Filme inaugural da franquia dos mutantes é divertido, mas seu roteiro fraco prejudica seu potencial.

Sinopse: Nascidas em um mundo marcado pelo preconceito, há crianças que possuem poderes extraordinários e perigosos — resultado de mutações genéticas ímpares. Sob a orientação do Professor Xavier, os renegados aprendem a usar seus poderes e agora terão que proteger aqueles que os temem do sinistro Magneto.

X-Men: O Filme foi o pontapé inicial para a popularização das adaptações de HQs no mercado cinematográfico. Os mutantes são uma das equipes mais famosas dos quadrinhos da Marvel e suas tramas abordam política, preconceito e fascismo de uma perspectiva fantasiosa. Sua primeira adaptação para os cinemas é dirigida por Bryan Singer e tem um resultado positivo no geral, apesar de alguns problemas.

Em primeiro lugar, vale ressaltar que o roteiro de David Hayter acerta no tom político da obra. No início do filme, enquanto Jean Grey dá uma palestra no Senado explicando o que desencadeia as mutações, o Senador Kelly apenas se interessa em usar a retórica dela para justificar seu preconceito e assim influenciar as massas a fim de obrigar os mutantes a se exporem. Esse fato desencadeia a fúria de Magneto que acredita piamente que uma guerra contra os humanos é inevitável e tem seus próprios planos para a ascensão da raça mutante. Toda essa tensão ajuda a construir o senso de perigo da obra, pois vemos que ser mutante não é uma coisa bem vista aos olhos da sociedade e em alguns trechos, o personagem Wolverine é confrontado por pessoas que desejam lhe fazer mal por ser um mutante.


Se por um lado o tom político é acertado, o mesmo não pode ser dito para o uso dos personagens na trama. Ciclope, Tempestade e Jean Grey são mau explorados pelo enredo. Os personagens vagueiam pela trama sem rumo e não recebem o devido background sendo apenas meras ferramentas para as cenas de ação, aliás elas também merecem um adendo. No geral, a ação é bem dirigida, porém no terceiro ato na Estátua da Liberdade, a lógica das cenas fica prejudicada, pois o roteiro força situações em que personagens como o Groxo bate em Ciclope, Tempestade e Jean Grey sendo que estes são bem mais poderosos que ele.

No campo das atuações o destaque fica por conta de Hugh Jackman, Patrick Stewart e Ian McKellen. O primeiro foi a melhor escalação possível para o papel de Wolverine, pois além de ter a fiscalidade necessária para as cenas de ação, também soube transmitir bem os trejeitos brutos do personagem. Já Patrick Stewart faz um Professor Xavier resoluto, esperançoso e bem intencionado, a performance do ator é muito suave, pois ele raramente se exalta e sempre tem uma expressão serena. O antagonista da obra interpretado por Ian McKellen é aquele tipo que faz as coisas erradas pelos motivos “certos". Magneto tem seu carisma como líder, mas fica óbvio o caráter dúbio dele, pois ao mesmo tempo em que deseja uma vida melhor para os mutantes, não exita em pisar em qualquer que se intrometa em seu caminho. A Vampira de Anna Paquin é a que mais recebe destaque após os citados, porém mesmo que o arco da personagem seja relativamente bem construído, a performance da atriz deixa a desejar com caras e bocas pouco convincentes.

Sobre os aspectos técnicos, o destaque fica por conta do trabalho de maquiagem na Mística. Sem dúvida, o visual dela ficou muito realista e assustador. Os efeitos visuais são adequados para a época e não dão a impressão de estarem datados. Já a trilha sonora de John Ottman que reforça a tensão das cenas com temas sinistros e ajuda a construir a emoção em partes mais dramáticas.

X-Men: O Filme poderia ser melhor, mas foi um debut decente o suficiente para o que seria uma das maiores franquias de Hollywood.

Nota: 5,5

Publicado por: Matheus Eira.

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