Nova série da CW acerta no drama familiar, mas erra na parte de super-heróis.
Uma década após o fim de 'Smallville', Superman retorna para a televisão com uma nova série junto de sua companheira jornalista Lois Lane. 'Superman e Lois' traz Tyler Hoechlin e Bitsie Tulloch de volta aos papéis de Clark Kent e Lois Lane num programa bem diferente do que a CW costuma entregar para o público, pois, agora o foco é na aventura do casal nas dificuldades de criar filhos e viver num mundo complexo que sempre vai precisar do Superman, mesmo custando sua própria família.
O episódio piloto da série intitulado 'Legacy of Hope' teve a missão de apresentar todo um novo contexto para a vida dos personagens e de quebra introduzir diversos novos obstáculos. Agora pais de dois meninos de 14 anos, Lois e Clark desdobram-se para serem bons exemplos, mas como a série bem prova, essa é uma tarefa que até o ser mais poderoso do mundo possui dificuldades. Os dois filhos do casal, Jonathan (Jordan Elssas) e Jordan (Alexander Garfin), são o que se pode chamar de gêmeos problema, pois, além de extremamente curiosos, também possuem seus dilemas adolescentes para lidar.
Enquanto Jonathan é o típico clichê do "filho ideal", Jordan é o "filho problemático" que possui um quadro de ansiedade que o torna um pouco esquisito aos olhos de terceiros. Olhando assim, um roteirista sem imaginação pegaria essa dinâmica e faria o famoso clichê da rivalidade entre irmãos, felizmente, aqui isso não acontece. O roteiro de Todd Helbing subverte vários desses clichês, criando uma dinâmica familiar interessante que funciona pela honestidade dos personagens.
A química entre os atores torna tudo bem orgânico, eles realmente parecem uma família real, esse é o maior acerto desse episódio piloto, o drama familiar. O mote principal da história do Superman é a luta para conciliar sua identidade secreta e sua vida como civil e a série pega essa premissa, aplicando-a em diversas áreas da vida do personagem como casamento, paternidade, relações de amizade, emprego e o legado da família.
O título desse capítulo é sobre esperança, mais especificamente, o legado que Clark possui tanto com sua herança kryptoniana quanto com sua responsabilidade como filho dos Kent. Essa luta é bem desenvolvida ao longo do episódio, pois vemos o Homem de Aço tendo que tomar decisões importantes sobre sua vida doméstica que afetam não só sua família, mas também seu trabalho como herói. A morte de Martha Kent no início da série pode soar forçada para algumas pessoas, mas vejo como algo necessário para uma evolução dos personagens, pois agora eles devem cuidar do legado que ela deixou sozinhos, forçando uma mudança de perspectiva de vida.
Mudança é outro tema central da narrativa, a questão da descoberta dos filhos sobre a identidade secreta do pai, é razoavelmente bem construída, mas confesso que esperava algo mais interessante desse conflito. Essa parte ficou apressada porque o roteiro quis introduzir a ameaça principal logo no início e tais momentos de ação soam deslocados do resto da trama. A parte de super-heróis é bem fraca nesse piloto, a direção de Lee Toland Krieger nas cenas de ação não fazem jus ao potencial das mesmas com a câmera usando muitos closes próximos para evitar o uso de muitos efeitos visuais.
A parte visual é mais assertiva, a fotografia é mais bem trabalhada que em outras produções, isso permite cenas mais belas como no momento da revelação da identidade do Superman. A câmera usa um contra plongée para passar a imponência que o momento pede, enquanto o fundo é iluminado por um pôr do sol.
Por fim, vale destacar que os criadores da série realmente entenderam a essência da história do Filho de Krypton. Durante o episódio, existem uma série de easter-eggs para os fãs de quadrinhos como homenagens a momentos clássicos da história dos personagens como o uniforme de "Action Comics #1" e o uso do nome dos criadores do personagem em diversos locais citados pelos protagonistas. Bem no início, há uma referência a Richard Donner, diretor do primeiro live-action do Superman para os cinemas.
'Superman & Lois' começa muito bem e promete ser uma das melhores séries de quadrinhos do ano.
Nota: 9,0
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