Terceiro filme e conclusão da trilogia do Homem-Aranha feita por Sam Raimi é decepcionante, mesmo possuindo temas interessantes. No longa somos apresentados a três vilões: Flint Marko (Thomas Haden Church), ou Homem-Areia, um criminoso que escapou de uma prisão e está sendo procurado, Eddie Brock (Thopher Grace), fotógrafo no Clarim Diário e hospedeiro do simbionte, e Harry Osborn (James Franco), que procura vingança pela morte de seu pai. Já por aí é perceptível que há bastante coisa para ser desenvolvida em um filme de duas horas, e esse é o maior problema do filme.  

Primeiramente, algo acertado foi o Flint Marko/Homem-Areia. Começando pela escolha do ator, que beneficiou o personagem e o deu uma aparência idêntica ao dos quadrinhos. Sua motivação também é válida e faz perfeito sentido, e é uma que ajuda o espectador a se identificar com o personagem, mesmo que ele seja um “vilão”. Marko é um tipo de vilão que o público consegue se simpatizar, e isso funciona aqui assim como funcionou no filme anterior com o Doutor Octopus. O arco de Marko, apesar de ser prejudicado pelos inúmeros outros arcos presentes no filme, foi satisfatória e teve um desfecho bom o bastante, culminando em um dos melhores momentos da trilogia ao meu ver. 

Quanto aos outros dois vilões, está claro que o ritmo do filme atrapalhou muito o desenvolvimento deles, principalmente quando se trata do Harry, que passou o segundo ato inteiro do filme com amnésia, algo claramente feito para não inflar o filme mais do que já estava. Brock, apesar do ator e de seu visual (infelizmente vemos um Venom desnutrido), tem um arco definido e mesmo com seus erros ele cumpre seu papel no fim.  


Como eu disse anteriormente, o maior problema de Homem-Aranha 3 é que ele está superlotado, ainda mais quando o assunto é subplots. No geral, eu sinto que isso foi um resultado do confronto entre Sony e Sam Raimi. Raimi não queria colocar o Venom no longa, mas a Sony o obrigou a botá-lo no filme, e ele nem sequer teve tempo de tentar encaixar o roteiro que já tinha sido concluído com a inclusão de um novo antagonista. Por causa disso, o filme parece inchado, algo que acaba atrapalhando o ritmo. O filme parece ser uma bagunça, mesmo que haja boas cenas. Bastante coisa acontece nos primeiros quinzes minutos, algo que poderia ter sido mais aprofundado em um filme inteiro se possível. No final, há a sensação de que os eventos do filme parecessem apressados. 

Mesmo com a ideia de vermos um Peter tomado pelo egoísmo e pelo orgulho, algo que o leva até ser tomado pelo simbionte, com seu “lado sombrio” assumindo o controle depois, o filme não é salvado por seus temas, mesmo o que tem maior foco, o perdão. Sim, Peter perdoando Flint Marko é uma boa cena e Harry se redimindo e se sacrificando é um ótimo momento, mas isso não me deixou menos decepcionado com o produto final.  

Mas se há algo que eu gostei bastante, essa é a cena final do filme. É perfeito que a última vez que vejamos Peter e MJ, a conclusão dessa trilogia, seja em um momento sensível e suave de afeto entre os dois, após eles terem passado pelos piores momentos de suas respectivas vidas. Algo que difere do filme como um todo, que tenta engradecer seu escopo comparado a seus antecessores, aqui temos um momento calmo que foca no que essa trilogia tem de melhor: seus personagens e seu tom intimista. 

Isso, é claro, não está no mesmo patamar da dança do Peter Parker emo. O melhor momento do filme com toda certeza. 

Nota: 6 

Publicado por: Sam.

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