Lançado em 2008 pela CW, The Spectacular Spider-Man é uma série animada que foca em um Homem-Aranha em seu início de carreira, sobrecarregado com sua vida como um vigilante, e que tenta balanceá-la com sua vida como um estudante no ensino médio e como fotógrafo do Clarim Diário. A série é considerada pelos fãs como uma das melhores animações do aracnídeo, com a maioria deles elogiando sua fidelidade aos quadrinhos e por capturar a essência do personagem. E todo esse carinho pela série é merecido, pois esta é simplesmente uma das melhores adaptações do cabeça de teia que eu já vi e que faz jus à um dos maiores personagens da cultura pop.

Grandes poderes


Spectacular Spider-Man faz um trabalho magistral quanto ao seu personagem titular. Primeiramente, a animação é bastante fluida e dinâmica, principalmente quando se trata da movimentação do Homem-Aranha, o seu web swinge forma de lutar, que bebe bastante da fonte da trilogia do Sam Raimi, segundo o próprio diretor e criador da série, Victor Cook, que basicamente não mexeu no time que está ganhando. O estilo da animação, apesar de simples, ainda que as cores se destaquem, combina com o tom da série, já que ela foca no Homem-Aranha ainda adolescente, em pleno ensino médio e em seu primeiro ano como o amigão da vizinhança. Os roteiristas também são bastante criativos quando se trata das cenas de ação e da forma como nosso herói derrota os super-vilões. Não vemos o Aranha derrotar seus vilões de forma simplória, na mesmice de socos e chutes, ao invés vemos o aracnídeo usar sua inteligência, ele se aproveita do ambiente em que está, de seus gadgets e das fraquezas de seus oponentes, então vemos que as formas que o Aranha usa são bastantes inventivas, e mais tarde quando ele se encontra novamente com seus oponentes, eles obviamente já estão cientes do que os fizeram perder e não irão cometer o mesmo erro de novo, então o aracnídeo precisou mudar suas táticas, que foi um detalhe bem legal.

 Grandes responsabilidades 


Mas não é apenas nas lutas e na ação que a série acerta, mas também em seus personagens e em sua trama. O tom é bastante balanceado, apesar da série usar de bastante humor e ser bem leve no geral, ainda temos partes que são maduras, ainda mais para uma obra que tem como público-alvo crianças. A maioria dessas partes estão mais presentes quando Peter Parker está envolvido. A série captura perfeitamente o peso da responsabilidade de ser o Homem-Aranha e o quão profundamente isso afeta a vida de Peter Parker. Para que o Homem-Aranha vença suas batalhas, Peter precisa perder as deles. Ele perde amizades, oportunidades e mais como Peter para que o Homem-Aranha consiga salvar o dia. E sempre vemos ele encarando as escolhas que pode fazer, já que também ouvimos seus pensamentos, e o quão tentador é fazer aquela escolha egoísta. Em um dos episódios, Peter encontra um antídoto que pode remover seus poderes, e ele pondera se deve ou não o fazer. “Eu nunca pedi para ser o Homem-Aranha. Eu nunca pedi esses poderes. Eu não sabia que seria tão difícil chegar em casa às nove, sem trabalho e com amigos que acham que eu sou um traste”. Mas de novo, por mais clichê que isso soe agora, ele sabe que com grandes poderes vem grandes responsabilidades e que ele deve arcar com elas. “E daí se ninguém me achar um herói. Homem-Aranha vai ficar porquê ele é necessário.” Stan Lee sempre disse que não queria que seus heróis fossem unidimensionais, ele não quis focar apenas nos poderes e nos uniformes, mas também nos seus problemas pessoais, ele quer que você esteja tão interessado em sua vida pessoal como em suas atividades de combate ao crime, fazendo com que o público se identificasse com aqueles seres inalcançáveis. E temos isso aqui, pois a vida social de Peter é interessante, ver ele interagindo com seus amigos, com Flash Thompson ou J. Jonah Jameson, e os diálogos são ótimos, nunca ficam brega, e ver ele tentando ajudar a Tia May nas despesas da casa, exatamente como nos quadrinhos, mas sem parecer repetitivo. Os roteiristas fazem isso tão bem que eu quando criança, quando vi essa série pela primeira vez, me interessava mais no drama da vida do Peter do que em suas empreitadas como Homem-Aranha.


