Novo Universo DC começa acertando em cheio com uma excelente caracterização do Homem de Aço e uma aventura empolgante repleta de surpresas para os fãs.
Desde que James Gunn assumiu o cargo de co-CEO da DC Studios ao lado de Peter Safran em 2022, surgiu uma certa intriga para entender como seria a abordagem do diretor de “O Esquadrão Suicida” e da trilogia “Guardiões da Galáxia” para o super-herói mais icônico de toda ficção, principalmente após uma década conturbada onde a Warner Bros não soube manusear os personagens da Liga da Justiça.
Naturalmente, Gunn parecia ser a escolha certa para assumir tal função devido a boa recepção de seus últimos projetos e de seu vasto conhecimento em quadrinhos, porém houveram aqueles com receio de que seu tom mais cômico comprometesse a estrutura de Superman por causa de algumas de suas manias como diretor. Felizmente, dessa vez o cineasta não só entrega algo esteticamente diferente de seus trabalhos anteriores como também deu início ao seu novo Universo DC com uma das melhores adaptações cinematográficas do Homem de Aço vista em anos.
No início dessa nova versão do Universo DC onde meta-humanos já existem a séculos, acompanhamos um Superman (vivido por David Corenswet) que está a pelo menos três anos atuando secretamente como o repórter Clark Kent do Planeta Diário e como o grande herói de Metropoles. Porém quando o empresário Lex Luthor (interpretado por Nicholas Hoult) elabora um plano para arruinar sua reputação aos olhos do público, o último filho do planeta Krypton precisa redescobrir o seu propósito como o símbolo de esperança para a humanidade.
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Rachel Brosnahan como Lois Lane e David Corenswet como Superman |
Acima de tudo, os principais acertos do filmes estão relacionados as caracterizações de seus personagens. David Corenswet mostrou ser uma excelente escolha para o papel principal, retratando um Superman emotivo que é movido pela sua vontade de fazer o bem pelas pessoas sem ter medo de demonstrar o seu lado humano. Sua atuação como Clark Kent também se destaca quando interage com o seu interesse amoroso através da carismática Rachel Brosnahan, que interpreta a repórter Lois Lane de maneira mais moderna, retratando perfeitamente a determinação que a personagem tem pela sua profissão nos quadrinhos.
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Nicholas Hoult como Lex Luthor em “Superman” (2025) |
Outro grande destaque no elenco é o ator Nicholas Hoult interpretando a versão definitiva do vilão Lex Luthor que os fãs sempre quiseram ver nos cinemas. Desde seu preconceito com meta-humanos até sua evidente inveja do Superman combinado com o poder de usar sua influência e recursos para elaborar os seus planos, o Luthor de Hoult, além de ser possivelmente o melhor antagonista que Gunn já pôs em um filme, também é a caracterização que mais se aproxima da sua versão Pós-Crise que até então só havia sido retratada fielmente em animações.
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Gangue da Justiça, composta por Lanterna Verde, Mulher Gavião e Senhor Incrível em “Superman” (2025) |
Uma das propostas que James Gunn tinha com a sua visão para o DCU era o de estabelecer que esse era um mundo rico em personagens. Apesar das preocupações que alguns tinham com o excesso de heróis como Metamorfo (Antony Carringan), Mulher-Gavião (Isabella Merced) dentre outros, o filme soube muito bem utilizar o seu elenco de apoio para mostrar o quão amplo o seu universo é ao em vez de simplesmente criar engajamento para alguma produção futura. Entre os integrantes da chamada “Gangue da Justiça”, o Guy Gardner de Nathan Fillion consegue trazer os mitos dos Lanternas Verdes de volta aos cinemas com uma boa dosagem de humor, porém maior destaque vai para Edi Gathegi como o Senhor Incrível.
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Krypto, o Super-Cão |
Vale também apontar que além das boas caracterizações e das cenas de ação empolgantes, o filme também possui várias surpresas inesperadas para os fãs. Entretanto, a história apesar de está longe de ser uma bagunça, faz com que o seu protagonista passe por um número excessivo de situações para resolver durante a sua jornada. Embora muitos irão admirar a ousadia em adicionar Krypto, o Super-Cão, alguns outros elementos que homenageiam a era de prata dos quadrinhos podem não ser apreciados por todos, mesmo isso não afetando a experiência.
Por sua vez, a trilha sonora de Johny Murphy (O Esquadrão Suicida) e David Fleming (The Last of Us) se destaca pelas homenagens emocionante ao tema clássico de John Williams enquanto cria novas composições que casam bem com os cenários apresentados para os personagens. Diferente de seus outros trabalhos, Gunn não faz um uso excessivo de músicas pop e por causa disso, o filme acaba tendo a sua própria identidade por apostar mais nas suas faixas.
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David Corenswet como Superman |
Trazer o Superman de volta para os cinemas, ainda por cima como o grande recomeço de um universo compartilhado definitivamente não parecia ser uma tarefa fácil. Mas com um excelente elenco em uma trama com bastante ação e senso de humanidade, James Gunn conseguiu entregar um dos melhores filmes do personagem feito em anos no início mais promissor que o DCU poderia ter.
Nota: 9,5/10
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