Após o lançamento de 'Turma da Mônica: Laços', em 2019, a Maurício de Souza Produções vem investindo bem forte em uma maior solidificação de suas marcas, e após focar seus primeiro esforços em histórias protagonizadas pelas conhecidas crianças do Bairro do Limoeiro, recentemente, estamos vendo uma expansão para vários cantos desse amado universo.
Chico Bento e a Goiabeira Maraviosa vem como parte essa expansão, pelo menos no que se engloba o live action, após o pequeno aceno feito ao personagem no final de Lições (2022). Dirigido por Fernando Fraiha, vemos Chico (Isaac Amendoim) e sua turma tentando impedir que a Goiabeira presente no terreno de Nhô Lau (Luis Lobianco) seja destruída por uma estrada planejada pelo fazendeiro Doutor Agripino (Augusto Madeira).
Em seu coração, 'Goiabeira Maraviosa' atravessa uma aventura ambientalista, que não esconde a inocência de seus personagens, ao mesmo tempo que usa isso para, de certa forma, maximizar o próprio contato deles com a natureza, representado pela relação de Chico com a árvore presente no título, que literalmente faz parte de sua história. A goiaba é conhecidamente um elemento constante das histórias do personagem, e seu confronto com Nhô Lau já é de conhecimento geral, mas a história do filme cria uma ambientação e um "background" que incrementa a forma que percebemos tal conexão, através do causo de nascimento do pequeno caipira.
Em um um segundo plano, vemos também uma história sobre comunicação, lidando exatamente da inocência e da imaturidade dos nossos protagonistas, afinal, eles são apenas crianças. mas como isso cria desavenças desnecessárias, e faz com que eles próprios esqueçam o "pequeno" propósito que deve unir eles todos. Isso também é representando no arco de Chico durante a obra, que foca em sua teimosia em lidar com seus colegas, piorando situações, que mesmo assim nunca foram simples de verdade. Junto disso, a temática sobre comunicação aborda em como os adultos ainda não tratam as crianças da forma que merecem, subestimando a autonomia e pensamento de seus próprios filhos.
Um das grandes valências que as produções relacionadas ao universo de Turma da Mônica cultivaram foi o humor, que, de forma nada surpreendente, encontra-se ainda mais carregado e efetivo como nunca, por exemplo nas interações do protagonista com os animais de sua casa logo no começo do filme. Dentro desse meio, o destaque principal vai para o Zé Lélé, interpretado por Pedro Dantas, que é o personagem central de muitas das cenas hilariantes do filme, ressaltadas pela representação que o ator traz da displicência do caipira nas situações representadas.
Além de Zé, gostaria de destacar, também, Genesinho interpretado por Enzo Henrique, é o perfeito antagonista mirim, principalmente no quesito de contrastar com o Chico. Personagens como o Genesinho não são novidade nas histórias das diversas turminhas, a Carminha Frufru sendo o maior exemplo disso, mas presente no ambiente caipira da Vila Abobrinha, as diferenças entre o mais . Fora isso, o momento "humorístico" recorrente dele durante o filme é um dos meus favoritos, e ainda consegue ser usado com um propósito narrativo ao final de tudo.
Para a direção de Fernando Fraiha, a "palavra-chave" seria versatilidade. 'A Goiabeira Maraviósa" deve ser o filme que mais trabalha com conceitos lúdicos (Se não contarmos o terrível Reflexos do Medo), exemplificados nas representações vividas dos sentimentos do protagonista, algo quase como teatral, e passando até por estilos diferentes, espelhando produções como "Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo".
Em geral, "Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa", é um filme extremamente divertido e engraçado. Uma aventura de muito coração, que pela sua mensagem, acaba por conseguir facilmente tocar o espectador, ao mesmo tempo que faz pensar em nossa conexão afetiva com a natureza.
Nota: 9,0
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