Série animada do DCU conclui seu primeiro ano dando ênfase aos seus eventos trágicos e aprofundando uma de suas personagens mais dóceis.
Desde o inicio de "Comando das
Criaturas", Nina Mazursky (Zoë Chao) sempre foi uma personagem que deixou a desejar com a sua
contribuição ao grupo apesar de ser retratada como a mais
racional dentre os seus colegas e descrita como o coração da série segundo o próprio roteirista James Gunn. No final desta temporada, enquanto se lembra de seu passado, Nina recebe a chance de mostrar o seu valor quando a Força-Tarefa M esta prestes à concluir sua missão de assassinar a Princesa Illana (Maria Bakalova).
Certa vez, James Gunn comentou que o roteiro da série animada era possivelmente uma das histórias mais tristes que ele já escreveu, o que diz muito já que uma das características mais marcantes de suas produções relacionadas à adaptações de quadrinhos são justamente o apego emocional que público sente pelos seus personagens. Embora já houvessem episódios que trouxessem o sentimento de pena até para indivíduos como o Doninha (Sean Gunn) no caso do quarto capítulo, o passado de Nina e outros acontecimentos são o que realmente fazem a palavra "tragédia" vir à tona.
Usando como base alguns detalhes que haviam sido estabelecidos sobre a personagem em outras encarnações dos quadrinhos, a origem de Nina mostra que ela nasceu com os pulmões no exterior de seu corpo e que seu pai, que a amou incondicionalmente e fez o melhor que pôde para lhe dar boas condições de vida mesmo depois de ser abandonado pela esposa, foi o responsável por transforma-la em uma criatura aquática para que ela pudesse sobreviver sem o uso de aparelhos respiratórios. Além de uma infância deprimente, a jovem Mazursky também sofreu bullying de seus colegas de escola por causa de sua aparência e condição, o que realça ainda mais a temática recorrente da série de que às vezes, as pessoas agem mais como monstros do que os próprios.
Embora cruel, isso também serve para reafirmar ainda mais que o DCU de James Gunn é um mundo fantasioso porém pessimista que já está acostumando com a existência de meta-humanos e outros seres anormais mesmo que eles não sejam totalmente aceitos na sociedade. As pessoas desse universo nem sempre irão se surpreender com a aparência física de personagens como Nina, mas apesar de sua natureza gentil, ela ainda pode ser prejulgada como um monstro por motivos superficiais e sofrer injustamente por causa disso.
Apesar do bom aprofundamento na personagem de Nina, o real problema com o episódio (e com a série em geral) foi que embora o roteiro soubesse desenvolver os membros do Comando das Criaturas com bastante competência, a trama principal sempre pareceu ter ficado em segundo plano. Alguns problemas da narrativa que ainda ficam em aberto são: o desfecho repentino da Erik Frankenstein (David Harbour), os meios com os quais a Princesa Illana pretendia atingir os seus objetivos e forma na qual o vilão Cara de Barro foi envolvido nesse história.
No mais, mesmo que hajam algumas insatisfações com a conclusão da narrativa principal, a série também consegue enriquecer a história de seu mundo através de pequenos detalhes que podem passar despercebidos, mas que ainda assim podem gerar muitas especulações intrigantes sobre o futuro do DCU. E como "Comando das Criaturas" já foi renovado para uma segunda temporada, será muito interessante ver a forma na qual os eventos desse primeiro ano irão afetar a Noiva (Indira Varma) e o que podemos esperar do restante da equipe baseado no que foi mostrado na cena final.
Em resumo, o primeiro ano de "Comando das Criaturas" teve um final sólido, mas cujo o roteiro se sustentou muito mais por ter entrado em detalhes sobre a trajetória de Nina Mazursky do que pela resolução de sua trama principal em si. Ademais, também foi fascinante ver a forma como James Gunn realmente entregou uma história com um final trágico que causa reflexão, enquanto ao mesmo tempo ele constrói este mundo e adiciona uma série de novos elementos que tornam as chegadas da segunda temporada e das próximas produções do DCU ainda mais animadoras.
Nota: 8,5/10
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