O Forúm Nerd foi convidado a conferir o filme "Todas as Estradas de Terra Tem Gosto de Sal” em cabine de imprensa à convite da Pandora Filmes.

Escrito e dirigido por Raven Jackson, “Todas as Estradas de Terra Têm Gosto de Sal” tem uma premissa simples. Acompanhamos décadas da vida de Mackenzie ou Mack, uma mulher que cresceu na região do Mississipi e através de uma direção contemplativa vamos acompanhando de forma fragmentada as memórias de Mack.

É comum vermos no trabalho de diretores estreantes algo pouco refinado, ou mesmo que ao tentar atingir uma marcante autoria acaba se perdendo e comprometendo esse trabalho. Sobre a direção de Jackson, devo dizer que não há necessariamente erros grotescos, na verdade Raven já possui em seu currículo outros trabalhos que foram elogiados no passado. Este longa é feito de forma contemplativa, onde a câmera reveza muito entre uma estagnação para termos uma ideia da passagem do tempo e do espaço em que os personagens se encontram, e também muita câmera na mão com planos detalhes para sermos inseridos naquela experiência. 


Raven busca ao mesmo tempo uma intimista direção ao acompanharmos Mack, mas um distanciamento quanto aos demais personagens, em poucos momentos vemos os rostos daqueles ao redor de Mack, quase sempre acompanhando seus troncos, como se a protagonista estivesse tentando acompanhá-los quando de costas ou não conseguisse os encarar quando de frente.


Todo andamento do longa se segue com planos sobre os ombros, trazendo a perspectiva em terceira pessoa e muitos (muitos) takes das mãos dos personagens. É possível compreender a direção de Raven como um trabalho eficiente nesse sentido, pois é transmitido corretamente a mensagem através da direção. As mãos dos personagens são os pontos através dos quais cada um deles traçam suas conexões, tateiam e descobrem o mundo e a geração passada conecta-se com a geração presente e futura. Mack se conecta com sua mãe, seu pai, seus amores, amigos e descendentes. Dito tudo isso, este é um filme longo, com incessantes momentos de silêncio e apenas contemplação, e embora eu entenda que Raven parece ter escrito o filme para alguém com o sentido de alguma homenagem específica, ou você se relaciona intimamente com a história ou ela irá parecer completamente aquém, desinteressante e interminável. Embora eu consiga observar os bons fatores técnicos em volta da direção é um filme que eu jamais repetiria, pois praticamente nada acontece - ou melhor dizendo, nada com que eu pudesse me relacionar de fato aconteceu.



Nota: 4.8/10


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