Drama japonês apresenta uma história de amor jovem meiga e diferenciada que também  traz charme com sua simplicidade.


*Aviso: o texto pode conter spoilers


Nota: Essa crítica só foi possível graças a Michiko Filmes por terem convidado a equipe do Fórum Nerd para a cabine de imprensa virtual do filme “Sol de Inverno”. 

Apresentado no Festival de Cannes de 2024, o drama japonês "Sol de Inverno" (ou "My Sunshine" como título internacional) do diretor e roteirista Hiroshi Okuyama conta a curiosa história de Takuya (Keitatsu Koshiyama), um jovem jogador do hóquei com problemas de dicção que passar a mostrar mais interesse por patinação artística para se aproximar de Sakura (Kiara Nakanishi), uma patinadora talentosa em ascensão por quem ele se interessa. Com a ajuda e o treinamento do ex-campeão olímpico Arakawa (Sôsuke Ikematsu), os dois formam um vinculo harmonioso durante a temporada de inverno. 

Mesmo com uma duração relativamente curta de 1 hora de 30 minutos, o filme possui um ritmo mais lento, mas não ao ponto de ser considerado "arrastado", já que ele traz uma trama bem simples porém executada de forma ambígua. Geralmente, os personagens irão expressar seus objetivos através de ações ao em vez de diálogos, mas ainda fazendo isso de uma forma que fique evidente para o público as emoção que estão sendo sentidas  e gerando simpatia pelos protagonistas e os desafios interpessoais. 

Grande parte do desenvolvimento da trama se deve à relação de simpatia entre mestre e aprendiz que é construída entre Arakawa e Takuya e eventualmente acaba culminando na sua aproximação com Sakura. Os três protagonistas são bem intencionados e suas interações proporcionam diversos momentos meigos através das sequencias que mostram o treinamento de patinação sendo feitas de formas tão naturais e charmosas com sua coreografia. A história não parece ter intenções de glorificar o gênero de esporte com sua premissa mesmo havendo a existência de uma competição em sua narrativa, mas por causa disso o filme acaba se diferenciando de outras produções hollywoodianas ao apostar em um cenário mais contido e descompromissado. 


O filme alterna entre os pontos de vista de Arakawa, Takuya e Sakura em seus cotidianos mundanos e como eles de certa forma encontram conforto juntos compartilhando de boas experiências e fazendo aquilo que realmente os deixam felizes por meio da patinação artística. Mas embora todos esses sejam personagens simpáticos e inofensivos, também são indivíduos que permanecem com motivações e resoluções misteriosas até o final da história, fazendo até pensar que havia mais para se saber sobre eles.

Por boa parte do filme, não existe um conflito até o seu ato final. O que acontece é que no encerramento, é levado à tona um detalhe comprometedor sobre Arakawa e seu colega de quarto. Com o decorrer da trama, fica nítido que essa relação é bem mais intima do que aparenta ser, mesmo ela nunca sendo mostrada de maneira explicita. Ainda assim, embora possa parecer repentino, isso acaba sendo o suficiente para que haja um desentendimento que deixam as decisões dos personagens principais em um estado onde elas podem ser interpretadas de múltiplas formas. 


Na parte técnica, o filme tem uma fotografia visualmente saturada, mas que contribui com sua temática mais delicada e atmosfera amigável. As cenas de patinação ao som de Clair De Lune também destacam algumas das melhores decisões artísticas do filme que passam o sentimento de admiração. 

Apesar de sua simplicidade, "Sol de Inverno" é um filme de romance jovem muito interessante e diferenciado onde sua história toma decisões intrigantes que podem ser interpretadas de diversas formas pelo público. Ainda assim, a experiência em si traz uma sensação de conforto e bem estar por meio das relações que são construída entre seus personagens principais sem a necessidade de se comprometer com uma trama mais serializada. 


Nota: 7,5/10

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