Nono filme de Christopher Nolan mistura drama e ficção científica numa obra que busca fazer o espectador refletir.


Sinopse: As reservas naturais da Terra estão chegando ao fim e um grupo de astronautas recebe a missão de verificar possíveis planetas para receberem a população mundial, possibilitando a continuação da espécie. Cooper é chamado para liderar o grupo e aceita a missão sabendo que pode nunca mais ver os filhos. Ao lado de Brand, Jenkins e Doyle, ele seguirá em busca de um novo lar.

Interestelar é um dos filmes mais interessantes da carreira do diretor Christopher Nolan, realizador da trilogia Cavaleiro das Trevas e A Origem. Em seu nono longa metragem, Nolan conta a história de um planeta Terra exaurido de recursos naturais e com muitas dificuldades para manter a população mundial alimentada. Nesse meio, há o ex-piloto Cooper, que cria seus dois filhos numa fazenda e sente-se frustrado com o atual rumo da humanidade com a falta de perspectiva sobre o futuro.

É interessante notar que a obra tem uma temática que coloca razão e sentimentos em discussão e faz disso o mote central da discussão filosófica a respeito da missão dos astronautas e o do dever deles com o futuro da raça humana. A todo momento, o roteiro busca levantar essas discussões entre os personagens a fim de ilustrar para o espectador o quanto está em jogo na missão deles. Há uma consequência para cada ação e isso tem um custo tanto para os astronautas quanto para o povo da Terra. Isso faz com que o tempo seja crucial para a missão deles e demonstra que não há espaços para erros por mais que eles acabem acontecendo futuramente.

Os personagens são bem escritos em suma maioria, porém nem todos eles possuem muito destaque sendo alguns um mero artifício para causar tensão como o filho mais velho de Cooper no terceiro ato. Os destaques da narrativa são Cooper, a Dra. Amelia Brand e a Murphy Cooper, filha mais nova do piloto. Mesmo relutante, Cooper aceita a missão mesmo tendo que deixar seus filhos para trás e sabendo que nunca mais poderá vê-los, no entanto, se ele não for, a chance de que seus filhos morram devido às condições extremas do planeta é grande. Logo, o dilema do personagem reside no conflito entre fazer o lógico e salvar a todos ou ouvir seus sentimentos e retornar para seus filhos. A performance de Matthew McConaughey transmite a dor das escolhas que o personagem faz, assim como reforça a solidez dele diante de situações adversas. Minha única reclamação é de que em alguns momentos, o diretor tenta usá-lo para emocionar o público de um jeito não tão orgânico.


Murphy Cooper é interpretada por duas atrizes em dois períodos de tempo distintos. Na versão jovem é a Mackenzie Foy que dá vida a personagem e ela entrega uma jovem esperta, decidida e que se ressente muito com a decisão do pai de partir. A versão mais velha é vivida por Jessica Chastain e a performance da atriz entrega uma Murphy mais segura de si que tem dúvidas sobre as decisões do pai, não entrega as pontas quando algo fica difícil. Anne Hathaway interpreta Amelia Brand de um modo mais contido que combina com o tom mais sério da personagem, porém ela tem suas motivações bem desenhadas pelo enredo e se torna essencial em momentos chaves para ajudar o espectador entender os conceitos científicos do filme.

Falando neles, é justo dizer que a ciência apresentada nesse filme é bem convincente ao vender para o público conceitos como os da relatividade, física quântica e planetas orbitando buracos negros. Talvez o maior defeito do filme seja ser um pouco piegas quando se trata de tentar explicar algumas decisões importantes com a temática do amor. Isso enfraqueceu a obra, pois tudo fica muito conveniente e perde um pouco do “realismo” construído anteriormente.

Nos aspectos técnicos, é um acerto após o outro. Os efeitos visuais da obra são espetaculares e convencem o público de que a jornada dos astronautas é real. O design realista dos planetas, do buraco negro e das naves ajudam na construção de algo não tão distante da nossa realidade atual. A direção de Nolan sempre capta excelentes ângulos nas cenas do espaço e destaca bens os diferentes ambientes com a ajuda das câmeras IMAX. As cenas nos planetas de Miller e Mann são fabulosas tanto pelos excelentes cenários quanto pela ótima fotografia de Hoyte van Hoytem que capta com perfeição as particulares de cada ambiente apresentado e faz um excelente contraponto ao planeta Terra.

A trilha sonora de Hans Zimmer é um dos grandes trunfos da obra, pois ajuda a dar uma sensação de desconforto em cenas mais tensas, assim como nos passa a sensação de medo do desconhecido nas cenas do espaço como na jornada da Terra para Saturno. Em cenas mais dramáticas, ele aposta em melodias bem profundas para causar uma sensação de tristeza em conjunto da cena apresentada tal como na cena que envolve Cooper assistindo certas gravações de vídeo.

Interestelar é uma ótima ficção científica com uma boa história, ótimo elenco e trilha sonora.

Nota: 9,0

Publicado por: Matheus Eira

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