Final de temporada não sabe trabalhar os arcos dos personagens e cai em um marasmo preocupante, mesmo tendo boas ideias.

Enquanto Flag coloca todos ao seu redor em perigo, os 11th Street Kids precisam convencer um Pacificador aprisionado de que ele é um deles.

Depois do ótimo e traumático episódio sete, temos enfim a conclusão da 2ª Temporada de “Pacificador”, com Chris (John Cena) lidando com as consequências de usar o multiverso e indo preso pela A.R.G.U.S, enquanto eles exploram os diferentes mundos do multiverso a procura de algo, e os amigos do Pacificador tentam salvar ele.

Chris e Harcourt (Jennifer Holland) abrem o episódio com uma cena de flashback bem bacana que desenvolve mais ainda a peculiar relação que tem. Eles são um casal que muitos adoram e torcem, e muitos detestam e torcem pelo fim. Os dois personagens foram muito bem construídos na temporada passada, e esse romance que Chris anseia é um dos focos da temporada, e de fato agora parece algo palpável e que vale torcer para acontecer. Uma pena que tudo isso role apenas no último episódio.

Já os outros personagens não têm muito o que acrescentar, infelizmente. Existem dois momentos bem tocantes e genuínos de Adebayo (Danielle Brooks), uma das melhores personagens da série que finalmente teve um bom destaque e arco nesta temporada. Mas fora disso, esses personagens tão fantásticos da primeira temporada termina parecendo unidimensionais.

O episódio tem roteiros e direção de James Gunn (Superman, Guardiões da Galáxia), e embora seja notável o salto de qualidade na direção comparado a outros episódios, segue mostrando alguns maneirismos do cineasta. Tirando a sequência das portas dimensionais, que tem bons efeitos e uma criatividade natural de Gunn, não tem nada no episódio que justifique ele ser o final de temporada, já que o ritmo é extremamente apressado e ele ainda faz diversas montagens musicais que comem mais ainda o tempo que poderia ser usado para trabalhar melhor alguns plots.

E falando em trabalhar melhor plots, os personagens do núcleo da A.R.G.U.S. foram até o final da temporada a coisa mais desinteressante e sem qualquer profundidade. Fleury (Tim Meadows) só tinha o propósito de fazer piadas sem graça e desnecessárias, enquanto a pobre Sasha Bordeaux (Sol Rodríguez) foi reduzida na sua versão live-action a uma agente genérica do governo sem qualquer traço de personalidade, que no fim do absoluto nada enxerga os abusos dos superiores e decide se voltar a eles, e ir para a equipe do Pacificador. Um desperdício de uma personagem muito interessante dos quadrinhos.

De longe uma das piores coisas da temporada foi o personagem Rick Flagg Sr. (Frank Grillo), e esse episódio cimentou isso. Seu personagem era motivado a vingar a morte do filho (Rick Flagg Jr.), que foi morto pelo Pacificador em “O Esquadrão Suicida”, mas de última hora no episódio teve uma mudança de mente e decidiu que odeia os meta humanos, e elaborou todo um plano junto de Lex Luthor (Nicholas Hoult) e seus capangas para punir todos. Agora ele é um grande player no DCU, mas suas motivações por enquanto é rasa e faz dele um personagem ainda mais vazio.

Chris em si tem todo um arco de aceitação somado ao seu arco com Harcourt, e de fato vemos um avanço necessário para o personagem do Pacificador. Mas seria muito mais interessante se esse arco tivesse sido melhor trabalhado ao longo da temporada inteira, quero dizer, ele até foi trabalhado, mas no meio de tantos plots desinteressantes (cof cof, caçador de aves contra a águia primordial cof cof), ficou corrido e perdendo o potencial gigante que tinha.

Enfim temos a criação do Xeque-Mate, um grupo bem interessante da DC Comics que gerou grandes histórias de espionagem, e que a muito tempo estava sendo planejado para chegar ao DCU. E o resultado não poderia ter sido mais frustrante. Desde os membros até a forma como isso foi revelado, fica evidente que Gunn não sabia muito como conduzir essa trama e só jogou vários personagens aleatórios para formar o Xeque-Mate. Claro que existe um motivo para a equipe do Pacificador formar esse grupo, e até dos agentes aleatórios da A.R.G.U.S. entrarem nele, mas 

Mas nem tudo são flores. Apesar disso tudo, no final temos o Pacificador sendo capturado por Flag e a A.R.G.U.S. e mandado direto para um universo alternativo chamado “Planeta dos Condenados”, onde meta humanos e criminosos perigosos estão sendo jogados. É um conceito interessante que deve ter repercussões em diferentes projetos futuros, mas que traz uma sensação estranha já que tudo é feito de maneira rápida e artificial. E apesar do final em aberto, não existe previsão de uma nova temporada da série do personagem, o que deixaria este final ainda mais frustrante.

Apesar de uma temporada de altos e baixos, mas que manteve uma qualidade acima da média, o episódio final da 2ª Temporada de “Pacificador” não entrega uma conclusão digna para a construção destes personagens até agora. Embora o desfecho de tudo em si tenha sido interessante e com potencial para o futuro, todo o desenvolvimento repentino e truncado cria uma sensação de vazio ao terminar o episódio, sendo esse o pior sentimento possível para se ter nesse tipo de produção. Não sei exatamente o que Gunn estava pensando ou planeja atingir no futuro desses personagens e do DCU, mas seria melhor ele começar a se preocupar em não transformar tudo isso em um MCU 2.0, por que os sinais já começaram a aparecer.

Nota: 5.5

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