Segunda parte da vingança sangrenta é bem diferente de seu antecessor com tom e narrativa próprios que focam em questões mais filosóficas que na ação.
Sinopse: Na segunda parte dessa busca por vingança, a noiva (Uma Thurman) continua sua procura por Bill, atacando os últimos dois sobreviventes do grupo: Budd (Michael Madsen) e Elle Driver (Daryl Hannah). O confronto com seu antigo mestre, e mandante da sua morte, vai revelar novas surpresas para a assassina.
Kill Bill Vol. 2 é um raro caso de “sequência” que muda quase por completo o tom e narrativa que antes foram empregados no primeiro filme. Originalmente concebido como um único filme, o diretor Quentin Tarantino e a produtora chegaram a conclusão de que dividir o filme em duas partes seria melhor por razões comerciais. O mais intrigante é que essa divisão foi de fato benéfica, pois esse segundo volume é bem distinto do primeiro e pode afastar os que esperavam algo tão frenético tal como no volume um.
O foco da narrativa desse segundo volume é a reflexão sobre os atos do passado e o ritmo empregado é bem lento. Deixa -se de lado aquela trama frenética do volume um e abre-se espaço para mais backgrounds e diálogos cheios de pompa. Tarantino explora o sentimento de vulnerabilidade de noiva cujo o nome revela-se ser Beatrix Kiddo. Nesse volume, a personagem perde aquele ar de imbatível que adquiriu após matar os dois primeiros membros da lista. Aqui vemos ela sendo subjugada de várias formas e tendo que lidar com o fato de que agora as coisas estão feias.
Tudo isso revela mais um capítulo da vida dela quando numa situação de vida e morte relembra-se de um dos treinamentos pelo qual passou para se tornar a lenda que é hoje. Entra em cena Pai Mei (Gordon Liu), um senhor chinês idoso que é uma lenda do kung fu, mas tem fama por ser uma pessoa bem difícil de se lidar além do fato de matar de modo passional até os que esquecem de dar bom dia. É nesse trecho que uma das maiores lições é apresentada, Kiddo antes costumava agir de modo pessimista quando uma situação parecia ser muito complexa, porém com Pai Mei ela vê que mesmo em situações que “parecem” impossíveis a chave é acreditar no seu potencial e ir praticando.
Toda a sequência de treinamento deles é inspirada em filmes chineses de kung fu com várias das cenas de ação sendo uma homenagem a esse estilo com várias similaridades tanto visuais quanto no tom cartunesco em certos blocos. Porém, as homenagens não param por aí, porque a película também referencia alguns westerns italianos tanto na condução da trama quanto na escolha musical com temas de Ennio Morricone.
O maior erro de Tarantino foi estender além do necessário algumas cenas que não acrescentam muito como toda a sequência no clube de striptease envolvendo Budd e seu chefe. A intenção desse bloco era dar um contexto da péssima situação financeira do ex-assassino para que no fim, toda aquela parte envolvendo a negociação dele com a Elle Driver fizesse sentido. Todavia, esse bloco estendeu-se demais deixando o ritmo da trama bem moroso e com pouco a dizer no enorme tempo que gasta.
O fato desse filme não ter muita ação não é demérito algum, ele tem uma visão diferente da primeira parte, pois aqui quanto mais Beatrix Kiddo aproxima-se de Bill (David Carradine) mais uma reviravolta que foi apenas mencionada no volume um pode mudar toda a perspectiva dela sobre suas motivações. As poucas lutas que existem são muito bem coreografadas e o impacto é visceral, a cena do confronto de Kiddo com Elle Driver choca tanto pela brutalidade quanto pelo realismo em sua construção que diferente do volume um não é tão exagerada e tem um propósito de parecer mais cruel.
Em termos técnicos, a película mantém o mesmo nível do que foi feito na primeira parte, mas agora em escalas mais intimistas, pois a história não tem a mesma selvageria de antes. A fotografia de Robert Richardson aposta em tons mais claros dessa vez e puxa muito para o sépia para dar um tom mais noir para as cenas da capela e cores mais desbotadas para cenas no deserto.
Por fim, vale destacar que Tarantino exibe mais uma vez um talento ímpar na criação de diálogos memoráveis. Toda a cena em que Beatrix finamente confronta Bill é dotada de uma sutileza, pois seria muito fácil apenas colocar eles pra lutar. A conversa entre eles é necessária porque há muita dor e mágoa entre essas dois personagens e esclarecer isso era tão importante para que no fim de tudo, toda essa jornada ficasse no passado junto com os erros de cada um.
Kill Bill Vol. 2 pode não ser tão bom quanto o primeiro, mas ainda sim fecha com chave de ouro essa história de vingança.