Mas os personagens secundários têm um tratamento tão bom quanto a do protagonista, e apesar dos episódios terem apenas vinte minutos, os roteiristas conseguem desenvolvê-los de forma satisfatória. J. Jonah Jameson não serve apenas como o alivio cômico, apesar de ele prover os melhores momentos cômicos, vemos nos episódios que ele se importa com Peter e seus funcionários quando ele os protege mesmo em uma situação de vida ou morte, e também vemos sua relação com seu filho, John Jameson, e o quanto ele se orgulha e se preocupa com ele. Flash Thompson, apesar de ser o valentão clichê, tem um momento no qual ajuda Peter que mostra que ele se importa com o carinhosamente apelidado Puny Parker. Harry Osborn também é bem desenvolvido, ainda mais quando sabemos do seu vicio por uma “droga” desenvolvida pela Oscorp e a sua busca para tentar satisfazer seu pai, que sempre o rebaixa e nunca o dá a devida atenção. Todos os personagens têm personalidades e características distintas, todos tem seu momento, mesmo que seja um curto, e todos são fieis a sua contraparte dos quadrinhos, e mesmo que isso não seja necessariamente uma qualidade, demonstra o quanto os roteiristas respeitam o material-fonte.

Nunca bate, sempre apanha


Os vilões do nosso amigão da vizinhança também são bem desenvolvidos e todos eles têm suas motivações convincentes o suficiente. Com certeza os melhores são o Doutor Octopus, vemos ele cansando de viver à sombra de Norman Osborn, o Duende Verde, principalmente quando sabemos sua verdadeira identidade, e Venom, já que pela temporada inteira vemos Eddie Brock acumulando um ódio por Parker e pelo aracnídeo, já que sua vida é impactada negativamente pelas escolhas de ambos. O episódio em que o Sexteto Sinistro se une é um dos mais divertidos, ainda mais com as interações entre os vilões, todos divergindo entre si, com motivações distintas, e que dá palco para alguns momentos bem engraçados.

O amigão da vizinhança 


Essa temporada, assim como a segunda, é focada na “Educação de Peter Parker”, segundo o Greg Weisman, um dos criadores da série, e uma das provas disso é que cada arco é nomeado conforme uma área de estudo da escola do Peter e que têm sentido dentro da trama. O primeiro arco é o da Biologia, formado pelos episódios Survival of the FittestInteractions e Natural Selection, no qual vemos Peter em um estágio no laboratório do doutor Curt Connors. O segundo é o da Economia, formado por Market ForcesCompetition The Invisible Hand, essa não se referindo a do Estado e sim a do Tombstone, o atual rei do crime, e nesse arco vemos Peter lidando com seus problemas financeiros. O terceiro é o da Química, formado pelos episódios CatalystsReaction e The Uncertainty Principle, no qual vemos Harry usando a droga experimental da Oscorp, que supostamente o faz se tornar o Duende Verde. O quarto é a da Psicologia, formado por PersonaGroup TherapyIntervention Nature vs Nurture, na qual temos uma batalha do Peter contra a influência do simbionte dentro de seu próprio subconsciente. O ritmo da temporada é rápido, mas não há a sensação de que apressaram algo, tudo flui naturalmente nos treze episódios, e apesar da série usar a fórmula do vilão da semana, não me pareceu que ela ficou repetitiva.

Adaptação 


A série também faz um ótimo trabalho aos nos entregar uma interpretação diferente do Homem-Aranha, feito para uma nova geração, que ao mesmo tempo é nova e única e que também respeita a vasta história e mitologia desse personagem, se inspirando nas clássicas HQs feitas pelo Stan Lee, Steve Ditko e John Romita, tentando mordenizá-las, mas que também pega conceitos de outras fases e eras, como a do Ultimate Spider-Man, e que presta homenagem aos filmes do Sam Raimi com o Tobey Maguire. Momentos icônicos das HQs do Aranha são adaptadas, e eles também referenciam capas famosas. Mas o mais importante é que os criadores entenderam o que o Homem-Aranha significa e o que faz suas histórias serem tão especiais.





Veredito


Spectacular Spider-Man é uma das melhores animações e adaptações do Homem-Aranha. Ela honra o legado desse personagem amado por tantos, respeitando o que veio antes, mas sem medo de arriscar coisas novas. É uma série que tem originalidade e que é bastante criativa e que vai te proporcionar momentos de diversão, não importando a idade. É uma animação exemplar, pra deixar os fãs sem nada para reclamar, esta é uma série que entende e que transborda amor pelo Homem-Aranha.

Nota: 10

Publicado por: Sam.

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