Os dois primeiros episódios de It: Bem-vindo a Derry chegam com o peso de uma herança monstruosa: continuar o legado de uma das histórias mais icônicas do terror moderno. E, surpreendentemente, a série consegue honrar esse passado, não apenas repetindo os sustos de Pennywise, mas explorando o que realmente faz Derry apodrecer por dentro.


Logo de início, o que chama atenção é o
clima de inquietação constante. A cidade parece viva, pulsando sob uma névoa de segredos, preconceitos e silêncios cúmplices. O terror aqui é menos sobre o palhaço e mais sobre o ambiente, as pessoas, a história, o peso das tragédias não ditas. Quando Pennywise finalmente aparece, o impacto é maior justamente porque o mal já está instaurado muito antes de sua risada ecoar.

A direção acerta ao apostar em um terror mais atmosférico e psicológico e olha que não sou muito fã, mas com enquadramentos que sugerem mais do que mostram, e uma trilha sonora que se mistura aos sons cotidianos da cidade. Os roteiristas também se mostram conscientes do legado de Stephen King: há ecos do trauma, da infância perdida e do medo como força coletiva, mas sem depender demais das referências diretas aos filmes de 2017 e 2019.

O elenco jovem, ainda que irregular em alguns momentos mostra potencial. Destaque para as atuações que equilibram a curiosidade infantil com um medo crescente do desconhecido. É aqui que a série mais brilha: quando fala sobre crescer em um lugar que parece amaldiçoado não por um monstro, mas pela própria comunidade.

Por outro lado, Bem-vindo a Derry ainda sofre de alguns vícios do terror televisivo recente: ritmo oscilante e certo exagero em cenas explicativas que tentam amarrar o universo de It a todo custo. Quando a série confia mais no mistério e menos na exposição, ela se torna realmente assustadora.

OPINIÃO SOBRE OS EPS:

No fim, os dois primeiros episódios deixam claro que há um plano ambicioso em jogo, e, até aqui, ele está funcionando. Se mantiver o equilíbrio entre o terror sobrenatural e o horror humano, It: Bem-vindo a Derry pode não apenas expandir o mito, mas reinventá-lo para uma nova geração.

NOTA: 08/10

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