, no mínimo, certa estranheza. 

No longa escrito e dirigido pelo comediante (?) Ben Falcone, o mundo foi atingindo por raios cósmicos, o que ocasionou uma mutação em indivíduos com tendências sociopatas, dando a eles habilidades sobre-humanas. Estes, por sua vez, passaram a agir contra a lei e ficaram conhecidos como Meliantes. Diante desse cenário, uma jovem Emily Stanton (Octavia Spencer) se dedica a decodificar o genoma humano na tentativa de conceder poderes a pessoas que possam combater injustiças dos opressores. Nessa tarefa, ela se une a sua amiga de infância, a espirituosa Lydia (Melissa McCarthy).

Até então, a premissa não foge muito do que é uma revista em quadrinhos (ou um longa de heróis). Não é lado fantasioso das situações que torna Esquadrão Trovão pouco palatável, mas sim a sua condução que transita entre a risadas escassas e vergonha alheia em excesso. Contudo, é importante ressaltar que a produção deixa claro desde seus minutos iniciais que não almeja muito além de entretenimento farofa. O grande problema é o fato de que, mesmo assumidamente galhofa, ela não te diverte.


Octavia Spencer, ganhadora do Oscar, é a prodígio pragmática dona da indústria Stanton 4.0 e que, infelizmente, seja pelo roteiro piegas ou a má direção de Falcone, é o elo mais fraco da dupla protagonista e passa quase que inteiramente despercebida. E não, não é por conta de seu super poder de invisibilidade. Spencer, por vezes, entrega uma performance que soa mecanizada. Na verdade, a resposta talvez esteja em sua própria parceria de cena: Melissa McCarthy. Embora sua atuação, mais uma vez, limite-se ao piloto automático, com trejeitos que remetem a outros inúmeros papéis de sua carreira, McCarthy destaca-se em suas cenas por sua irreverência característica e presença forte. O que, de certo modo, já não é novidade - e por isso perde sua relevância. 

O elenco de coadjuvantes também possui alguns nomes conhecidos de Hollywood: Jason Bateman (em um papel terrível e um dos protagonistas da cenas mais bizarras do longa ao lado de McCarthy), Pom Klementieff e Bobby Cannavale encarnam os antagonistas caricatos da produção. O trio faz parte do grupo de Meliantes, que é outra ideia pouco explorada e simplesmente jogada no lixo em prol de ceder mais espaço para Bateman e suas patas de caranguejo. Quer dizer, quem aprova uma sequência daquelas? 


No fim, esse não chega nem perto de ser o melhor filme de Falcone e tampouco entrega a comicidade de outras produções com McCarthy e SpencerDessa forma, acompanhamos cerca de 90 minutos de piadas que não poderiam ser descritas de outra forma a não ser como forçadas, salvo uma ou outra que te arrancará sorrisos verdadeiros. Salpique na receita cenas de ação fracas, CGI de qualidade duvidosa, trilha sonora genérica e atuações poucos inspiradas e então, eis o novo filme de super-heróis da Netflix.

Assim sendo, Thunder Force (no original) desperdiça seu elenco com potencial em um filme inconsistente e que não vale o seu tempo. 

Nota: 3,0

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