Nota: 8,0
Publicado por: Matheus Eira
Sinopse: Na segunda parte dessa busca por vingança, a noiva (Uma Thurman) continua sua procura por Bill, atacando os últimos dois sobreviventes do grupo: Budd (Michael Madsen) e Elle Driver (Daryl Hannah). O confronto com seu antigo mestre, e mandante da sua morte, vai revelar novas surpresas para a assassina.
Kill Bill Vol. 2 é um raro caso de “sequência” que muda quase por completo o tom e narrativa que antes foram empregados no primeiro filme. Originalmente concebido como um único filme, o diretor Quentin Tarantino e a produtora chegaram a conclusão de que dividir o filme em duas partes seria melhor por razões comerciais. O mais intrigante é que essa divisão foi de fato benéfica, pois esse segundo volume é bem distinto do primeiro e pode afastar os que esperavam algo tão frenético tal como no volume um.
O foco da narrativa desse segundo volume é a reflexão sobre os atos do passado e o ritmo empregado é bem lento. Deixa -se de lado aquela trama frenética do volume um e abre-se espaço para mais backgrounds e diálogos cheios de pompa. Tarantino explora o sentimento de vulnerabilidade de noiva cujo o nome revela-se ser Beatrix Kiddo. Nesse volume, a personagem perde aquele ar de imbatível que adquiriu após matar os dois primeiros membros da lista. Aqui vemos ela sendo subjugada de várias formas e tendo que lidar com o fato de que agora as coisas estão feias.
Tudo isso revela mais um capítulo da vida dela quando numa situação de vida e morte relembra-se de um dos treinamentos pelo qual passou para se tornar a lenda que é hoje. Entra em cena Pai Mei (Gordon Liu), um senhor chinês idoso que é uma lenda do kung fu, mas tem fama por ser uma pessoa bem difícil de se lidar além do fato de matar de modo passional até os que esquecem de dar bom dia. É nesse trecho que uma das maiores lições é apresentada, Kiddo antes costumava agir de modo pessimista quando uma situação parecia ser muito complexa, porém com Pai Mei ela vê que mesmo em situações que “parecem” impossíveis a chave é acreditar no seu potencial e ir praticando.
Toda a sequência de treinamento deles é inspirada em filmes chineses de kung fu com várias das cenas de ação sendo uma homenagem a esse estilo com várias similaridades tanto visuais quanto no tom cartunesco em certos blocos. Porém, as homenagens não param por aí, porque a película também referencia alguns westerns italianos tanto na condução da trama quanto na escolha musical com temas de Ennio Morricone.
O maior erro de Tarantino foi estender além do necessário algumas cenas que não acrescentam muito como toda a sequência no clube de striptease envolvendo Budd e seu chefe. A intenção desse bloco era dar um contexto da péssima situação financeira do ex-assassino para que no fim, toda aquela parte envolvendo a negociação dele com a Elle Driver fizesse sentido. Todavia, esse bloco estendeu-se demais deixando o ritmo da trama bem moroso e com pouco a dizer no enorme tempo que gasta.
O fato desse filme não ter muita ação não é demérito algum, ele tem uma visão diferente da primeira parte, pois aqui quanto mais Beatrix Kiddo aproxima-se de Bill (David Carradine) mais uma reviravolta que foi apenas mencionada no volume um pode mudar toda a perspectiva dela sobre suas motivações. As poucas lutas que existem são muito bem coreografadas e o impacto é visceral, a cena do confronto de Kiddo com Elle Driver choca tanto pela brutalidade quanto pelo realismo em sua construção que diferente do volume um não é tão exagerada e tem um propósito de parecer mais cruel.
Em termos técnicos, a película mantém o mesmo nível do que foi feito na primeira parte, mas agora em escalas mais intimistas, pois a história não tem a mesma selvageria de antes. A fotografia de Robert Richardson aposta em tons mais claros dessa vez e puxa muito para o sépia para dar um tom mais noir para as cenas da capela e cores mais desbotadas para cenas no deserto.
Por fim, vale destacar que Tarantino exibe mais uma vez um talento ímpar na criação de diálogos memoráveis. Toda a cena em que Beatrix finamente confronta Bill é dotada de uma sutileza, pois seria muito fácil apenas colocar eles pra lutar. A conversa entre eles é necessária porque há muita dor e mágoa entre essas dois personagens e esclarecer isso era tão importante para que no fim de tudo, toda essa jornada ficasse no passado junto com os erros de cada um.
Kill Bill Vol. 2 pode não ser tão bom quanto o primeiro, mas ainda sim fecha com chave de ouro essa história de vingança.
Nota: 8,0
Publicado por: Matheus Eira
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