Nicole Kidman é destaque em thriller erótico competente sobre a busca pela dominação e ser dominado.

Gostaríamos de agradecer a Diamond Films por convidarem a gente para assistir o filme na cabine de imprensa. O filme chega aos cinemas brasileiros amanhã (09/01).

Uma executiva poderosa coloca a carreira e família em risco quando começa um caso tórrido com seu estagiário muito mais jovem.

Temos aquela trama clássica de novela de uma CEO poderosa que está entediada com o seu casamento, e conhece um belo e jovem estagiário que começa a desafiar ela intelectualmente ao perceber suas fraquezas, começando a dominar ela e se envolver romanticamente e ameaçar a sua prolífica carreira.

Thrillers eróticos eram uma grande sensação nos anos 90 e começo dos anos 2000. Eles nunca deixaram de existir, mas cairão no escalão de “filmes C” que não possuem grandes nomes atrelados e saem direto pra aluguel digital e são quase que enterrados nos streamings de tanta vergonha (o que é justificável pois nenhum presta). Mas apesar de particularmente não me interessar tanto, não nego que alguns filmes conseguem ser charmosos e dar uma trama chamativa e engajadora.

Fantasia de poder são muito comuns nessas narrativas, mas aqui temos uma mulher, no auge da sua carreira profissional, com família construída, bem relacionada com o seu marido que é atraente e mesmo assim sente uma grande frustração sexual, já que seus desejos de ser “oprimida e controlada” não são correspondidos, afinal, ninguém tem coragem de fazer isso com ela. E isto é o aspecto mais bem resolvido do filme, por não cair simplesmente num soft porn com temas dúbios que serve apenas para construir uma fantasia sexual de poder masculina chinfrim.

Não é segredo para ninguém que tem acompanhado o meio que o grande destaque deste filme em premiações tem sido a atuação de Nicole Kidman (Aquaman, Big Little Lies). Ela é uma atriz oscarizada e com uma carreira amplamente reconhecida, e aos seus 57 anos, continua dando um show de presença e talento. Ela consegue passar a sensação de “boss girl” de sua personagem junto de um sentimento de tédio, apatia por pessoas fora de seu círculo, superioridade e fragilidade que ninguém consegue enxergar, sendo sim uma das grandes performances femininas de 2024.

Além de Kidman, um ator que eu gosto e tem chamado a atenção (merecidamente) nos últimos anos é Harris Dickinson (Triangulo da Tristeza, King's Man: A Origem), que tem uma pinta de galã teen mas uma aura estranha de pessoa desajustada socialmente. E isso é uma descrição perfeita de seu personagem, que é um rapaz aparentemente tímido, mas que tem uma fome por poder e sabe manipular e controlar as pessoas.

Já o resto do elenco tem boas atuações destacáveis de Antonio Banderas (A Máscara do Zorro, A Pele que Habito), Sophie Wilde (Fale Comigo, Vocês Não Me Conhecem) e Esther McGregor (Obi-Wan Kenobi, Ensino Médio). Eles não têm muito o que fazer e vivem personagens bem monotemáticos, mas entregam interpretações sólidas.

A diretora e atriz Halina Reijn (Morte, Morte, Morte, Red Light), que também assina os roteiros, chamou atenção com “Morte, Morte, Morte”, seu filme de terror de 2022 da A24 (que eu inclusive escrevi uma crítica para o site) que tem conceitos interessantes mas que não entrega nada além de um filme sólido. Com “Babygirl” dá pra sentir uma evolução nas duas áreas de atuação, com uma direção mais refinada e prazerosa (desculpe o trocadilho) e um roteiro ágil. Não é nada excepcional, mas estou curioso para saber quais serão os seus próximos passos na indústria. 

No fim, isto se trata de um grande novelão das nove da Globo (só que melhor executado), com personagens manipuladores, famílias ricas, tensão misturada com romance, traição e muita chantagem. As cenas de sexo são bem dirigidas e focam muito nas diferentes sensações de prazer que nem sempre estão ligadas ao sexo carnal. 

Os 15 minutos finais tem escolhas… interessantes. Não deixo de pensar que a ideia fosse fazer algo semelhante ao incrível “De Olhos Bem Fechados”, filme do cineasta Stanley Kubrick (O Iluminado, 2001: Uma Odisséia no Espaço) de 1999 que também tem Kidman no elenco. É nítido que a diretora tentou terminar com um final impactante e excitante, mas foi só um arrastado final que desperdiçou um plot interessante envolvendo o marido vivido por Banderas.

“Babygirl” óbviamente não é um fiolme para todos, mas é um excitante (não da forma que você está pensando) thriller erótico que realmente te deixa entretido com a história. O ritmo meio repetitivo que alonga a duração do filme causa uma monotonia em alguns momentos, estendendo mais esta história que não é tão complexa assim. Mas as performances e direção sólida fazem dessa uma experiência bacana para quem gosta deste tipo de filme.

Nota: 7

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