Novo episódio aprofunda questões familiares e prepara terreno para o vilão.


O novo episódio de 'Superman e Lois' intitulado Heritage traz novos problemas para a família Kent, além de revelar um pequeno vislumbre do vilão e seu plano. O capítulo começa com uma narração de Lois Lane (Elizabeth Tulloch) sobre a importância do desapego, pois se não estamos prontos para seguir, não importa o quanto esforço se empregue numa vida nova.

Agora devidamente instalados em Smallville, a família Kent deve lidar com a frustração de estarem longe de sua vida em Metrópolis e cada um tem seu próprio dilema para com essa nova situação. Clark Kent (Tyler Hoechlin) ainda não consegue conciliar sua vida como super-herói e pai de família, tal dificuldade coloca o Superman em ainda mais tensão, agora que Jordan (Alexander Garfin) está manifestando seus poderes. 

O arco dos dois nesse episódio é sobre expectativas, Jordan esperava que sua nova condição traria algum privilégio, mas ao invés disso, depara-se com o medo de seus pais de que ele faça algo que machuque alguém. Enquanto isso, Superman tenta de todas as formas manter sua família unida, mas é sempre afastado deles por conta da ação de um misterioso Lex Luthor (Wolé Parks).

A expectativa de ambos é que Jordan seria um novo Superman com poderes equivalentes ao do pai, mas uma viagem para a Fortaleza da Solidão joga um balde de água fria nas esperanças de ambos. O holograma de Jor-El (Angus McFayden numa péssima atuação) explica que os poderes de Jordan são ínfimos em relação ao de Kal-El e isso cria uma ferida na relação tumultuada deles, pois agora nem a herança kryptoniana os deixou mais próximos.

O problema desse episódio reside na insistência dos produtores em inserir ações em momentos mais calmos, sendo que as dinâmicas entre os personagens são bem mais interessantes que toda a pancadaria apresentada. A "nova" ameaça é um Lex Luthor de um universo alternativo que era escravizado por uma versão maligna do Homem de Aço, só essa ideia de outro Superman maligno me faz revirar os olhos de preguiça e deixou todo o plot previsível, pois é bem fácil imaginar o rumo que tomará na trama.

A semente da discórdia foi plantada por Luthor ao sugerir para o General Lane (Dylan Walsh) que o kryptoniano era o verdadeiro vilão, veremos como os próximos capítulos vão desenvolver essa premissa, mas já adianto que isso pode estragar a série caso não seja bem idealizado. Falando em ideais, Lois Lane tem sua integralidade jornalística ameaçada pelo magnata Morgan Edge (Adam Rayner) que agora é dono do Planeta Diário. A personagem inicia uma luta para garantir que um jornalismo de qualidade seja produzido e não apenas o que o dono quer que seja publicado, essa é uma dinâmica interessante, pois é a realidade de diversos profissionais que tem suas matérias silenciadas por interesses econômicos dos conglomerados que possuem os jornais.

A atuação de Elizabeth Tulloch é sem dúvida o destaque desse episódio, ela encarna toda a postura que se espera de uma jornalista experiente como Lois e faz perguntas intrometidas sem ligar para nada além dos fatos. Na outra vertente da personagem, ela é o elemento coesivo que impede que sua família fique desunida, sempre agindo como uma hábil mediadora entre os filhos e seus problemas. Jonathan (Jordan Elsass) ganha mais destaque nesse episódio, pois sua trama resume-se no sentimento de frustração que a mudança trouxe para sua vida, o ator está bem à vontade no papel e consegue fazer com que o público sinta mais empatia pelo personagem do que no episódio anterior.

Enquanto ele vê Clark e Jordan saindo em jornadas épicas, deve lidar com o bullying que sofre na escola e com o fato de não ser mais o craque do time de futebol americano, algo que o tirou de sua zona de conforto e trouxe uma humanização para o personagem. Uma leve crítica que faço à estrutura do roteiro é o uso das brigas para deixar o episódio mais tumultuado, apenas para no final, os personagens ficarem todos bem novamente. Isso pode deixar os episódios bem monótonos, caso não seja consertado no restante da série.

As cenas de ação desse episódio apesar de possuírem um bom CGI, simplesmente não empolgam por sua curta duração. Não há tempo do público para se engajar na adrenalina e isso tira um pouco da força que as cenas têm, já que como apontei anteriormente, as dinâmicas familiares são bem mais instigantes que essa pancadaria de super-heróis apresentada até o momento.

Por fim, devo destacar que apesar de formulaico, o roteiro entende bem a essência do Superman como um ser que apenas deseja fazer o bem para o próximo. Na cena de luta contra o vilão, ele não hesita em salvar uma cidade de ser bombardeada ainda que isso permita a fuga do antagonista. Mais para o fim, Lois e ele tem uma conversa na qual afirma que apesar de todos os problemas que tiveram desde a mudança, não devem se abalar por isso e tentar novamente. Essa positividade inerente é uma característica fundamental do personagem e Tyler Hoechlin entrega uma atuação certeira em tais cenas.

'Superman e Lois' segue divertindo em seu segundo episódio com bom humor, drama balanceado e ótimos atores.

Nota: 8,0

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