Pacificador retorna em grande estilo, com piadas, um “novo universo”, retcons e se perguntando “Quem sou eu sem os meus traumas?”.

Enquanto Pacificador tenta fazer parte da Gangue da Justiça, Harcourt procura trabalho e Economos encara uma nova tarefa desafiadora.

O Pacificador está de volta! Depois de 3 ANOS E MEIO desde a 1ª Temporada, que demorou tanto por conta de um reboot do universo DC, o anti-herói amado interpretado por John Cena (Bumblebee, Velozes e Furiosos 9) retorna para enfrentar fantasmas do passado, e o que poderia ser a realidade dos seus sonhos.

Todo mundo estava empolgado para ver a nova abertura da série, visto que isso foi um dos assuntos mais comentados do primeiro ano. Com uma nova música, coreografia e mais personagens, a abertura não consegue superar a primeira ou trazer o mesmo impacto, mas consegue ser bem charmosa e atraente (e ainda continua impossível de pular). O retcon da primeira temporada, trocando a participação da Liga da Justiça pela Gangue da Justiça era algo esperado, mas que no fim não importa nada para a história (embora seja algo que por algum motivo, as pessoas se importam muito).

A nova jornada de Christopher Smith, vulgo Pacificador, já começa destrambelhenta. Ele falha miseravelmente em se tornar um membro da Gangue da Justiça, grupo de heróis apresentados no filme “Superman” liderados pelo milionário Max Lord (Sean Gunn). Mais uma vez é rejeitado não só como um herói, mas amorosamente por Emília Harcourt (Jennifer Holland), provando que mesmo salvando o mundo na primeira temporada, ainda não consegue ser reconhecido pelas pessoas.

Além de Chris, Harcourt é a personagem que tem mais destaque no episódio, sendo reapresentada, lidando com sua personalidade explosiva (que vemos mais uma briga de bar, mas desta vez onde as coisas não dão certo) e o fato de que agora não é mais uma agente do governo, após ser uma das que expôs os planos de Waller (Viola Davis). Isso já é uma preparação bem interessante para um arco maior, já que apesar de ser uma personagem bem legal no primeiro ano, acabou não tendo muito desenvolvimento em si.

Um núcleo brevemente introduzido é o da A.R.G.U.S., uma divisão de inteligência do governo que lida com meta humanos e problemas sobrenaturais, com a introdução da agente Sasha Bordeaux (Sol Rodríguez) e a reapresentação de Rick Flag Sr. (Frank Grillo), que apareceu em “Comando das Criaturas” e “Superman”, agora buscando vingança contra o Pacificador por matar o seu filho (Rick Flag). Eles claramente serão antagonistas do Pacificador, embora não sejam vilões ou nada do tipo. Por ser um episódio com a função de preparar o terreno, eles acabaram não tendo muito destaque ou função maior na trama.

O atual co-presidente da DC Studios, James Gunn (Superman, Guardiões da Galáxia), retorna como produtor e roteirista de todos os episódios, mas dirigindo apenas três dos oito episódios. É claro que ele não ia abandonar uma de suas crianças, já que a série do Pacificador foi algo bem especial para ele. O roteiro continua seguindo a toada das obras de Gunn, com muitos altos, e alguns baixos, sabendo explorar muito bem os dramas dos personagens e suas jornadas, com piadas inesperadas e fortes (embora nem todas sejam engraçadas ou funcionem). Já a direção é bem sólida, com um bom ritmo e cenas de ação maneiras.

Existem centenas de referências aos quadrinhos e coisas futuras que podem aparecer no DCU. A participação breve da vilã do Batman, Coelha Branca, citações de personagens como o Ultra-Humanóide e a Criatura Arco-Íris, os eventos de “Superman” com a rachadura em Metrópolis causada pelo universo de bolso desenvolvido por Lex Luthor (Nicolas Hoult), a cidade de Bludhaven entre outros. Todas as referências são maneiras e ajudam a construção e continuidade deste universo, mas elas (diferente de outras franquias) são apenas um complemento da história, e não estão lá apenas para enganar o espectador e mascarar a falta de história ou de desenvolvimento dos personagens.

Este é um universo fantástico, como já vimos nos outros projetos. A série não tem medo de escancarar isso, seja com essas inúmeras referências a coisas bizarras do lore da DC, aliens vizinhos interdimensionais (que apenas existem e a série trata isso como algo normal), até como o uso do conceito do tão afamado multiverso.

Chegamos à trama do multiverso, onde Chris descobre um universo onde não só ele é um grande herói amado por todos, tem um relacionamento com Harcourt e seu pai (Robert Patrick) o ama, mas o seu irmão mais velho (David Denman) está vivo, e age como um herói ao lado dele e do seu pai. Isso não só traz cenas emocionantes, que Cena se mostra mais uma vez como um bom ator, mas traz o questionamento de o que você faria se encontrasse a vida perfeita que sempre sonhou. Abandonaria a sua vida atual?? Mas você ainda seria você mesmo sem os seus traumas??

O Pacificador (e aí é mérito do roteiro inteligente de Gunn) diz na entrevista para a gangue da Justiça todo o seu passado e seus traumas, que fazem ele ser quem realmente é. E agora neste outro universo, todos esses traumas não existem. Mas apesar disto, ele não tem os relacionamentos e amigos que tem no seu mundo, deixando o que vai ser uma dinâmica muito fascinante para essa temporada, que promete ser bem emocional (e finalmente usando o conceito de multiverso de uma maneira interessante, sem se render apenas à nostalgia ou referências baratas).

O episódio termina com o confronto dos dois Pacificadores, com o nosso Pacificador matando este Pacificador alternativo, o que já dá o ponta pé para toda a trama desta temporada, já que ele provavelmente deve começar a ir para este outro universo com mais regularidade, causando ainda mais problemas.

A espera valeu à pena. Gunn continua mostrando o imenso amor e conhecimento destes personagens, reintroduzindo eles no novo DCU e continuando seus arcos. A expansão da história do Pacificador envolvendo o multiverso começa de uma maneira intrigante, e promete não só uma história emocionante, mas que agrega coisas a este novo universo.

Nota: 7.5

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